Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Agradecimentos



Ao chegarmos ao sexto volume da coleção O Evangelho por Emmanuel, é preciso reconhecer que grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso, queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação Espírita Brasileira, particularmente à diretoria da instituição, pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa, e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João 5itor e à Ana Clara, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa através da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão Maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o Seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.





Apresentação



O constitui uma resposta sublime de Deus aos apelos aflitos das criaturas humanas.

Constituído por 27 livros, que são: os 4 , 1 , 1 carta do apóstolo Paulo , 2 , 1 , 1 , 1 , 1 , 2 , 2 , 1 , 1 , 1 , 1 , 2 , 3 , 1 e o .

A obra, inspirada pelo Senhor Jesus, que vem atravessando os dois primeiros milênios sob acirradas lutas históricas e teológicas, pode ser considerada como um escrínio de gemas preciosas que rutilam sempre quando observadas.

Negada a sua autenticidade por uns pesquisadores e confirmada por outros, certamente que muitas apresentam-se com lapidação muito especial defluente da época e das circunstâncias em que foram grafadas em definitivo, consideradas algumas como de natureza canônica e outras deuterocanônicas, são definidas como alguns dos mais lindos e profundos livros que jamais foram escritos. Entre esses, o , portador de beleza incomum, sem qualquer demérito para os demais.

Por diversas décadas, o nobre Espírito Emmanuel, através do mediumato do abnegado discípulo de Jesus, Francisco Cândido Xavier, analisou incontáveis e preciosos versículos que constituem o Novo Testamento, dando-lhe a dimensão merecida e o seu significado na atualidade para o comportamento correto de todos aqueles que amam o Mestre ou o não conhecem, sensibilizando os leitores que se permitiram penetrar pelas luminosas considerações.

Sucederam-se centenas de estudos, de pesquisas preciosas e profundas, culminando em livros que foram sendo publicados à medida que eram concluídos.

Nos desdobramentos dos conteúdos de cada frase analisada, são oferecidos lições psicológicas modernas e psicoterapias extraordinárias, diretrizes de segurança para o comportamento feliz, exames e soluções para as questões sociológicas, econômicas, étnicas, referente aos homens e às mulheres, aos grupos humanos e às Nações, ao desenvolvimento tecnológico e científico, às conquistas gloriosas do conhecimento, tendo como foco essencial e transcendente o amor conforme Jesus ensinara e vivera.

Cada página reflete a claridade solar na escuridão do entendimento humano, contribuindo para que o indivíduo não mais retorne à caverna em sombras de onde veio.

Na condição de hermeneuta sábio, o nobre Mentor soube retirar a ganga que envolve o diamante estelar da revelação divina, apresentando-o em todo o seu esplendor e atualidade, porque os ensinamentos de Jesus estão dirigidos a todas as épocas da humanidade.

Inegavelmente, é o mais precioso conjunto de estudos do evangelho de que se tem conhecimento através dos tempos, atualizado pelas sublimes informações dos Guias da sociedade, conforme a Revelação Espírita.

Dispondo dos originais que se encontram na Espiritualidade superior, Emmanuel legou à posteridade este inimaginável contributo de luz e de sabedoria.

Agora enfeixados em novos livros, para uma síntese final, sob a denominação O Evangelho por Emmanuel, podem ser apresentados como o melhor roteiro de segurança para os viandantes terrestres que buscam a autoiluminação e a conquista do reino dos Céus a expandir-se do próprio coração.

Que as claridades miríficas destas páginas que se encontram ao alcance de todos que as desejem ler, possam incendiar os sentimentos com as chamas do amor e da caridade, iluminando o pensamento para agir com discernimento e alegria na conquista da plenitude!


Salvador (BA), 15 de agosto de 2013.




N. E.: Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.




Prefácio



O é a base de uma das maiores religiões de nosso tempo. Ele traz a vida e os ensinos de Jesus da forma como foram registrados por aqueles que, direta ou indiretamente, tiveram contato com o Mestre de Nazaré e sua mensagem de amor que reverbera pelos corredores da história.

Ao longo dos séculos, esses textos são estudados por indivíduos e comunidades, com o propósito de melhor compreender o seu conteúdo. Religiosos, cientistas, linguistas e devotos, de variados credos, lançaram e lançam mão de suas páginas, ressaltando aspectos diversos, que vão desde a história e confiabilidade das informações nelas contidas, até padrões desejáveis de conduta e crença.

Muitas foram as contribuições, que ao longo de quase dois mil anos, surgiram para o entendimento do Novo Testamento. Essa, que agora temos a alegria de entregar ao leitor amigo, é mais uma delas, que merece especial consideração. Isso porque representa o trabalho amoroso de dois benfeitores, que, durante mais de sessenta anos, se dedicaram ao trabalho iluminativo da senda da criatura humana. Emmanuel e Francisco Cândido Xavier foram responsáveis por uma monumental obra de inestimável valor para nossos dias, particularmente no que se refere ao estudo e interpretação da mensagem de Jesus.

Os comentários de Emmanuel sobre o Evangelho encontram-se espalhados em 138 livros e 441 artigos publicados ao longo de trinta e nove anos nos periódicos Reformador e Brasil Espírita. Por essa razão, talvez poucos tenham a exata noção da amplitude desse trabalho, que totaliza 1.616 mensagens sobre mais de mil versículos. Além dos comentários aos versículos, os relatos presentes no livro Paulo e Estêvão, que fazem paralelo ao texto de At, constituem um inestimável material de estudo sobre o Evangelho.

Todo esse material foi agora compilado e organizado em uma coleção, cujo primeiro volume é o que ora apresentamos ao público.

Essa coletânea proporciona uma visão ampliada e nova do que representa a contribuição de Emmanuel, para o entendimento e resgate do Novo Testamento. Em primeiro lugar, porque possibilita uma abordagem diferente da que encontramos nos livros e artigos, que trazem, em sua maioria, um versículo e um comentário em cada capítulo. Neste trabalho, os comentários foram agrupados pelos versículos a que se referem, possibilitando o estudo e a reflexão sobre os diferentes aspectos abordados pelo autor. Encontraremos, por exemplo: 8 comentários sobre Rm 2:6-22 comentários sobre Mt 5:44-11 comentários sobre Jo 8:32-8 sobre Lc 17:21. Ao todo, 305 versículos receberam do autor mais de um comentário. Relembrando antigo ditado judaico, “a Torá tem setenta faces”, Emmanuel nos mostra que o Evangelho tem muitas faces, que se aplicam às diversas situações da vida, restando-nos a tarefa de exercitar a nossa capacidade de apreensão e vivência das lições nele contidas. Em segundo lugar, porque a ordem dos comentários e passagens paralelas obedece a sequência dos 27 textos que compõem o Novo Testamento. Isso possibilitará ao leitor localizar mais facilmente os comentários sobre um determinado versículo. O projeto gráfico foi idealizado também com este fim. A coleção é composta de sete volumes:

Volume 1 - Comentários ao Evangelho segundo Mateus.

Volume 2 - Comentários ao Evangelho segundo Marcos.

Volume 3 - Comentários ao Evangelho segundo Lucas.

Volume 4 - Comentários ao Evangelho segundo João.

Volume 5 - Comentários ao At.

Volume 6 - Comentários às cartas de Paulo.

Volume 7 - Comentários às cartas universais e ao Apocalipse.

Em cada volume foram incluídas introduções específicas, com o objetivo de familiarizar o leitor com a natureza e características dos escritos do Novo Testamento, acrescentando, sempre que possível, a perspectiva espírita. Neste volume, foram incluídas 15 introduções. Uma para o conjunto das cartas e uma para cada uma das catorze cartas atribuídas a Paulo de Tarso.

Metodologia

O conjunto das fontes pesquisadas envolveu toda a obra em livros de Francisco Cândido Xavier, publicada durante a sua vida; todos os fascículos de Reformador, de 1927 até 2002, e todas as edições da revista Brasil Espírita. Dos 412 livros de Chico Xavier, foram identificados 138 com comentários de Emmanuel sobre o Novo Testamento.

A equipe organizadora optou por atualizar os versículos comentados de acordo com as traduções mais recentes. Isso se justifica porque, a partir da década de 60, os progressos, na área da crítica textual, possibilitaram um avanço significativo no estabelecimento de um texto grego do Novo Testamento, que estivesse o mais próximo possível do original. Esses avanços deram origem a novas traduções, como a Bíblia de Jerusalém, bem como correções e atualizações de outras já existentes, como a João Ferreira de Almeida Revista Corrigida (Conhecida pela sigla ARC - Almeida Revista Corrigida). Todo esse esforço tem por objetivo resgatar o sentido original dos textos bíblicos. Os comentários de Emmanuel apontam na mesma direção, razão pela qual essa atualização foi considerada adequada. Na data de publicação deste sexto volume, a tradução de Haroldo Dutra Dias das cartas de Paulo não havia sido publicada e, por isso, tivemos que optar por outra tradução em língua portuguesa. Das várias opções existentes, escolhemos a Bíblia de Jerusalém, em sua edição revista e ampliada em 2002. Duas razões levaram a essa escolha. A primeira é que ela é o resultado do trabalho de uma comissão de tradutores e estudiosos. A segunda é que se trata da tradução mais atualizada nos meios acadêmicos. Nas poucas ocorrências em que essa opção pode suscitar questões mais complexas, as notas auxiliarão o entendimento.

Foram incluídos todos os comentários que indicavam os versículos de maneira destacada ou que faziam referência a eles no título ou no corpo da mensagem.

Nos casos em que o mesmo versículo aparece em mais de uma parte do Novo Testamento e que o comentário não deixa explícito a qual delas ele se refere, optou-se por uma, evitando a repetição desnecessária do comentário em mais de uma parte do trabalho. A Tabela de correspondência de versículos traz a relação desses comentários, indicando a escolha feita pela equipe e as outras possíveis.

Os textos transcritos tiveram como fonte primária os livros e artigos publicados pela FEB. Nos casos em que um mesmo texto foi publicado em outros livros, a referência desses está indicada em nota.


A história do projeto O Evangelho por Emmanuel

Esse trabalho teve duas fases distintas. A primeira iniciou em 2010, quando surgiu a ideia de estudarmos o Novo Testamento nas reuniões do culto no lar. Com o propósito de facilitar a localização dos comentários de Emmanuel, foi elaborada uma primeira relação ainda parcial. Ao longo do tempo, essa relação foi ampliada e compartilhada com amigos e trabalhadores do movimento espírita.

