Ninguém negará que, por efeito da presença de Espíritos nobres e mais iluminados, a vida na Terra alcança níveis melhores e mais consentâneos com os propósitos divinos estampados em a Natureza, que reflete o poder Criador. Esses "escolhidos" são os que se projetam pelo próprio esforço, sendo elementos que balizam o curso das experiências humanas, por educadores morais das massas: "E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada" (LC 9:52). Ainda por efeito dos vícios interpretativos dos homens, inclusive nas religiões que se pautam por política e convenções transitórias, o termo "escolhido" guarda um sentido de "privilegiado", de "destacado", para se impor aos demais com suas falsas credenciais intelectivas ou materiais... ("Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" - MT 22:14).
Entretanto, se há "escolhidos" no plano social, a título de liderança, os há projetados das experiências somadas no campo interno da alma que jornadeia incansavelmente pela Terra através das reencarnações.
São esses "caracteres" de natureza moral que são pinçados pela sabedoria da Vida a fim de alavancarem o progresso das criaturas, dentro do determinismo da perfeição. Note-se que essas aquisições de ordem moral (regras de bem proceder) que emergem como raios de consciência da mente do indivíduo são como os "profetas" que antecedem o Cristo, por prepararem o seu caminho (alicerces): "Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (MC 1:3). A partir disso, entendemos como se pode "abreviar aqueles dias" (MT 24:22), ou seja, os períodos primitivos em que o ego a tudo determina, quando a força é o direito e o "reino de Mamom" é disputado ferozmente. As sínteses, em todos os campos de trabalho e realização, respondem pelo fim dos ciclos, inaugurando outro patamar de experiências e projeções: "E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado" (JO 3:14); "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (I Coríntios 1:18).
Nos versículos de 22 a 27, do capítulo 24 de Mateus (MT 24:22-27), temos uma nova laçada do formoso Sermão Profético, mas é imperioso registrar que o despertamento moral, então evidente nos textos, pode não ter força suficiente de impedir aos que se inserem nessa crise de expansão de potenciais o engodo e a deserção, se não houver vigilância íntima e apuro na busca das conquistas efetivas. "Falsos cristos e falsos profetas" podem surgir e implementar nessas mentes a "cristalização" dogmática, em aspecto religioso, ou mesmo ideias de superioridade ou de inferioridade, preconceituosas e fechadas: "Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis" (MT 24:26). Se o deserto representa a transição entre terras férteis, uma que já foi e se esgotou e outra que é fruto de profecia, ainda imprecisa, ali se processa, pelo esvaziamento de propostas personalistas, os clamores genuínos da alma: "Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías" (JO 1:23). Ultrapassado o deserto pelo esforço de seguir a Verdade, imperioso não "sair" do contexto promotor de vida, por mais ele nos custe (fidelidade aos deveres morais). Já a referência ao interior da casa, dentro desse contexto, busquemos, a título de ilustração, na passagem registrada por Mateus, no 12 de 43 a 45 (MT 12:43-45): "E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má".
O "Filho do Homem", como expressão genuína de nossa projeção moral através dos esforços reencarnatórios, lançando, por vibrações efetivas, manifestas em obras e realizações de melhor nível, as linhas essenciais de consciência e amor a Deus, em identidade com o Evangelho, funciona por "relâmpago" (clarão de consciência) que sai do âmago da criatura (símbolo do oriente) e se mostra nas últimas consequências do que ela faz por si e pelos semelhantes (dinamismo do ocidente): "Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente" (IS 43:5).