Parábolas e Ensinos de Jesus

CAPÍTULO 31

PARÁ BOLA DO CEGO QUE GUIA OUTRO CEGO



“Porventura pode um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?"

(Lucas 6:39.)

“Sabes que os fariseus ouvindo o que disseste, ficaram escandalizados? Mas ele respondeu: Toda a planta que meu Pai Celestial não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os, são cegos guias de cegos.

Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco. "


(Mateus 15:12-14.)

Há cegos do corpo e cegos do espírito, e se horrível é a cegueira do corpo, mil vezes pior é a do espírito. Entretanto, bem difícil, ou quase impossivel é encontrar-se um cego a guiar outro cego, ao passo que, no que se refere às coisas do Espírito, vemos, por toda parte, cegos que guiam cegos!

Qualquer homem, por haver frequentado um seminário e ter envergado uma sotaina, já se julga com capacidade bastante para ser guia de cegos!

Nunca se viu um cego formado no Instituto de Cegos sair à rua guiando cegos, mas vêem-se, todos os dias, cegos mil vezes mais cegos que os primeiros, saídos do “Instituto da Cegueira", guiando a multidão de cegos que encontram o “barranco" do túmulo e nele caem juntamente com seus guias!

Mas passemos à comparação: triste coisa é ver-se neste mundo um cego caminhando só, ou um cego a guiar outro cego, se tal fosse possivel.

Que acontece ao cego que caminha sem guia? Tropeça aqui, tomba ali, cai acolá; esbarra, fere-se, até que alma caridosa o tome pela mão e o conduza a casa!

A mesma sorte está reservada aos cegos que guiam cegos; tanto uns, como outros, passam pelos mesmos tormentos.

Imagine-se agora um “cego de espírito" caminhando sozinho: um materialista, cego-voluntário, ao chegar ao Mundo Espiritual! Como poderá ele caminhar? Este homem não procurou estudar o Mundo Espiritual, nem sequer acreditava na Outra Vida: ignora a significação das palavras imortalidade, eternidade, Deus!

Que acontecerá a este cego ao passar as barreiras do túmulo? Que acontecerá a este Espírito ao ver-se num mundo completamente estranho?

Imaginemos, agora, um cego de espírito conduzindo uma multidão de cegos da mesma natureza, como acontece aos guias das religiões tarifadas!

Imaginemos esses cegos sucedendo-se no mundo espiritual. Que será de todos eles? São cegos, o mundo onde entraram lhes é desconhecido!

Como se arranjarão esses cegos, na sua entrada para um mundo cuja existência negaram, absortos que estavam nas miragens de um Céu de beatifica contemplação, de um Purgatório de brasas e de um Inferno de chamas!

Decididamente, ninguém pode saber sem aprender, ninguém pode aprender sem estudar, assim como ninguém pode ver, sendo cego.

A parábola de Jesus cabe a todos aqueles que fazem da fé um bloco de carvão e se submetem ao “magister dixit", sem análise, sem estudo, sem exame.

Um cego não pode guiar outro cego; um ignorante do mundo espiritual não pode guiar as almas que para ai se encaminham.

Esta parábola, que faz alusão ao sacerdócio hebreu, pode referir-se hoje ao sacerdócio romano e protestante, assim como aos materialistas, modernos saduceus que tudo negam.