No dia 2 de março de 2013, iniciou-se a segunda e mais importante fase. Terezinha de Jesus, que já conhecia a relação por meio de palestras e estudos que desenvolvemos no Grupo Espírita Operários da Espiritualidade em Brasília, comentou com o então e atual vice-presidente da FEB, Geraldo Campetti Sobrinho, que havia um trabalho sobre os comentários de Emmanuel que merecia ser conhecido. Geraldo nos procurou e marcamos uma reunião para o dia seguinte, na sede da FEB, às nove horas da manhã. Nessa reunião, o que era apenas uma relação de 29 páginas tornou-se um projeto de resgate, compilação e organização do que é um dos maiores acervos de comentários sobre o Evangelho. A realização dessa empreitada seria impensável para uma só pessoa, por isso uma equipe foi reunida e um intenso cronograma de atividades foi elaborado. As reuniões para acompanhamento, definições de padrões, escolhas de metodologias e análise de situações ocorreram praticamente todas as semanas desde o início do projeto até a sua conclusão.

No final de 2015, uma terceira fase teve início com a pesquisa dos textos paralelos aos At presentes no livro Paulo e Estêvão, também de autoria de Emmanuel. Esse projeto de pesquisa teve características distintas, pois não se tratava agora de identificar, catalogar e revisar comentários, mas de analisar passagens, comparar textos e reunir relatos semelhantes. Isso resultou em um material que esperamos seja útil para estudiosos e simpatizantes do texto bíblico, particularmente de At. Destacamos o inestimável trabalho de Larissa Meirelles Barbalho Silva nessa pesquisa. Sem seu esforço, dedicação e paciência, ele não teria sido concluído no tempo necessário pra a inclusão no quinto volume da coleção.

O que surgiu inicialmente em uma reunião familiar composta por algumas pessoas em torno do Evangelho, hoje está colocado à disposição do grande público, com o desejo sincero de que a imensa família humana se congregue cada vez mais em torno desse que é e será o farol imortal a iluminar o caminho de nossas vidas. Relembrando o Mestre inesquecível em sua confortadora promessa: “Pois onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou no meio deles (Mt 17:20).


Barueri (SP), 23 de outubro de 2017.


Coordenador




Introdução



As cartas que Paulo endereça às comunidades e indivíduos constituem um dos mais importantes conjuntos de textos do . Desde a antiguidade, foram objeto de estudo e reflexão, sendo considerados, por alguns, como basilares para o entendimento e a prática do Cristianismo. Basta que nos lembremos que Marcião de Sinope (85 d.C. a 160 d.C.), o primeiro a propor um conjunto de textos canônicos, incluía na sua relação, exclusivamente, dez das cartas de Paulo e uma versão resumida do Evange1ho de Lucas. Sem adentrarmos nas ideias que Marcião defendia, muitas delas bastante controversas; e que o levariam a constituir um isolado número de seguidores, a sua iniciativa refletia dois importantes aspectos do Cristianismo nascente. O primeiro, a necessidade cada vez maior, em função da diversidade de textos que começavam a surgir, de se indicar quais seriam mais fiéis à proposta do Evangelho e portanto, deveria ser objeto de estudo e reflexão dos cristão e, o segundo, a importância das cartas de Paulo.
A natureza das cartas de Paulo precisa ser compreendida nas suas características próprias, a fim de que a sua contribuição para o Cristianismo de ontem e de hoje possa ser compreendida e resgatada. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que, embora contenham elementos importantes da doutrina cristã, expostos com todo o vigor da inteligência e bagagem que a condição de doutor da lei conferiam a Paulo, esses escritos são, sobretudo, cartas. Nesse sentido, a motivação principal está relacionada menos com a construção de tratados teológicos do que com elementos da vivência e da prática cristã, exceção feita, talvez, à epístola aos e parte a endereçada aos . Os temas que surgem são, frequentemente, relacionados ao dia a dia das comunidades: o uso da liberdade, abordado em; a organização das comunidades, orientada em e ; as expectativas em relação ao retorno de Jesus em ; o retorno de um escravo fugitivo ao seu senhor, no quase bilhete a ; as condutas no lar e na família em e , são alguns exemplos de temáticas e das motivações desses textos. Como não poderia deixar de ser, encontraremos, também, nessas cartas, registros da e de seus companheiros de trabalho; de pessoas com quem ele convivia; do confronto com os adversários; de suas viagens e desafios pelas várias localidades por onde passou, compreendendo, assim, um importante registro biográfico do convertido de Damasco e do Cristianismo enquanto movimento nascente.
As características e conteúdos das cartas de Paulo deixam entrever que o Cristianismo, nos seus primórdios, era constituído por pessoas que buscavam seguir Jesus, mas que, como é natural, traziam suas dúvidas, suas ideias próprias, nem sempre concordantes com a proposta do Mestre, interesses louváveis ou não e entendimento mais ou menos limitado da Boa-Nova. Lidar com toda essa diversidade, a partir das bases cristãs, e prover orientações que levassem o Evangelho ao coração, à mente e às ações das pessoas nas diversas posições, dentro e fora da comunidade, era, e ainda é, o objetivo desses textos. Além disso, o fato de Paulo escrever tanto para comunidades quanto para indivíduos, reflete a realidade de que a proposta, trazida e vivida por Jesus, só pode ser efetivamente internalizada, na conjugação dessas duas dimensões, social e individual.
Muito embora tenha como pano de fundo a cultura e os aspectos sociais do Império Romano do primeiro século, o conteúdo dessas cartas possui aplicabilidade em contextos muito mais amplos e atemporais. Isso porque os maiores desafios da compreensão e da prática da Boa-Nova são encontrados no campo dos nossos sentimentos, ideias e relações. Por isso, esses textos permanecem como fundamentais para todos aqueles que pretendem reviver a mensagem do Cristo em si mesmos e nos ambientes em que se encontram, no ontem, no hoje e no amanhã.
A ordem em que as cartas aparecem no Novo Testamento não reflete sua cronologia, mas, principalmente, o tamanho de cada texto, divididos em três grupos: as cartas endereças às comunidades, as endereçadas a indivíduos e a carta aos Hebreus. Para demonstrar isso, o gráfico a seguir apresenta a quantidade de versículos de cada uma das cartas de Paulo, na ordem em que aparecem no Novo Testamento.


GRÁFICO 1 - Quantidade de versículos das Cartas de Paulo.

QuantidadeDeVersiculos

É importante destacar, também, que Paulo é o autor que possui a maior parte de escritos incluídos no Novo Testamento, tanto em número (14 dos 27 textos são a ele atribuídos), quanto em quantidade de versículos. Dos 7:947 versículos do Novo Testamento, 2.335 são atribuídos a Paulo, compreendendo 29,4% do Novo Testamento. O segundo autor é Lucas, com 27,1% e o terceiro é João com 17,7% (considerando o Evangelho de João, suas cartas e o Apocalipse).
Como cada carta possui elementos próprios, incluímos, antes dos comentários de Emmanuel, pequenas introduções, com os seguintes objetivos: a) familiarizar o leitor com alguns aspectos do texto e dos debates existentes sobre ele; b) apresentar, resumidamente, alguns pontos que a perspectiva espírita e o material disponibilizado por Emmanuel agregam ao entendimento e ao debate sobre os textos; c) despertar no leitor o interesse de ler, reler e estudar essas cartas. Este último, o mais importante. Muito mais poderia ser escrito, contudo, isso fugiria ao propósito do presente trabalho.
Paulo de Tarso e seus colaboradores encarnados e desencarnados foram responsáveis pelo mais extenso trabalho de divulgação da mensagem de Jesus no primeiro século. O testemunho dessas almas abnegadas, que abriram mão de todos os interesses pessoais em prol de levar a Boa-Nova aos corações e mentes dos seus contemporâneos, deu origem ao primeiro movimento de disseminação do Evangelho. Por isso, qualquer que seja a corrente religiosa que tenha a pretensão de fazer reviver a mensagem de Jesus, em qualquer época da Humanidade, terá, nessas cartas, um testemunho e um contributo precioso para orientar as suas atividades, com bases em uma comunhão de pensamentos com o próprio Cristo.
A nossa gratidão a esses Espíritos que, através do suor e trabalho, do sacrifício e da exemplificação, nos possibilitaram compreender o sentido da frase: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.”




Fac-símile do comentário mais antigo a fazer parte da coleção O Evangelho por Emmanuel, referente a Jo 10:30, publicado em novembro de 1940 na revista Reformador.




N.E.: Essa mensagem no 4º volume da coleção, mas, dado ao seu conteúdo e significação, optamos por incluí-la também no início de cada volume.

Ver: .

Gl 2:20





Introdução à Carta aos Romanos



A Carta aos Romanos é, desde cedo, considerada um dos escritos mais importantes do Novo Testamento. Tertuliano, Marcião, Clemente, dentre outros, a conhecem e citam-na. Lutero a considera o escrito mais importante e, sobre ela, Calvino escreveria que “quem a compreendeu, recebe precisamente com ela a chave para todas as câmaras secretas do tesouro da Sagrada Escritura”.

É uma das cartas de Paulo que mais faz referências ao Antigo Testamento, traz a maior relação de nomes de colaboradores e saudações, incluindo o de Tércio, a quem possivelmente Paulo ditou esta carta (Rm 16:22) e o de Febe, que seria a portadora desta (Rm 16:1).

Registra, ainda, a base de um dos grandes debates teológicos sobre a justificação pela fé (Rm 1:17). Apesar disso, é importante não perder de vista as circunstâncias concretas que deram origem à carta, principalmente no que se refere ao desentendimento entre judeus e gentios daquela comunidade, e, também, a intenção de Paulo de ir até Roma, tendo que, antes, viajar para Jerusalém. A carta, portanto, o precederia naquela comunidade, que ele esperava utilizar como base para dali seguir até a Espanha.


