Meus amigos. Sem sabedoria não há caminho, mas sem amor não há luz.
Em verdade, não podemos dispensar, em nossas cogitações doutrinárias, as lides da cultura acadêmica, que nos facilitem a jornada para diante.
O livro, o jornal, a tribuna, o gabinete, o laboratório e a pesquisa são forças imprescindíveis à formação do homem espiritualizado da Nova Era. Entretanto, observando os problemas complexos da atualidade, quando a Ciência erige catafalcos à própria grandeza, intoxicando os valores intelectuais de todas as procedências, é imperioso atender, acima de tudo, à sementeira do coração.
No amor situou Jesus a metrópole viva do Evangelho.
Não podemos, por isso, olvidar as nossas obrigações de operários da regeneração humana, que precisa começar de nós mesmos, sob a direção da bondade infatigável, única força que realmente nos melhorará, uns à frente dos outros.
Para nós, que esposamos no Espiritismo Cristão a nossa cátedra e a nossa oficina, o santuário de nossos princípios e o lar de nossos ideais, o serviço de assistência ao espírito popular constitui sagrado labor. Espiritismo que auxilie as mães e as crianças, os jovens e os velhos, os que lutam e sofrem, os que anseiam pela melhoria própria e os que esperam o consolo da fé vigorosa e transformadora que a Doutrina encerra em seus postulados de solidariedade e justiça, amor e compreensão.
Entendemos a importância das teorias e das predicações preciosas e sabemos que, sem o grupo selecionado de instrutores, a lição se veria desfigurada em sua pureza; contudo, em toda parte, nesta sombria e pesada hora que vamos atravessando na Terra, aflitivas necessidades envenenam a vida. Em todos os lugares, a ignorância tripudia sobre a dor, a indiferença lança doloroso sarcasmo à fé e o mal, aparentemente triunfante, humilha o bem que se oculta.
No turbilhão de conflitos que asfixiam as melhores aspirações do povo, é necessário sejamos o apoio fraterno e providencial de quantos se colocam em busca de um roteiro para as Esferas mais altas.
Somos naturalmente os braços multiplicados do Amigo Divino da Humanidade e, nessas condições, é imprescindível nos movimentemos na execução dos nossos programas de fraternidade legítima.
Esperam por Jesus e, consequentemente, por nós outros, que detemos a presunção de representá-lo,
a criança sem agasalho moral,
o doente sem coragem,
os pais aflitos,
os servidores anônimos do progresso,
os jovens carentes de auxílio,
os aprendizes vacilantes da fé,
os transviados da experiência humana,
os infelizes irmãos nossos que o cipoal do crime entonteceu e arrojou a escuros despenhadeiros,
os sedentos de luz divina,
as mães humildes que ajudam o crescimento da prosperidade geral,
os corações esquecidos nas zonas sombrias da inquietação e da renúncia pelo bem de todos,
e as almas nobres e generosas que se apagam nos trilhos evolutivos, na defesa e na preservação do lar e na consagração à glória da felicidade comum…
Jornadeiam, muitas vezes, sem alegria e sem nome, na posição de romeiros da boa vontade…
Passam, obscuros e dilacerados, buscando, porém, a Pátria Maior, para cuja grandeza volvem, ansiosos, o olhar e o pensamento.
É nesses companheiros da luta e do serviço que precisamos centralizar os nossos maiores e melhores impulsos de ajudar, esclarecer e cooperar.
É nesse labor de solidariedade efetiva que devemos concentrar as nossas atenções e interesses, a fim de que o Espiritismo se transforme, por nossa conduta e por nossas mãos, na força irresistível de restauração e socorro à coletividade.
Haverá, sim, agora e sempre, a equipe dos investigadores que nos garanta o tesouro da inteligência. Sitiados em gloriosos cenáculos da discussão e do estudo, seguirão entre pesquisas e hipóteses, assegurando os méritos intelectuais da escola e da teoria; contudo, é forçoso reconhecer que nós outros, os seareiros do Evangelho, necessitamos avançar despertos para as obras da verdadeira confraternização.
O Espiritismo, não duvideis, é a luz de uma nova renascença para o mundo inteiro. Para que a sublime renovação se concretize, porém, é necessário nos convertamos em raios vivos de sua santificante claridade, ajustando a nossa individualidade aos imperativos do Infinito Bem.
Unamo-nos, desse modo, em espírito e coração, no serviço a que estamos destinados.
Ajudemos. E, convictos de que o amor e a sabedoria constituem o alvo divino de nossa marcha, asilemo-nos no templo da Boa Nova, afeiçoando a nossa existência, em definitivo, aos exemplos do Mestre e Senhor, a benefício da nossa redenção para sempre.
(Psicografada em 2/7/1951 no Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, M. G.)