Terminadas as palavras reveladoras aos gregos, não deu o evangelista o resultado dessa entrevista.
Mas, pelo comentário escrito a respeito da descrença dos judeus, com os quais o Mestre convivera alguns anos, e diante dos quais realizara tantos sinais inequívocos da Sua missão superior, temos a nítida impressão de que os gregos Lhe protestaram fidelidade incondicional. E foi isso o que mais deve ter impressionado o discípulo amado: como é que aqueles estrangeiros haviam bebido em rápida entrevista os ensinos de Jesus, e os judeus... "apesar de tantos sinais (e aqui João emprega o termo iniciático sêmeion) não acreditavam nele"?
A única explicação desse fato incrível, vai buscá-lo o narrador na profecia de Isaías (Isaías
276) avisa-nos prudentemente que "A profecia não é a causa do fato, mas simplesmente vê antes, tanto quanto a memória vê depois. Mas o fato é independente da profecia, tanto quanto da memória que o relembra".
Isaías pergunta ao Senhor Deus dele (a "Seu Guia"), em tom de queixa: "quem acreditou no que ouviu de nós? E a quem foi revelado o braço do Senhor"? - ou seja, a quem se tornou manifesto o poder superior?
A explicação do fato de não acreditarem nem serem fiéis, o próprio Isaías o revela em outro passo 6:9-3, já citado em MT
Até aqui tudo regular e compreensível. Mas João lança uma afirmativa séria: "Isaías (Esaias) disse (eípen) isso (taúta) porque (hóti) (1) viu (eíden) a doutrina (dóxan) dele (autoú) e falou (kai elálêsen) a respeito dele (perì autoú)".
1242, 1344, 1365, 1646, 2148, 2174, ítala a, aur. b; c; d; f; ff2; q, r1; vulgata, siríaca peschitto, harcleense, gótica, etiópica, georgia (?), Diatessáron, Orígenes latino, Eusébio, Ambrosiáster, Hilário, Basílio, Dídimo, Crisóstomo.
Como vemos, a preferência por "porque", em lugar de "quando", é baseada apenos nos códices mais antigos (Sinaítico e Vaticano) e nos dois papiros do segundo século: 66 e 75.
... E quantos padres e pastores têm o mesmo comportamento! Fácil, portanto, a previsão de Isaías.
Isaías viu a doutrina dele e verificou que era elevada demais para a humanidade terrena. Mas como pode Isaías ver a doutrina de Jesus? Logicamente lhe foi revelada por Ele mesmo em Espírito, antes de encarnar, pois era o própria Guia de Isaías, e se apresentava aos médiuns de então com o nome de YHWH. E Sua doutrina era a mesma ensinada nas Escolas de Médiuns (ou de "profetas"), que as havia, como vimos (cfr. vol. 4, nota).
No entanto, João acrescenta que até mesmo "muitas autoridades" aceitaram a doutrina de Jesus, embora às ocultas, achando-a bela, mas "não se uniam a ele", e isso pelo "respeito humano", isto é, pelo temor de serem excomungados pelas autoridades eclesiásticas das sinagogas. Com efeito "amavam a doutrina (dóxa) dos homens mais que a doutrina de Deus".
Isso ocorre ainda hoje... E mais uma vez perguntamos: por que também aqui dóxa é traduzida po "glória" nas edições vulgares? Interessante observar que as traduções correntes dizem: "prezavam mais a glória que vem dos homens, do que a glória que vem de Deus". Alguém já viu Deus vir à Terra para glorificar algum homem? Nem com Jesus ocorreu isso! ... O que dizem certos autores, de glórias recebidas de Deus, são teorias subjetivas e opiniões de criaturas, em seus julgamentos pessoais.