Estrutura e temas

Destinatários e saudações. | Rm 1:1
Gratidão é desejo de visitar a comunidade em Roma. | Rm 1:8
Paulo se sente devedor de gregos e bárbaros, sábios e ignorantes. | Rm 1:14
Tema da epístola: viver pela fé. | Rm 1:16
A justiça de Deus. | Rm 1:18
Responsabilidade de todas as pessoas perante Deus. | Rm 2:1
Advertência aos judeus. | Rm 2:17
A vantagem de ser judeu. | Rm 3:1
Tanto judeus como gregos se equivocam. | Rm 3:9
A manifestação da justiça de Deus. | Rm 3:20
Abraão tornou-se justo por sua fé. | Rm 4:1
Recompensa por ser justo. O papel de Jesus no desenvolvimento do homem justo. | Rm 5:1
Adão e seu erro comparado com Jesus e sua retidão. | Rm 5:12
Necessidade da mudança. A vida com o Cristo. | Rm 6:1
Ser justo onde quer que estejamos. | Rm 6:15
Limites de atuação da lei judaica. | Rm 7:1
Característica e função da lei judaica. | Rm 7:7
Dificuldades existentes no cumprimento da lei judaica. | Rm 7:14
Não há mais condenação para os que vivem de acordo com o que Jesus ensinou e realizou. | Rm 8:1
Todos são filhos de Deus. | Rm 8:14
Sofrimento presente e recompensa e alegria futuras. | Rm 8:18
Deus age para o bem dos que o amam. | Rm 8:28
Se Deus é por nós, quem será contra? | Rm 8:31
O que Paulo sente sobre os equívocos do povo de Israel. | Rm 9:1
Desejo de Paulo em relação ao futuro do povo de Israel. | Rm 10:7
O povo de Israel não foi repudiado por Deus. | Rm 11:1
Adverténcia contra a soberba dos gentios. | Rm 11:16
Todo o povo de Israel será salvo. | Rm 11:25
O culto espiritual. | Rm 12:1
Necessidade da humildade e da caridade. | Rm 12:3
A caridade deve ser para todos, mesmo para os inìmigos. | Rm 12:14
O respeito e a submissão às autoridades do mundo. | Rm 13:1
A caridade é a plenitude da lei judaica. | Rm 13:8
O cristão deve ser um foco de luz. | Rm 13:11
Necessidade da caridade para com os mais fracos. | Rm 14:1
Os fortes devem carregar a fragilidade dos fracos. | Rm 15:1
Necessidade de esperança e perseverança. A consolação virá. | Rm 15:4
A tarefa de Paulo. | Rm 15:14
O projeto de viajar até Roma. | Rm 15:22
Saudações e recomendações - primeira parte. | Rm 16:1
Adverténcia. O mal será esmagado. | Rm 16:17
Saudações e recomendações - parte final. | Rm 16:21
Tércio como escrevente da epístola. Louvor final. | Rm 16:25


A comunidade

Roma é a capital do Império, fundada em torno de 750 a.C. A comunidade cristã existente não foi fundada por Paulo e ele não a conhecia quando a carta é escrita.

Sua origem pode apoiar-se tanto em judeus, levados até a capital do Império, quanto por romanos, que recolheram a mensagem do Evangelho na Galileia, Judeia ou Samaria. Lembremos que, em At 2:10, existe uma pequena referência a romanos ouvindo os apóstolos, por ocasião do Pentecostes. A depreender do próprio teor da carta, não existia uma hegemonia entre judeus e gentios dentro da comunidade, e divergências entre esses dois grupos motivou o pedido de auxílio ao Apóstolo dos Gentios, sobre temas bastante concretos.


Autoria e origem

Não há, praticamente, nenhuma contestação séria sobre a autoria atribuída a Paulo de Tarso. Ele está em Corinto, provavelmente na casa de Gaio, preparando-se para empreender uma viagem até Jerusalém, a fim de levar recursos angariados para aquela comunidade. Informado da situação na comunidade de Roma, redige uma carta que deveria precedê-lo e contribuir para diminuir os conflitos que surgiram.


Possível datação

As datas que tratam da redação incluem o ano de 55 como o mais antigo e o de 58 como o mais tardio.


Conteúdo e temática

Romanos é uma carta que trata de divergências surgidas no seio de uma comunidade, formada por pessoas com diferentes históricos e perspectivas religiosas, acerca de elementos da prática e da crença. É uma carta de especial importância, não só pela longa e cuidadosa exposição de vários temas que estariam na origem das comunidades cristãs, como também pela forma pela qual os conflitos surgidos, dentro dessas igrejas, deveriam ser considerados e tratados. Para a atualidade das comunidades cristãs, constitui um atual e importante apelo à concórdia, à fé e a uma prática cristã que se aproxime do exemplo de Jesus.


Perspectiva espírita

De acordo com Emmanuel, em Paulo e Estêvão, a Epístola aos romanos foi escrita quando o Apóstolo dos Gentios estava em Corinto. A carta teria o propósito de preparar a sua chegada à capital do Império, e, por isso, durante alguns dias, ele trabalhou nesse documento, de modo que ele recapitulasse a doutrina consoladora do Evangelho e também referências a todos os trabalhadores de que Paulo já-tivera notícias naquela cidade.

A portadora da carta foi uma grande colaboradora de Paulo no porto de Cencreia, que teria que viajar a Roma para visitar alguns familiares.

Emmanuel também confirma a importância dessa carta quando narra a chegada de Paulo preso à cidade de Puteólli. Um velhinho chamado Sexto Flacus foi até a hospedaria humilde onde ele estava, informando que a cidade possuía, há muito, uma comunidade onde várias cartas do Apóstolo dos Gentios eram lidas, dentre elas a escrita aos Romanos, da qual ele trazia uma cópia, guardada com especial carinho pelos confrades.

A Epístola aos romanos representa um importante marco na história do Cristianismo. Escrita já na maturidade de Paulo, destinada a uma comunidade existente na capital do Império, demonstra a universalidade do Evangelho, cuja prática e aplicação alcançam todas as dimensões da vida humana. Seus ensinos ecoam pelos séculos, nos fazendo lembrar que, para além de todas as artificiais e transitórias divisões que podem surgir nos agrupamentos humanos, o Evangelho, como proposta libertadora, nos une e orienta, nos consola e esclarece, aguardando, de nós, as disposições de agir e servir, cooperando com a difusão da luz onde quer que estejamos.





Introdução à Carta aos Gálatas



Gálatas não é uma carta destinada a uma comunidade específica, mas às comunidades existentes na região da Galácia, fundadas por Paulo em suas viagens.

Desde muito cedo, essa carta é acolhida pelos chamados pais da Igreja, o que atesta o seu importante papel. Tertuliano, Irineu, Justino, Clemente, Orígenes, dentre outros, conhecem e citam a carta aos Gálatas.

Embora existam semelhanças entre a Carta aos gálatas e a endereçada aos Romanos, uma vez que tanto uma como outra apresentam o Evangelho de maneira sistemática, o caráter de Gálatas é, consideravelmente, mais simples do que a estrutura e argumentação largamente desenvolvidas em Romanos. Isso talvez se deva ao fato de que, no caso de Romanos, Paulo precisava se apresentar para uma comunidade que não o conhecia pessoalmente, enquanto as comunidades na Galácia foram fundadas por ele e por isso dispensavam argumentação mais desenvolvida, uma vez que sua palavra e exemplo possuíam peso por si mesmos.


Estrutura e temas

Destinatários e saudações. | Gl 1:1
Admoestações iniciais. | Gl 1:6
O que Paulo ensina é o Evangelho de Jesus. | Gl 1:11
Rememoração dos fatos da vida de Paulo. | Gl 1:13
Como o homem se torna justo. | Gl 2:16
A prevalência da confiança e fé em Deus sobre as obras da Lei. | Gl 3:1
O papel da Lei. | Gl 3:19
O papel da fé / confiança. | Gl 3:23
A filiação divina. | Gl 4:1
Lamento pela mudança dos Gálatas. | Gl 4:12
As duas alianças: Agar e Sara. | Gl 4:21
A liberdade cristã. | Gl 5:1
Liberdade e caridade. | Gl 5:13
Orientações diversas para a comunidade. | Gl 6:1
Conclusão de próprio punho. | Gl 6:11
Saudação final. | Gl 6:16


A comunidade

A região chamada Galácia teve sua origem no século III a.C. e está intimamente ligada em sua cultura e origem aos celtas. No ano 50 a.C., o rei Amintas expandiu o território, incorporando terras ao sul. O Império Romano manteve a mesma denominação de Galácia para o território expandido, muito embora no século II o que se conhecia por Galácia era, mais frequentemente, as terras ao norte. Essa evolução histórica da região faz com que os estudiosos façam uma distinção entre “Galácia do norte” e “Galácia do sul”.

São comunidades cristãs, dessa região, as de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Psídia. Essas comunidades surgiram, como a maioria daquelas fundadas por Paulo, na casa de pessoas que acolhiam a mensagem do Evangelho.


Autoria

Praticamente não existem objeções a que Gálatas seja considerada uma autêntica carta de Paulo. A atestação em Gl 6:11 é praticamente inequívoca: “Vede com que letras grandes vos escrevo, de próprio punho”. Peculiarmente, esta carta não traz outros signatários que não o próprio Paulo.


Origem e possível datação

Se no que diz respeito a autoria e conteúdo, praticamente não existem controvérsias envolvendo a Carta aos gálatas, o mesmo não se pode dizer quanto a sua data e origem. Não existem informações na própria carta que estabeleçam, de maneira inequívoca, o local e a data de redação. Além disso, como ela não especifica a que comunidade da Galácia ela se destina, os estudiosos se dividem entre os que defendem que ela foi destinada às comunidades da região da Galácia do norte e os que advogam que ela foi endereçada às comunidades da Galácia do Sul. Como é quase certo que assas comunidades não surgiram ao mesmo tempo, dependendo da opção, a data de redação e, consequentemente, a sua origem podem variar bastante. Nos extremos, temos os que pretendem que Gálatas tenha sido escrita entre 48/49 e os que a colocam nos anos 56/57. Entre esses extremos, estão os que defendem os anos de 50/51 como data de redação. Esse amplo espectro de possibilidades deriva do fato de não ser uma carta destinada a uma comunidade, mas às comunidades de uma determinada região e aos relatos de Paulo em relação ao conflito ocorrido entre ele e Pedro em Antioquia.


Conteúdo e temática

A Carta aos gálatas é, em grande parte, uma resposta a um problema específico surgido naquelas comunidades: pessoas que Paulo classifica como falsos mestres aparecem nas comunidades e as desestabilizam em relação às suas crenças. Parecem valorizar em demasia as obras da lei, na identificação dos que são verdadeiramente justos e podem ser considerados cristãos, impõem padrões e práticas que se contrastam com a liberdade trazida pelo Evangelho. A resposta de Paulo é uma veemente recordação do que é o Evangelho e de alertas ao seu correto entendimento e prática. Viver de acordo com Cristo, seus preceitos, exemplos e ensinos, é o que caracteriza o cristão verdadeiro. Isso não significa eliminar ou ignorar as diferenças entre as pessoas. Cada um possui o seu papel, podendo viver, dentro do contexto em que está, de acordo com o Cristo. Nessa linha de argumentação, Paulo toma o próprio exemplo, registrando a sua história, a sua conversão, os conflitos, mesmo com os mais renomados apóstolos, culminando na célebre frase: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2:16).


