Há muita especulação e sensacionalismo humano em torno do Sermão Profético de Jesus, que, utilizando imagens fortes, passa uma ideia apocalíptica aos menos afeiçoados aos estudos das figuras de linguagem, notadamente com o auxílio das "chaves" que o Espiritismo disponibiliza ao Mundo como instrumentos intelecto-morais de entendimento justo das Leis Divinas, para um acesso justo e fecundo no universo das Revelações históricas encerradas na Bíblia.
Todo o fundamento das revelações genuínas e norteadoras das almas se baseia na lógica do processo evolucional, que assegura harmonia e estabilidade ao Universo. Os que iniciam sua jornada de despertamento espiritual através dos vínculos imprescindíveis com a matéria ("fluido universal" ou "fluido cósmico", em suas diversas expressões na Criação) são inspirados por aqueles que os antecederam nessa jornada de ascensão, os quais, por terem alcançado posições destacadas na 5ida Real, recebem por encargo mantenedor de seu progresso e como meio de sua depuração a tutela de outros Espíritos menos evolvidos ou mesmo de grupos de Espíritos, se sua evolução for compatível com isso. Desse modo, profecia é visão de conjunto, prenunciando aos sofridos e ansiosos filhos da Terra ou de mundos menos evoluídos moralmente aquilo que os aguarda como fruto de suas ações e reações no tempo: "Não havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado" (Provérbios
Em verdade, quando abordamos a onipresença de Deus, referimonos à sabedoria de que se imantam tudo e todos, numa orquestração divina que denominamos "Justiça", a caminho da plenitude no "Amor". O assunto está explicitado na Segunda Epístola de Pedro, quando o pescador de Cafarnaum escreve com sublime inspiração: "Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste" (II Pedro
Simão Pedro se refere, ao mesmo tempo, aos alicerces da Revelação Divina, no Antigo Testamento ("E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" - Gênesis
Para que possamos alcançar a profundidade do pensamento de Pedro em sua Epístola e fugir da literal interpretação dos textos, somos agraciados pelo conteúdo doutrinário do Consolador, em seus alicerces, com Allan Kardec, que, sob a orientação do Espírito de Verdade, sintetiza tudo o que existe numa expressão trina - "Deus, espírito e matéria" (O Livro dos Espíritos, questão 27). Compreendendo que Deus é o "Grande Espírito", a "Inteligência Suprema", a "causa primária de todas as coisas", e que o espírito não é matéria, mas sim o "princípio inteligente do Universo", que evolui e se faz sentir, perceber, através da matéria, nosso escopo torna-se então justamente analisar essa "matéria", a qual é denominada, em sua essencialidade, "fluido universal" ou "fluido cósmico", e que, segundo André Luiz (Evolução em Dois Mundos, parte primeira, capítulo 1), é a "força nervosa do Todo-Sábio", o "hausto do Criador". Ora, a respiração de Deus é o Seu "pensamento" divino - herança que o Pai e Criador legou, de algum modo, a Seus filhos, os "Espíritos". Daí as "águas" mencionadas no Gênesis e referendadas por Simão Pedro em sua Epístola reportaremse ao "pensamento criador" por excelência, como "linfa" preciosa sobre a qual tudo se cocria, inclusive na separação das águas, "de cima" e "de baixo".
Paulo adverte: "Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração" (AT