a) as fanatizadas por doutrinas religiosas dogmáticas que, mesmo diante da evidência dos fatos, se recusam a renunciar às suas convicções pessoais: preferem de longe as doutrinas em que aprisionaram seus intelectos, e nada vêem além disso, mesmo diante de provas convincentes ("não acreditaram nele");
b) as educadas em doutrinas religiosas dogmáticas mas que, ou já adquiriram certa capacidade intelectual para raciocinar por si, ou possuem certo grau de intuição; estas, diante de provas irrefutáveis e de fatos incontestáveis, cedem. Mas de tal forma se acham condicionadas ao que lhes foi ensinado desde a infância, que têm medo de afastar-se da trilha que lhes foi dada, ainda que na prática também não na adotem plenamente, pois limitam-se à frequência corporal externa dos ritos, sem que sua mente os compreenda nem aceite ("não se uniam a ele para não serem excomungados");
c) as que se acham totalmente libertas de dogmas religiosos criados pelos homens, quer porque seu intelecto já os repeliu definitivamente, quer porque suas dúvidas racionais os deixaram tão incrédulos, que se acham prontos a aceitar aquilo que lhes chegue apoiado em provas de razão e em fatos indiscutíveis. São os "maduros" para "receber o Reino de Deus". E quando encontram a verdade, ainda que fora dos rebanhos em que foram criados, sabem discernir o falso do certo, e acompanham os Emissários divinos que lhes venham revelar novos caminhos ("quem me tem fidelidade, não é a mim que a tem, mas a Quem me enviou").
Um dia tornar-se-á realidade geral a verdade de que nenhum ser humano deverá ser escravizado pelo temor moral de castigos, quer se digam falsamente de origem divina, coma o inferno eterno, quer sejam impostos por "guias" (?) de grande atraso evolutivo, que ainda ameaçam desastres aos que os abandonarem para buscar outros "Centros".
A Divindade está dentro de todas as Suas criaturas e envolve-as por todos os lados, deixando-lhes liberdade de escolha, pois só aprenderá a escolher o certo, quem tiver sofrido as dores cruciais de seu equívoco ao escolher o errado: um aprendizado de experiências pessoais conscientes cujo professor é o Sofrimento.
Então, se a Divindade nos deixa livres, qual é o homem ou o espírito desencarnado que seja tão ignorante a ponto de julgar-se com direitos e sabedoria superiores aos de Deus?
O grande caso triste nas tarefas iluminativas do Espírito, é que a grande massa humana ainda se encontra nos primeiros degraus do estágio hominal, só há muito pouco tempo saída, e não de todo, da irracionalidade animal, e não tem capacidade para vislumbrar a verdade espiritual. Pouquíssimos conseguem realmente perceber as vibrações puras e elevadas dos Mestres de Sabedoria, e são ainda em menor número os que deixam tudo para seguí-Los, "muitos são os chamados, poucos os escolhidos" (MT
Então ocorre exatamente o que disse Isaías: têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem, porque seus olhos parece que cegaram, e seu coração se endureceu de maneira que nada entendem e não se voltam da matéria para o espírito a fim de serem curados de suas dores e sobretudo de sua ignorância.
SH)WH - yahweh-yehshwah - era bem conhecida de Isaías e de todos os profetas (médiuns) que a estudavam nas Escolas Iniciáticas de Profetismo e a viviam na prática dos exercícios religiosos mais rigorosos, onde as revelações do oriente mais remoto já haviam chegado, pois a ligação entre as Escolas era fato concreto, não só por meio das viagens dos Mestres encarnados que perambulavam pelas ínvias estradas do mundo de então, como pelas lições trazidas pelos desencarnados que se comunicavam e que, embora tivessem pertencido a um centro iniciático, reencarnavam em outro, a fim de tornar universais as experiências conquistadas, beneficiando a humanidade toda.
Aqui ainda aparece mais uma vez o verbo hômologéô, ao qual atribuímos (vol.
5) o sentido de "sintonizar" e portanto "unir-se", ou talvez melhor "unificar-se", falando no mesmo tom, falando (logéô) no mesmo tom (hômo), vibrando na mesma nota.