Perspectiva espírita

Do ponto de vista histórico, em Paulo e Estêvão, Emmanuel indica que os gálatas são membros das comunidades existentes na região à qual os estudiosos se referem hoje em dia como sendo a “Galácia do sul”, ou seja, a província romana e não a região mais ao norte.

O tema da liberdade é também, prioritariamente, tratado nos comentários a essa carta. Das 35 ocorrências da palavra “liberdade” nos comentários de Emmanuel às cartas paulinas, 27 delas (77%) ocorrem em Gálatas, sendo que, dessas, 6 estão em títulos de comentários. Isso demonstra o profundo compromisso de Emmanuel em aclarar o caráter e a mensagem desse texto do Novo Testamento.

A Doutrina Espírita amplia a perspectiva registrada em Gálatas. Em primeiro lugar, facultando uma compreensão mais profunda do Evangelho, evitando que seja possível interpretar a Lei de Deus ao sabor das paixões, ou falsear o sentido de uma Lei toda de amor e de caridade. Em segundo, porque já não são somente os encarnados que podem levar os homens aos equívocos de entendimento, mas, também, os Espíritos ainda imperfeitos, ou que possuem uma compreensão limitada ou equivocada das Leis Universais. Por último, postulando a liberdade de consciência, mas esclarecendo as relações de causa e efeito, deixa o homem livre para agir atrelando, contudo, a essa liberdade, a responsabilidade advinda das próprias escolhas e ações.



Vide de O livro dos Espíritos. (Nota do organizador)

Vide O Evangelho segundo o Espiritismo, , “Haverá falsos cristos e falsos profetas” (Nota do organizador)

Vide de O livro dos Espíritos. (Nota do organizador)





Introdução à Carta aos Efésios



A Carta aos efésios constitui um escrito com características que a tornam um caso quase particular em todo o Novo Testamento. A sua temática mais geral e a ausência de elementos específicos que possibilitem uma identificação precisa dos destinatários tem suscitado, ao longo dos séculos, as mais diversas opiniões e teorias sobre os aspectos de autenticidade, tema e datação. Quatro elementos se destacam como raízes dessa problemática:
1) Os manuscritos mais antigos não trazem a indicação de “aos efésios” no texto;
2) Esse escrito guarda um grande conjunto de hapax legomenon, 35 ao todo. Em relação às outras cartas de Paulo, existem 41 palavras usadas exclusivamente em Efésios;
3) O estilo peculiar salta aos olhos, como já observara Erasmo de Rotherdan, tanto quanto as suas semelhanças com Colossenses;
4) Diferentemente das demais cartas, não é possível identificar, de maneira indiscutível, um problema ou circunstância que lhe tenha dado origem.
Apenas como exemplificação da variedade de opiniões que essa carta suscitou, ao longo do tempo, Marcião considerava que ela se destinava à comunidade de Laodiceia e não de Éfeso; há quem defenda que a carta não tinha uma indicação do destinatário para que fosse copiada e endereçada a muitas comunidades, tratando-se, assim, de uma carta circular; embora, até o século XVIII, a autoria da carta tivesse pouco ou quase nenhum questionamento, a partir daí as opiniões que a consideravam uma carta pseudopaulina foram se articulando, de forma que, hoje em dia, a imensa maioria dos estudiosos não a considera como uma carta de Paulo. Essa diversidade de opiniões e propostas refletem as dificuldades e riscos com os quais os estudiosos têm se debatido ao longo do tempo ao abordar esse escrito.

Apesar de tudo isso, a Carta aos efésios é conhecida e reconhecida desde a Antiguidade. Ireneu, Clemente, Policarpo, Orígenes, Cipriano, dentre outros, a conhecem e a utilizam.


Estrutura e temas

Destinatários e saudações. | Ef 1:1
Desde o início, Deus tem um plano para a redenção. | Ef 1:3
Gratidão e desejo que os membros da comunidade continuem progredindo no Evangelho. | Ef 1:15
A situação anterior dos membros da comunidade e a ação transformadora do Cristo. | Ef 2:1
O trabalho de Paulo. | Ef 3:1
Oração pelos membros da comunidade. | Ef 3:14
Pedido de união, humildade e bondade na comunidade. | Ef 4:1
Como as bênçãos são dispensadas pelo Cristo. | Ef 4:8
Objetivo das bênçãos dispensadas. | Ef 4:12
Pela verdade e amor, amadurecemos e não somos mais crianças. | Ef 4:14
Exortação a uma vida nova. | Ef 4:17
Exortação a agir como filhos de Deus. | Ef 5:1
As esposas em relação aos esposos - a comunidade em relação a Cristo. | Ef 5:21
Os esposos em relação às esposas Cristo em relação à comunidade. | Ef 5:25
Deveres dos filhos. | Ef 6:1
Deveres dos pais. | Ef 6:4
Deveres dos servos. | Ef 6:5
Deveres dos senhores. | Ef 6:9
Fortalecimento no Senhor para enfrentar os dias maus. | Ef 6:10
Como deve sempre estar o cristão. | Ef 6:14
Exortação e pedido de orações. | Ef 6:18
Tíquico é enviado como portador e para dar notícias de Paulo. | Ef 6:21
Bênção final. | Ef 6:23


A comunidade

Éfeso fica localizada no território da atual Turquia. À época de Paulo, era uma cidade próspera que contava com o famoso templo a Ártemis, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Possuía uma sinagoga (ver At 18:19 e At 19:8) em que tanto Paulo quanto Apolo pregaram. Lá residiram João Evangelista e Maria, mãe de Jesus.

Paulo passa por Éfeso em sua segunda viagem no retorno para Jerusalém e, por ocasião da terceira viagem, ali permanece, durante, aproximadamente, três anos, ensinando primeiramente na sinagoga local e depois da escola de Tirano.


Origem e data

Os problemas de autoria geram, consequentemente, problemas na datação da carta. Entre os que advogam que ela seja de Paulo, as datas variam de 62 a 67. Já para os que defendem que ela não é de autoria de Paulo, as datas variam de 80 a 100. Não há qualquer informação na carta que possibilite uma identificação de onde ela tenha sido escrita, por isso também há uma diversidade de opiniões que variam de Roma a Éfeso.

O portador da carta, como indicado em Ef 6:21, é Tíquico. Como ele também aparece em At 20:4, como sendo da Ásia, e, em 2tm 4:12, como tendo sido enviado para Éfeso por Paulo, acredita-se que estes sejam indícios que confirmam a destinação da carta como sendo a Éfeso.


Perspectiva espírita

Em relação aos aspectos de origem, datação e destinatário, Emmanuel traz nos comentários a Ef 4:1 uma indicação clara de que Paulo estava em Roma quando elaborou a carta, que ela foi endereçada de fato à comunidade de Éfeso e que ele a redigira depois de seu discurso diante de Nero, quando estava sendo acompanhado de perto pelos guardas do Império.
A Carta aos efésios contém, proporcionalmente, um conjunto muito maior de recomendações práticas para a comunidade do que os demais escritos de Paulo, o que demonstra a intenção de indicar, no cotidiano, as ações que caracterizam uma conduta cristã que se estende para muito além das paredes dos templos de oração, englobando todos os aspectos da vida cotidiana de uma pessoa.
A Doutrina Espírita nos esclarece que as diversas circunstâncias que nos rodeiam não são o resultado de conjunções fortuitas, mas o desejo da Divindade a nosso respeito e às necessidades que trazemos de crescimento e progresso. Saber aproveitá-las, aquilatando o seu devido valor, é passo decisivo no nosso amadurecimento espiritual, capacitando-nos a ser servidores do Cristo em toda parte, porque “Somente assim, abandonaremos a caverna da impulsividade primitiva, colocando-nos a caminho do mundo melhor.”



Palavras que são encontradas uma única vez em todo o Novo Testamento. (Nota do organizador)

Emmanuel, comentário a Efésios, 4.1 intitulado “”. (Nota do organizador)





Introdução à Carta aos Filipenses



A Carta aos filipenses é uma das cartas de Paulo que mais se aproxima do gênero carta pessoal do primeiro século. Muitos temas particulares e a forma pela qual é redigida denotam um tom particularmente íntimo que permeia todo o texto.

Desde os registros mais antigos, Filipenses é considerada uma carta legítima de Paulo. Inácio de Antioquia a conhece e a cita, Clemente de Roma, Irineu, Tertuliano e Policarpo também utilizam esse texto. Tanto o cânone reduzido de Marcião como o de Muratori incluem Filipenses.


Estrutura e temas

Destinatários, saudações e agradecimentos. | Fp 1:1
Os problemas se converteram em benefícios. | Fp 1:12
Exortações a permanecerem firmes na fé e na humildade. | Fp 1:27
Hino a Jesus. | Fp 2:6
Não redamar mesmo diante do sacrifício extremo. | Fp 2:12
Timóteo visitará a comunidade. | Fp 2:19
Notícias de Epafrodito. | Fp 2:25
Alerta em relação aos dissimulados e adversários. | Fp 3:1
Relembrando a própria história. | Fp 3:4
Recomendação para que sigam o exemplo de Paulo. | Fp 3:17
Conselhos dirigidos a membros da comunidade. | Fp 4:1
Agradecimentos. | Fp 4:10
Saudações finais. | Fp 4:21


A comunidade

A cidade de Filipos foi fundada por Felipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, em 358/357 a.C. Em 168 a.C., foi incorporada ao Império Romano e, em 42 a.C., a cidade foi convertida em colônia militar. Esse fato e ainda a sua localização próxima da Via Egnatia conferiam à cidade um status importante. Apesar de ter uma comunidade judaica, não havia sinagoga em Filipos.

Paulo fundou a comunidade na sua segunda viagem, na casa de Lídia. O apoio dessa comunidade a Paulo foi, particularmente, grande, o que se depreende da ajuda enviada, cuja resposta deu origem à carta (Fp 4:10), tendo Timóteo como portador. Dois acontecimentos durante a fundação dessa comunidade merecem menção. O primeiro é a libertação de uma pitonisa e o segundo, a conversão do carcereiro, ambos relatados em Atos dos apóstolos, At 16:1.
Paulo teria visitado essa comunidade várias vezes e embora existam menções de problemas dentro da comunidade, eles são certamente menores do que os que foram tratados em outras cartas.


Data e origem

Paulo está preso quando escreve a carta (Fp 1:13) e o problema da datação está intimamente ligado ao local dessa prisão. Somente no século XVIII, o relativo consenso de que Filipenses teria sido escrita em Roma foi colocado em dúvida, sob o argumento principal de que a distância entre Roma e Filipos era muito grande para permitir a correspondência a que a própria carta se refere. Três hipóteses foram levantadas pelos estudiosos: Roma, Éfeso e Cesareia, todos locais onde Paulo estivera preso. Hoje em dia, contudo, somente Roma e Éfeso são defendidas, visto que a hipótese de Cesareia oferece mais dificuldades do que soluções.
Dada essa divergência de locais, as datas de origem podem variar entre os anos de 51 e 64, caso se opte por um ou outro local como sendo o da redação da carta.


Perspectiva espírita

Em um comentário feito em Filipenses, 4.22, intitulado , Emmanuel deixa claro que os “da casa do imperador” são realmente pessoas que frequentavam o palácio imperial. Dessa forma, de acordo com o autor espiritual, Paulo está em Roma quando escreve aos filipenses.

A Carta aos filipenses é marcada por uma exortação ao sentimento de alegria, mesmo entre as maiores dificuldades, uma vez que, a vinda de Jesus, o amor a Deus e a possibilidade da convivência constituem motivos de regozijo, ainda que a pessoa se veja envolvida em circunstâncias adversas. A Doutrina Espírita reforça esse sentimento, na medida em que, descortinando ao homem o seu futuro espiritual, apresenta os sofrimentos humanos como percalços temporários de uma jornada, que o conduz ao seu destino real. Por outro lado, ao reconhecer em Jesus o modelo de conduta, apresenta um caminho seguro que todos podem trilhar na busca da redenção.



Recomendamos ao leitor a leitura do desta coleção 2ª parte - versículos Atos, 16.1 a 40, para informações acerca da fundação dessa comunidade e dos acontecimentos ali transcorridos. (Nota do organizador)

Ver O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 2, item 5 - . (Nota do organizador)





Introdução à Carta aos Colossenses



A carta de Paulo à comunidade de Colossos é conhecida desde a Antiguidade. Inácio possivelmente cita esta carta; Justino, Irineu e Clemente de Alexandria também conhecem e citam Colossenses. Tanto o cânon de Muratori quanto o de Marcião consideram este texto como de Paulo. Alia-se a isso a peculiar maneira com que o autor se expressa no final da carta: “A saudação eu, Paulo, a faço de meu próprio punho” (Cl 4:18); e teremos um quadro que permaneceu durante muito tempo inquestionável em relação à autoria.


Estrutura e temas

Saudação, destinatários. | Cl 1:1
Orações de Paulo pela comunidade em Colossos. | Cl 1:9
A importância de Jesus. | Cl 1:15
O trabalho de Paulo. | Cl 1:24
Advertências. | Cl 2:8
A união com Cristo. | Cl 3:1
A morte da natureza terrena. | Cl 3:5
As virtudes que devem ser cultivadas. | Cl 3:12
Os deveres no seio da família. | Cl 3:18
Os deveres dos que possuem autoridade. | Cl 4:1
Importância da oração. | Cl 4:2
Tíquíco e Onésímo darão notícias pormenorizadas. | Cl 4:7
Saudações finais. | Cl 4:10


Comunidade / Destinatário

A cidade de Colossos está localizada na Ásia Menor, na região da Frígia, a aproximadamente 170 km de Éfeso e às margens do rio Licos. Sob o Império Romano, perdeu importância para a cidade de Laodiceia, que ficava a apenas 15 km de distância.

A comunidade parece ter sido fundada por Epafras e não por Paulo (Cl 1:7) e aparentemente passava por problemas trazidos pelo que ele denomina “vãs e enganosas especulações da filosofia” trazidas segunda a tradição dos homens e não segundo Cristo (Cl 2:6).


Autoria e origem

Apesar das antigas referências, estudiosos, a partir do século XIX, colocam em dúvida a autenticidade dessa carta, baseados, normalmente, em dois argumentos principais. O primeiro, de natureza literária: Colossenses contém 34 hapax legomenon; dessas, 20 não são utilizadas em nenhuma das outras cartas de Paulo. A esse fato, juntam-se utilizações de algumas frases mais longas, ausência de termos que são comuns em outras cartas, uso frequente de genitivos dependentes, etc. O segundo, de natureza teológica: a forma com que Cristo é apresentado, o papel quase secundário da escatologia, as referências ao batismo constituiriam, na visão de vários estudiosos, indícios que suportariam a tese de que Colossenses não teria sido escrita por Paulo, mas por uma comunidade de seguidores do apóstolo, interessada em corrigir problemas específicos que surgiram dentro da comunidade.

Do ponto de vista do estilo, de fato, Colossenses apresenta características peculiares. Contudo, o problema surge quase sempre por uma questão de enfatizar essas diferenças, visto que muitos aspectos do estilo estão presentes também nas cartas consideradas autênticas, ainda que ocorram menos frequentemente. Além disso, há que considerar que estamos diante de um texto que se enquadra no gênero de correspondência e que não necessita atender aos rigores técnicos de um tratado ou de uma exposição dogmática, podendo valer-se da linguagem da forma com que melhor lhe convenha. Do ponto de vista da teologia, é muito natural que determinados aspectos percam ou ganhem relevância de acordo com os contextos de origem ou destino da carta. A forma com que Jesus é apresentado pode parecer, à primeira vista, bastante diversa da maioria das referências feitas nas outras cartas, embora 1co 8:6 também faça referência ao papel do Cristo na criação. Entretanto, essa diferença é muito mais aparente à mentalidade moderna do que a da época de Paulo. Para alguém que vive no século atual, as diferenças entre mundo e Universo são, evidentemente, muito maiores do que para alguém que vivia no século 1 d.C. Dessa forma, tanto as datas em que se considera que Colossenses foi escrita quanto o local variam de 62 d.C. até 80 d.C., de acordo com a aceitação ou não de ser ela uma carta autêntica de Paulo.


Conteúdo e temática

A carta é marcada por uma perspectiva importante em relação a uma nova vida com Jesus. Nela, o homem velho cede lugar ao homem novo, que passa a agirem todos os âmbitos de sua existência de uma maneira diferente. Os vícios devem ser abandonados e as virtudes cultivadas. Essa transformação aplica-se a todas as dimensões da existência, desde os deveres familiares até os com os servos e senhores.


Perspectiva espírita

De acordo com Emmanuel, a comunidade de Colosso pediu a presença do Apóstolo dos Gentios quando este estava em Jerusalém e em um comentário ao Cl 3:15 dessa epístola, o autor espiritual refere-se à carta como sendo uma “instrução aos irmãos de Colosso”, de forma que deixa explicita a sua posição de autenticidade.

A Carta aos colossenses, pela sua temática e referências pessoais, deixa a mensagem de que a obra de transformação do ser humano não se dá de maneira isolada. É no convívio e nos contextos em que estamos inseridos que expressamos a afinidade de nosso íntimo com a proposta do Evangelho. Nesse propósito, muitas mãos e corações se unem sustentando-se e amparando-se no trabalho de abandonar o homem velho e fazer surgir o homem novo, tendo Jesus como artífice principal desse projeto.



Hapax legomenon são palavras que ocorrem uma única vez no Novo Testamento e representam, por isso, um desafio adicional aos tradutores e exegetas do texto. (Nota do organizador)





Introdução à Primeira Carta aos Tessalonicenses



As cartas em que Paulo endereça às comunidades em Tessalônica trazem como característica inicial o fato de conterem três remetentes: Paulo, Silvano e Timóteo.

Silvano aparece também em Atos dos apóstolos (At 15:22 / At 16:19 / At 16:4 e At 18:5), com o nome de Silas; na Segunda carta aos coríntios (2Co 1:19) e na Primeira carta de Pedro (1Pe 5:12). Judeu, com cidadania romana (At 16:37), era alguém respeitado na igreja de Jerusalém. Recebeu a incumbência de ir com Paulo comunicar as decisões do primeiro concílio e foi referido como profeta (At 15:32). Trata-se de alguém que andou não só com Paulo, mas também com Pedro. Acerca de Timóteo, ver a introdução das duas cartas a ele endereçadas.

Tertuliano, Policarpo, Marcião, dentre outros, conhecem e citam essa carta, o que comprova sua aceitação desde muito cedo como importante escrito dentro da comunidade cristã. Ela também faz parte do Cânone de Muratori.
A carta refere-se a questões que surgiram na comunidade após a partida de Paulo. Uma dessas questões era o destino dos irmãos que haviam falecido antes da segunda vinda de Jesus e o retorno do Mestre, termo normalmente designado como parusia, palavra transliterada do grego que significa presença.


Estrutura e temas

Saudação e destinatários. | 1ts 1:1
Reconhecimento e gratidão pelo trabalho da comunidade. | 1ts 2:2
A atitude de Paulo e colaboradores quando estiveram em Tessalônica. | 1ts 2:1
Os tessalonicenses se assemelham às comunidades da Judeia pela fé, dedicação e sofrimento. | 1ts 2:14
Desejo de Paulo de rever a comunidade e o envio de Timóteo. | 1ts 2:17
As notícias trazidas por Timóteo. | 1ts 3:6
Exortação de como viver para agradar a Deus. | 1ts 4:1
Ensino sobre os mortos e a vinda de Jesus. | 1ts 4:13
Sobre o tempo em que ocorrerá o Dia do Senhor. | 1ts 5:1
Recomendação em relação à vida comunitária. | 1ts 5:12
Bênção e encerramento. | 1ts 5:23


Comunidade e destinatários

Tessalônica foi fundada por Cassandro, em 315 a.C. ao unificar várias regiões próximas, e recebeu esse nome em homenagem a sua esposa Tessalônica, meia irmã de Alexandre Magno. À época de Paulo, a cidade era a capital da Macedônia. A sua localização, na famosa via Egnatia, lhe conferiu um papel importante no comércio. Até os dias atuais, é uma das mais importantes cidades da Grécia. Possuía, à época de Paulo, uma sinagoga onde Paulo falou, convertendo judeus e gentios que fundaram ali uma comunidade cristã.

A comunidade foi fundada por Paulo em suas viagens e a forma carinhosa pela qual ele se refere aos seus membros demonstra um apreço e cuidado especial, tanto por parte de Paulo, como dos dois corremetentes.


Autoria e datação

Embora alguns manuscritos tragam a indicação de Atenas e Roma como sendo o lugar de redação, existe uma predominância entre os estudiosos em reconhecer Corinto como local de redação. Essa também é a localidade que melhor se ajusta ao contexto e informações existentes.

Quanto à data, sabemos que Paulo deixou Corinto durante a gestão de Gálio (At 18:18), que ocorreu de junho de 51 a junho de 52. Dessa forma, as datas para a redação da carta, comumente aceitas, são entre os anos 50:51.


Perspectiva espírita

Segundo Emmanuel, Paulo e Sila, ao saírem de Filipos, foram para Tessalônica, onde encontraram Timóteo e Lucas. Os quatro ali atuaram, pregando primeiramente na Sinagoga local. Os choques com judeus e homens de má-fé, entretanto, frequentemente constituíam obstáculos pesadíssimos ao Apóstolo e seus companheiros. Paulo buscou, com seu exemplo, fazer com que o Evangelho triunfasse nos corações dos que com ele convivia.

Ao deixar a região, Paulo se dirigiu para Atenas e depois para Corinto. Nessa época, valia-se da cooperação de Silas, Timóteo e Lucas, enviando-os em seu lugar para visitar as comunidades que foram fundadas e que necessitavam de maior presença. Os problemas, contudo, se multiplicavam nas comunidades recém-fundadas. A presença pessoal do Apóstolo era requisitada em várias delas e as tricas e conflitos dos judeus com os recém convertidos aumentavam. Foi nessa época, em Corinto, que, sentindo-se incapaz de atender a todos os chamados, ele chora, julgando que não conseguiria corresponder ao trabalho que lhe fora designado pelo Cristo. Nesse momento, Jesus aparece e indica-lhe que a situação poderia se resolver através de cartas às comunidades e que “Doravante, Estêvão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos...”.

No dia seguinte, chegam notícias desagradabilíssimas, trazidas por mensageiros de Tessalônica, e o ex-doutor da Lei “deliberou pôr em prática o alvitre do Mestre e, recordando que Jesus lhe prometera associar Estêvão à divina tarefa, julgou não dever atuar por si só e chamou Timóteo e Silas para redigir a primeira de suas famosas Epístolas”.

Dessa forma, temos em I Tessalonicenses a primeira carta de Paulo às comunidades, inspirada pelo próprio Cristo, cuidando de questões concretas que afligiam os cristãos. Esses textos, dessa forma, ontem e hoje, representam um importante conjunto de orientações a todos aqueles que atuam de uma maneira ou de outra na busca da vivência do Evangelho.



Ver : comentários aos At, 2ª parte, versículos Atos, 17.1 a 9. (Nota do organizador)

, versículos Atos, 18.9 e 10. (Nota do organizador)

(Nota do organizador)





Introdução à Segunda Carta aos Tessalonicenses



Os aspectos que geraram mais controvérsia acerca desta carta são, justamente, os que derivam do ponto menos esperado: suas vinculações com a Primeira Carta aos Tessalonicenses.

Em 2 Tessalonicenses, o tema da vinda de Jesus é retomado, aparentemente, de uma perspectiva diferente. Enquanto na primeira carta à comunidade de Tessalônica Paulo parece indicar que a vinda de Jesus está muito próxima, aqui ela é apresentada como mais distante.

Muito embora os debates gerados tenham levado a um quase consenso dos estudiosos atuais em relação a esta não ser uma carta de Paulo, Marcião, Inácio e Ireneu conhecem e citam este escrito como sendo de Paulo.


Estrutura e temas

Saudação e destinatários. | 2ts 1:1
Reconhecimento e gratidão pelo trabalho da comunidade. | 2ts 1:3
Recompensas aos membros da comunidade pelas dificuldades sofridas. | 2ts 1:6
Oração pelos membros da comunidade. | 2ts 1:11
Sobre a vinda de Jesus. | 2ts 2:1
Exortação à perseverança. | 2ts 2:13
Pedido de oração. | 2ts 3:1
A confiança que Paulo tem nessa comunidade. | 2ts 3:4
Advertências contra a desordem. | 2ts 3:6
Exortação à prática do bem e atitude para com os desobedientes. | 2ts 3:13
Bênção final e despedida - selo de autenticidade da carta. | 2ts 3:12


Comunidade e destinatários

As informações sobre a comunidade foram apresentadas na .


Origem data e autoria

Muito embora existam testemunhos internos na carta, como a saudação de próprio punho (2ts 3:17), que apontam para Paulo como autor, a grande maioria dos eruditos questiona essa validade, argumentando que a dependência literária de 2 Tessalonicenses em relação a I Tessalonicenses é muito grande, o que levantaria a questão do motivo de Paulo ter retomado para a mesma comunidade e em período tão curto, um escrito, do ponto de vista literário, tão parecido. A explicação proposta, décadas mais tarde, é que alguém, ou um grupo de seguidores de Paulo, tomaria I Tessalonicenses como base para elaboração de um novo escrito, tratando, agora, de uma vinda de Jesus não tão próximo quanto a primeira carta poderia sugerir. Isso ajudaria a explicar a diferença de abordagem em relação a este ponto nas duas correspondências.

A questão da datação está intimamente relacionada com a autoria. Para os que defendem uma autoria não paulina, as datas englobam os anos de 70 a 100, com predominância do período de 80 em diante. Para os que aceitam a autoria paulina, é preciso considerar uma proximidade dos dois escritos, o que levaria a redação a ser do período 50 ou 51.

Em relação ao local de origem, os problemas são ampliados. Isso porque alguns manuscritos trazem a inscrição de Atenas como local de redação. Por isso, as propostas contemplam não só esta cidade, como também Roma, Éfeso, algum lugar da Macedônia ou da Ásia Menor.


Perspectiva espírita

O primeiro comentário feito por Emmanuel a esta epístola é bastante esclarecedor, não só do ponto de vista do reconhecimento da autoria e dos destinatários, mas também pelo seu caráter espiritual. Elucida, o benfeitor, que a afirmativa de Paulo de que a fé não é de todos, possui uma aplicação válida não só na antiguidade como na atualidade. Tanto ontem como hoje, há os que intentam apropriar-se dos princípios cristãos, unicamente pelas manifestações exteriores, esquecendo-se que a internalização da Boa-Nova exige esforço e discernimento, trabalho e testemunho. É natural, portanto, que para estes a presença do Cristo permaneça ainda no campo das expectativas distantes, uma vez que não preparam o campo íntimo para Sua chegada. Para eles, o tempo da vinda ainda não é agora. Ao contrário, para os que souberam buscar pelo esforço, pelo trabalho e pela abnegação e pela caridade a conquista da fé legítima, a presença do Mestre é constante em suas vidas. Para estes o tempo é agora.





Introdução às Cartas a Timóteo



Timóteo é um dos mais conhecidos e mencionados colaborares de Paulo. Seu nome aparece não só em Atos dos apóstolos, como também em 9 das 14 cartas atribuídas a Paulo, sendo que duas delas foram a ele endereçadas. Filho de uma mãe judia e de pai grego (At 16:1), vivia em Listra e foi um dos primeiros colaboradores de Paulo e pelo qual o convertido de Damasco demonstra grande consideração, referindo-se a ele como γνησίῳ τέκνῳ ἐν πίστει (gnesío tékno en pístei - genuíno filho na fé) (1tm 1:2) e ἀγαπητῷ τέκνῳ, (agapentô tékno - amado filho) (2tm 1:2). Foi enviado em nome de Paulo para Tessalônica (1tm 3:2), a Filipo (Fp 2:19) e Corinto (1co 4:17). Além disso, destaca-se que ele é corremetente em 5 cartas (II Coríntios; Filipenses; 1 Tessalonicenses; II Tessalonicenses e Colossenses) e está presente na saudação em Romanos (Rm 16:21).

A esse conjunto de informações, soma-se o tom afetivo com que as epístolas a ele endereçadas são construídas, sobretudo a segunda, e percebe-se que existia uma relação de confiança e respeito entre esses dois trabalhadores do Evangelho.


A Primeira Carta a Timóteo

Essa carta é marcada, sobretudo, por orientações de Paulo em relação ao trabalho que Timóteo deve desenvolver, provavelmente em Éfeso a se depreender que 1tm 1:3 indique os locais de origem e destino da carta, no que diz respeito à estruturação e ao dia a dia da comunidade. Também estão presentes um conjunto de conselhos ao próprio Timóteo.


Estrutura e temas

Destinatário e saudação. | 1tm 1:1
O papel de Timóteo de esclarecer e orientar. | 1tm 1:3
O papel da Lei. | 1tm 1:8
Gratidão de Paulo pela misericórdia que recebeu. | 1tm 1:12
Instruções de Paulo para que Timóteo não naufrague na fé. | 1tm 1:18
Instruções sobre a oração. | 1tm 2:1
1° hino de louvor a Deus e a Jesus. | 1tm 2:5
— Instruções sobre o comportamento das mulheres. | 1tm 2:9
— Instruções sobre os epíscopos (supervisores) | 1tm 3:1
— Instruções sobre os diáconos (auxiliares) | 1tm 3:8
Desejo de breve reencontro. | 1tm 3:14
2° hino de louvor a Deus e a Jesus. | 1tm 3:16
— Instruções sobre os que se apegam e propagam ideias falsas. | 1tm 4:1
Treinamento e exercício na fé. | 1tm 4:7
Não desprezar a juventude. | 1tm 4:12
Instrução de como lidar com os erros dos mais velhos. | 1tm 5:1
Honra e cuidado para com as viúvas. | 1tm 5:3
Instrução sobre os mais velhos que possuem papel de liderança. | 1tm 5:17
Orientação aos que estão na condição de escravos. | 1tm 6:1
O que Timóteo deve ensinar e recomendar. | 1tm 6:2
— Sobre os que ensinam o contrário do que Jesus ensinou. | 1tm 6:3
— Sobre os que buscam lucro no exercício da fé. | 1tm 6:6
— Sobre o contentamento com o necessário. | 1tm 6:8
— Sobre o amor ao dinheiro como raiz de muitos males. | 1tm 6:10
Recomendações aos homens de Deus. | 1tm 6:11
3° hino de louvor a Deus e a Jesus. | 1tm 6:15
Orientações que devem ser dadas aos ricos. | 1tm 6:17
Orientação final a Timóteo. | 1tm 6:20


Local, data e autenticidade

A data e o local onde I Timóteo foi escrita estão intimamente ligados à questão da autenticidade. Existem muitos debates, surgidos nos últimos 200 anos, acerca de se esta seria ou não uma carta redigida por Paulo. Essa dúvida apoia-se em argumentos relacionados a estilo, uso da linguagem e encaixe na cronologia da vida de Paulo. Esses argumentos, contudo, derivam de ênfase específica em aspectos da carta e em uma cronologia que, no caso de Paulo, está longe de ser completa e totalmente estabelecida pelo que se extrai dos textos do Novo Testamento, mesmo porque, o objetivo desses textos é menos o registro histórico factual do que a divulgação do Evangelho.

Muitos cristãos, como Policarpo, Clemente de Alexandria, Irineu e Tertuliano, conhecem e citam 1 Tïmóteo. O cânone de Muratori também traz, em sua relação, esta carta, embora o de Marcião não a contenha.

Dentre os que consideram a carta como autêntica, as datas de sua origem variam entre 61 e 65 e o local de origem seria algum ponto da região da Macedônia.


A Segunda Carta a Timóteo

Nessa segunda carta, o tom pessoal se destaca de maneira intensa. Paulo registra o seu sofrimento, o lamento por somente Lucas estar ao seu lado, naquele momento, cita aqueles que o abandonaram ou que tiveram que se dirigir a outras localidades e registra seu pressentimento de que o fim de sua vida está próximo. As orientações nela contidas dirigem-se muito mais ao próprio Timóteo, tanto no sentido do que deveria fazer e ensinar, quanto no que ele deveria evitar. É por isso que muitos consideram esse escrito quase como um testamento espiritual.


Estrutura e temas

Destinatário e saudações. | 2tm 1:1
Gratidão a Deus e recordações gerais acerca de Timóteo. | 2tm 1:3
Exortação a reavivar o dom do Espírito. | 2tm 1:6
Exortação a não se envergonhar de dar testemunho. | 2tm 1:8
Exortação a seguir as sãs palavras. | 2tm 1:13
Lembranças dos que não estão mais presentes. | 2tm 1:15
Pedido para que Timóteo se fortaleça no Evangelho. | 2tm 2:1
Hino a Jesus. | 2tm 2:11
Exortações diversas: Evitar as contendas inúteis - Evitar as paixões da juventude - Seguir a justiça, a fé e a caridade - Manter-se manso e evitar brigas - Agir com suavidade em relação aos opositores. | 2tm 2:14
Os momentos difíceis dos últimos dias. | 2tm 3:1
Exortação a seguir o exemplo de Paulo. | 2tm 3:10
Exortação a permanecer firme no que aprendeu. | 2tm 3:14
Exortação à prática do bem e atitude para com os desobedientes. | 2tm 3:13
Solene exortação a que Timóteo continue o trabalho que lhe foi confiado. | 2tm 4:1
Paulo pressente que está chegando o tempo de sua partida. | 2tm 4:6
Pedido para que Timóteo venha ao encontro de Paulo. | 2tm 4:9
Todos o que atuam no Evangelho se foram, exceto Lucas. | 2tm 4:10
Pedidos e recomendações de cuidado. | 2tm 4:11
Relato da defesa solitária e da esperanças em Deus. | 2tm 4:16
Saudações e orientações finais. | 2tm 4:19


Local, data e origem

As questões em relação à autenticidade se repetem também neste caso. Entre os que a consideram autêntica, ainda resta o desafio de situar temporalmente a percepção expressa por Paulo de que seu fim está próximo. O texto de Atos dos apóstolos encerra com Paulo preso em Roma, mas não dá indícios de que ele teria sido martirizado logo depois. Além disso, existem algumas tradições que falam que o Apóstolo dos Gentios teria sido libertado e depois viajado para a Espanha. A sua morte teria ocorrido em Roma, em uma segunda prisão. A carta, portanto, seria desse período. O problema está em estabelecer o que teria acontecido com Paulo depois de sua libertação. Quanto tempo teria durado a sua viagem pela Espanha? O retorno teria sido para Roma ou para outra região? Qual o motivo de sua segunda prisão? Quais as circunstâncias de sua morte? Essas são questões a que a historiografia humana pode oferecer hipóteses e teorias.

Por essas razões, as datas variam entre 64 e 67, e o local, quase consensuado, seria Roma.


Perspectiva espírita

A relação entre Paulo e Timóteo, conforme o relato no livro Paulo e Estêvão, começa desde muito cedo, quando Paulo visita Listra e ali encontra o então jovem Timóteo, que demonstra interesse incomum na mensagem de Jesus para alguém daquela idade. Timóteo, anos mais tarde, se juntaria à caravana, passando a colaborar direta e intensamente com Paulo na divulgação do Evangelho.

Em relação à segunda carta, Emmanuel não deixa dúvida sobre a sua autenticidade, ao citar explicitamente um trecho dessa correspondência, indicando, assim, a data e local de redação como sendo o ano de 65 e a cidade de Roma, um pouco antes do martírio do ex-doutor da Lei.

Do ponto de vista do ensino, essas duas epístolas trazem um registro da importância da juventude cristã, da sua capacidade de realização e do esforço que deve ser empregado em transmitir-lhe as bases do Evangelho, a fim de que os jovens não somente vivenciem a proposta do Cristo, como também sejam capazes de dar continuidade na tarefa de ofertar as luzes da Boa-Nova aos que a buscam.





Introdução à Carta a Tito



A Carta a Tito enquadra-se, também, na categoria de textos de exortação. Destaca-se pela autoridade que o destinatário possui diante da estruturação dos serviços e responsabilidades dentro da comunidade. Nesse sentido, Paulo parece orientar-lhe particularmente sobre essa natureza de encargos.

Em relação à história do texto, embora ele não faça parte do cânone mutilado de Marcião, o de Muratori o registra, curiosamente posicionado antes das Cartas a Timóteo.


Estrutura e temas

Destinatário e saudação. | Tt 1:1
Tarefa delegada a Tito. | Tt 1:5
Características dos anciões. | Tt 1:6
O que fazer em relação aos insubmissos que abusam da palavra. | Tt 1:10
O que deve ser ensinado sobre os anciões, as mulheres e os jovens. | Tt 2:1
Tito deve ser exemplo. | Tt 2:7
Ensino sobre os servos. | Tt 2:9
A manifestação da bondade de Deus. | Tt 2:11
Tito deve ser firme no ensino. | Tt 2:15
Deveres diversos. | Tt 3:1
Recomendações especiais a Tito. | Tt 3:8
Saudação e bênção final. | Tt 3:15


Tito

Sabemos, por 2 Coríntios, que Tito era um cooperador ativo de Paulo, dadas várias menções feitas a ele e seu papel nas crises dentro da comunidade de Corinto. Em Gl 2:3, também há uma referência a ele, incluindo-o no grupo composto de Paulo e Barnabé, que vão á Jerusalém encontrar com Pedro, Tiago e João, por ocasião do primeiro concílio. Nessa carta, Paulo informa que Tito foi forçado a circuncidar-se, o que sugere que ele era de origem gentílica.


Origem e data

Existem, nos últimos 200 anos, muitos debates acerca de a Carta a Tito ter sido escrita por Paulo. Os argumentos concentram-se, em sua maioria, em dois pontos principais: o primeiro ponto refere-se ao estilo e às ideias presentes nessa carta e que estão ausentes nas demais cartas consideradas legítimas; o segundo ponto está na dificuldade de encaixar os registros ali presentes no que se entende como a cronologia do trabalho de divulgação do Apóstolo dos Gentios e no estado das comunidades existentes. Nas últimas duas décadas, a questão do estilo começou a ser revista por alguns autores, reconhecendo que esses argumentos possuem maior ou menor força a partir da ênfase que se dê a alguns aspectos do texto. Em relação ao conhecimento da cronologia, de eventos e estado das comunidades, é preciso reconhecer a extrema dificuldade em reconstruir a história, o desenvolvimento e as características específicas das comunidades que surgem do trabalho de Paulo, com base no material historiográfico utilizado pela maioria dos estudiosos.

Ao se considerar os registros da própria carta, temos uma situação bem diferente. Em Tt 1:5, há a indicação de que Tito está em Creta, e, em Tt 3:12, ele deveria encontrar Paulo em Nicópolis.

A palavra Nicópolis significa “cidade da vitória”. Na época de Paulo, existiam várias localidades no Império Romano com esse nome, embora a maioria fosse de pequena expressão e tamanho. O mais provável é que a cidade mencionada corresponda à que estava localizada no golfo de Ambracia.
As sugestões, em relação às datas de redação, compreendem um período relativamente longo, concentrando-se entre os anos 54/55 e 65/67.


Perspectiva espírita

Os registros sobre Tito em Paulo e Estêvão são um importante contributo para o entendimento da personalidade e do trabalho desse trabalhador do Evangelho. Emmanuel informa que Paulo o conhecera recém-saído da infância, na cidade de Antioquia, e que ele possuía uma índole laboriosa. Era gentio e dado ao trabalho e esforço, e converteu-se em um “expoente do poder renovador do Evangelho”. Pelo exemplo e conhecimento, foi um colaborador importante na estruturação dos trabalhos e na organização de comunidades nascentes, como a Igreja de Antioquia e a de Corinto.

Os conhecimentos de Tito foram também um importante argumento em favor da divulgação do Evangelho entre os gentios, quando da reunião ocorrida em Jerusalém para determinar quais as obrigações que os novos adeptos do Cristianismo deveriam ter.

Tito é um exemplo de que a conjugação entre o sentimento e a inteligência converte-se na aplicação efetiva da mensagem do Evangelho, fazendo eco nas palavras do Espírito de Verdade “Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento, instruí-vos, este o segundo”.




Ver volume 5 da coleção - At, 2ª parte, Atos 15:1-2. (Nota do organizador)

, capítulo 6, item 5. (Nota do organizador)




Introdução à Carta a Filêmon



A Carta a Filêmon destaca-se não só por ser a epístola mais curta atribuída a Paulo, como também pelo seu conteúdo. A maior parte do texto trata de um problema muito específico, que é o retorno de Onésimo, muito provavelmente um escravo ou servo, que teria fugido do seu senhor Filêmon.

Apesar de ser referida como Carta a Filêmon, ela é endereçada a uma comunidade que existia na casa dele, da qual Paulo cita nominalmente alguns membros. A antiguidade não contesta essa carta. Marcião a reconhece e ela está incluída no cânone de Muratori. Tertuliano, Orígenes e Jerônimo também reconhecem esse escrito.


Filêmon e Onésimo

Pelo teor da carta, sabemos que Filêmon era conhecido de Paulo, e, se considerarmos que os nomes de Onésimo e Arquipo referem-se às mesmas pessoas que aparecem na carta aos Cl 4:9 e Cl 4:17, podemos considerar que Filêmom possivelmente vivia em Colosso.


Local e data

Paulo afirma que está preso, mas que tem a expectativa de ser liberto, o que sugere que se trata da primeira prisão em Roma.

Em relação à data, os estudiosos indicam um período em torno do ano 62.


Perspectiva espírita

Emmanuel faz uma breve, mas importante, referência a esse texto em Paulo e Estêvão. No período em que Paulo está em prisão domiciliar em Roma, antes de sua viagem para a Espanha, ele ia até a prisão receber sua cota de alimento, e nesses momentos aproveita para falar aos prisioneiros que permaneciam encarcerados. A seguir, o trecho de Paulo e Estêvão: “A palavra de Paulo de Tarso atuava como bálsamo de santas consolações. Os prisioneiros ganhavam novas esperanças e muitos se converteram ao Evangelho, como Onésimo, o escravo regenerado, que passou à história do Cristianismo na carinhosa epístola a Filêmon”.

A pequena Carta a Filêmon é um grande testemunho da atuação cristã, que não se esquiva do auxílio aos que se transviaram da lei humana, sem, contudo, fugir aos compromissos estabelecidos com a ordem e o respeito às autoridades. A forma carinhosa com que Paulo escreve a Filêmon mostra que, nas lides cristãs, ninguém está tão acima que não deva se ocupar com os problemas dos indivíduos que cruzam o seu caminho, já que em uma sociedade verdadeiramente cristã, o problema de um é de responsabilidade de todos.




As Cartas 1 e 2 de João são ainda menores e a de Judas possui o mesmo tamanho. (Nota do organizador)




Introdução à Carta aos Hebreus



A Carta aos hebreus é talvez o mais controvertido texto do Novo Testamento. Não só pela sua forma. que se diferencia de todas as demais cartas, mas, também, por alguns aspectos que, desde o Cristianismo Primitivo, chamaram a atenção de estudiosos: o nome de Paulo não aparece uma única vez na carta; os temas que normalmente são tratados com importância nas outras cartas, aqui estão ausentes ou abordados de maneira indireta ou diferente.

O uso e abordagem ao Antigo Testamento também fazem com que, no conjunto, o texto de Hebreus se aproxime mais de uma exposição argumentativa do que propriamente uma carta, à exceção do seu final. Isso pode ter sido uma das razões pelas quais a carta não é colocada logo após II Coríntios, como seria de se esperar, dado o seu tamanho e ser ela destinada a uma coletividade.

Por essas razões, temos posições diferentes em relação à sua autoria. Tertuliano atribuía a carta a Barnabé; Clemente, de Alexandria, acreditava que a carta era de Paulo, mas que teria sido escrita em língua hebraica e depois traduzida para o grego por Lucas. Orígenes conhece e cita Hebreus, embora sua posição em relação à autoria pareça diferir ao longo do tempo.

Apesar disso, já existem, em Clemente de Roma, visíveis similaridades com Hebreus, o que sugere que ele a conhecia. Isso nos leva a crer que, para além das questões de autenticidade, o conteúdo foi acolhido pela maioria dos cristãos.


Estrutura e temas

Deus falou antes de muitos modos, agora fala por meio do Filho. | Hb 1:1
Superioridade de Jesus. | Hb 1:3
Jesus é superior aos anjos. | Hb 1:4
Jesus é superior a Moisés. | Hb 3:1
Jesus é um sumo sacerdote. | Hb 4:14
Aqueles que deveriam ter se tornado mestres permanecem como crianças. | Hb 5:11
Os temas mais elevados. | Hb 6:1
Advertências aos que foram iluminados e caíram. | Hb 6:4
Encorajamento e esperança. | Hb 6:9
O sacerdócio de Melquisedec. | Hb 7:1
O sacerdócio levítico e o de Melquisedec. | Hb 7:11
O sacerdócio de Jesus. | Hb 7:21
O tema mais importante da carta. | Hb 8:1
Jesus é mediador de uma aliança maior. | Hb 8:6
O ritual e o culto na primeira e na segunda alianças. | Hb 9:1
O porquê de Jesus ser o mediador da nova aliança. | Hb 9:15
Os sacrifícios feitos da forma antiga são ineficazes. | Hb 10:1
O sacrifício de Jesus é eficaz. | Hb 10:11
A liberdade proporcionada pelo sacerdócio e sacrifício de Jesus. | Hb 10:19
Exortação à perseverança. | Hb 10:23
A importância da fé. | Hb 11:1
Perseverar com os olhos fixos em Jesus, que é o iniciador e consumador da fé. | Hb 12:1
O sofrimento como forma de correção. | Hb 12:5
Exortação à paz. | Hb 12:14
Advertências para os que se aproximam das realidades celestes. | Hb 12:18
Recomendações de amor e conduta na comunidade. | Hb 13:1
Todos os dirigentes perecem, só Jesus permanece. | Hb 13:7
O fortalecimento do coração e o altar íntimo. | Hb 13:9
Obediência aos dirigentes. | Hb 13:17
Pedido de orações. | Hb 13:18
Bênção final. | Hb 13:20
Notas de envio, notícias de Timóteo e saudações finais. | Hb 13:22


Origem e data

A única referência, no próprio texto da carta, que remete a uma possível localização, é a citação na saudação final: “Os da Itália vos saúdam”. Isso sugere uma possível composição em Roma, sem, contudo, ser conclusiva nesse sentido.

As questões relacionadas à autoria e dificuldade de localização levaram os estudiosos a proporem datas bastante distantes em relação à composição da carta, compreendendo um período que vai desde o ano 60 até o ano 90, tendo 65 a 68 como sugestões mais frequentes.


Perspectiva espírita

A carta traz um conjunto de argumentos, defendendo a superioridade de Jesus em relação a Moisés e aos anjos. Isso se ajusta à perspectiva que a Doutrina Espírita utiliza da superioridade de Jesus, a começar pela de O Livro dos Espíritos.

Em relação a origem e data, Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, registra o momento e condições que levaram à elaboração da Carta aos hebreus. Paulo estava em Roma e após uma tentativa fracassada em apresentar o Evangelho aos correligionários judeus, ele decidiria concentrar seus esforços na divulgação do Evangelho entre os gentios. Nesse momento, um senhor de idade aproxima-se do ex-rabino e lhe pede que não desista de sua gente. Comovido com aquele gesto, Paulo informa que, não lhe sendo possível falar na sinagoga, dado a estar ainda em prisão domiciliar, iria escrever aos irmãos de boa vontade dentro do judaísmo. Transcrevemos a seguir o texto de Paulo e Estêvão que trata deste tema:

“Daí por diante, aproveitando as últimas horas de cada dia, os companheiros de Paulo viram que ele escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações. Em dois meses, entregava o trabalho a Aristarco para copiá-lo, dizendo:
— Esta é a epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la com o coração.
O amigo compreendeu o seu intuito e, antes de começar as cópias, destacou o estilo singular e as ideias grandiosas e incomuns.”





Índice dos CAPÍTULOS do Testamento Xavieriano



( ) () () () () () () () () () () () () () () () () () () ( )

As lições psicografadas em parceria com Francisco Cândido Xavier pelos médiuns , e devem ser procuradas em suas respectivas biografias. Coletânea de mensagens do .



Estudos Sistematizado e Aprofundado da Doutrina Espírita.



Estudos Sistematizado e da Doutrina Espírita.

— APÊNDICE:


FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA




CAPÍTULO 6  † 



Como algum de vós, tendo uma demanda contra outro, ousa ir a juízo perante os iníquos e não à presença dos santos?

2 Porventura não sabeis que os santos hão julgar a este mundo? E, se o mundo há de ser julgado por vós, porventura sois indignos de julgar o que seja mínimo?

3 Não sabeis que julgaremos aos anjos? Quanto mais as questões mundanas?

4 Portanto, se tiverdes que julgar questões mundanas, aos que na 1greja são os mais desprezíveis, constituí-lo-íeis por juízes.

5 Para vergonha vossa vo-lo digo. É possível que não haja entre vós um homem sábio, que possa julgar entre seus irmãos?

6 Mas o que se vê é que um irmão litiga com outro irmão, e isto diante de infiéis.

7 Já o haver entre vós demandas de uns contra os outros é, sem controvérsia, uma falta. Por que não sofreis antes a injúria? Por que não tolerais antes o dano?

8 Mas vós mesmos sois os que fazeis a injúria e causais o dano; e isto a vossos próprios irmãos.

9 Acaso não sabeis que os iníquos não possuirão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros,

10 Nem os preguiçosos, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os ébrios, nem os maldizentes, nem os roubadores hão de possuir o reino de Deus.

11 E tais haveis sido alguns; mas fostes lavados, fostes santificados e fostes justificados em nome de nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus.

12 Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Tudo me é lícito, mas eu não permitirei que nada me domine.

13 Os alimentos são para o ventre, e o ventre para os alimentos; mas Deus fará perecer a ambos; e o corpo não é para a devassidão mas para o Senhor; e o Senhor para o corpo.

14 E Deus que ressuscitou ao Senhor, também nos ressuscitará a nós pela sua virtude.

15 Não sabeis que os vossos corpos são membros do Cristo? Arrancarei, assim, os membros do Cristo e farei deles membros duma meretriz? Absolutamente!

16 Não sabeis porventura que quem se acasala com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque disse: Serão dois numa mesma carne. (Gn 2:24)

17 Mas o que se une ao Senhor, comunga seu espírito com ele.

18 Fugi da prostituição. Todo e qualquer pecado que o homem cometer, é extracorpóreo, mas o que comete prostituição, peca contra o seu próprio corpo.

19 Acaso não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que está em vós, o qual recebestes de Deus, e que agora não mais vos pertenceis?

20 Porque vós fostes comprados por um grande preço. Glorificai pois, e trazei a Deus no vosso corpo.



Há imagens desse capítulo, visualizadas através do - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: | | A bíblia em francês de , da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: 28th revised edition, edited by Barbara Aland and others; by John Hurt.