O juízo temerário. As coisas santas não deis aos cães. Perseverança na oração. A porta estreita. Os falsos profetas. Devemos ouvir e executar as palavras de Jesus.
1 Não queirais julgar, para que não sejais julgados.
2 Pois com o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão a vós.
Jesus condena a maledicência, a qual consiste em esmiuçar a vida alheia, apresentando-a aos olhos dos outros eivada de erros ou revelando sempre o mal. Enfim, ser maledicente é comentar as ações do próximo, procurando em todas as ocasiões descobrir e propalar o lado imperfeito dos atos de cada um.
A maledicência é uma imperfeição da alma. A pessoa maledicente é maldosa. Se o coração do maledicente fosse puro, ele não teria nenhum prazer em discutir, pelo lado pior, os atos de um seu irmão.
Dizendo Jesus que cada um será medido com a mesma medida de que tiver usado, é como se ele dissesse: — Uma vez que te comprazes em descobrir o mal cometido por teu irmão e depois discuti-lo e anunciá-lo, é porque em teu coração também existe a maldade. E da maldade que ainda trazes dentro de ti, terás de prestar contas ao Pai.
As pessoas que falam mal de seus irmãos ou, como se diz vulgarmente, as pessoas que falam da vida alheia, chamam-se murmuradores.
Jesus não quer que murmuremos contra a vida de nossos semelhantes, porque devemos notar que, às vezes, a pessoa que erra não compreende a extensão de seu erro. Cada um de nós age de acordo com sua inteligência e com o grau de adiantamento a que chegou e, principalmente, segundo o momento. Portanto, a inteligência, o grau de adiantamento espiritual e as circunstâncias em que se encontra, são os fatores que levam uma pessoa a agir. Mais tarde, ao se impor a análise do ato praticado, verificará que errou; e se tiver boa vontade, humildemente corrigirá o erro. E se formos maldizentes, agravaremos a situação penosa em que se encontra o irmão que errou, dificultando-lhe, por conseguinte, a reparação.
3 Por que vês tu pois a aresta no olho de teu irmão e não vês a trave no teu olho?
A propensão de todos nós é reconhecermos facilmente o erro dos outros; mas não temos nenhuma propensão para reconhecer os nossos próprios erros.
O orgulho, sob a forma do amor próprio, não permite que percebamos as imperfeições de nossa alma; porém, assim como vemos as imperfeições dos outros, do mesmo modo os outros vêem as nossas.
O amor próprio embaraça e retarda muito nosso progresso espiritual. Se o orgulho encobre nossos defeitos, a humildade no-los descobre a nós próprios.
Eis porque a pessoa humilde se adianta espiritualmente com grande facilidade: em lugar de perder tempo em reparar nos outros, usa sabiamente o tempo em descobrir suas próprias imperfeições e estudar os meios de livrar-se delas.
Outro ponto importante que devemos considerar é o seguinte: os nossos verdadeiros amigos são aqueles que, sinceramente, nos apontam os nossos próprios erros e nos induzem a corrigi-los. Quando a misericórdia do Pai colocar em nossos caminhos um desses amigos verdadeiros, não consintamos que o amor próprio nos torne surdos às ponderações dele; mas oremos ardentemente para que a humildade nos abra os olvidos à voz desses amigos providenciais.
4 Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho uma aresta, quando tu tens no teu uma trave?
5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás como hás de tirar a aresta do olho de teu irmão.
Um de nossos costumes e, talvez, péssimo defeito, é querer socorrer os outros, sem primeiro atender a nossas próprias necessidades.
Cada um só pode prestar auxílio eficaz a um semelhante, na medida das forças que possui, as quais são sempre proporcionais ao grau de progresso que realizou em benefício de sua alma. Não podemos dar o que não temos; e muito menos exigir que os outros observem e pratiquem os ensinamentos que nós nos esquecemos de observar e de exemplificar. Para dar, precisamos possuir; para amparar, precisamos ser fortes; para corrigir precisamos ser perfeitos, pelo menos naquilo que desejamos corrigir nos outros. Por conseguinte, para darmos a luz espiritual a nossos irmãos, é mister que possuamos essa luz; para ampararmos espiritualmente irmãos enfraquecidos, devemos ser fortes espiritualmente; e para corrigirmos imperfeições nos outros, não podemos apresentar imperfeições em nossa alma. Eis que se quisermos auxiliar eficientemente nosso próximo, impõe-se que fortaleçamos nossa alma, adquirindo as qualidades espirituais que ainda não possuímos e limpando nossos corações de todas as impurezas. Então, sim, veremos claramente.
O. argueiro são os defeitos que notamos na vida dos outros, esquecidos de que temos uma trave a nos embaraçar o caminho da espiritualidade. Essa trave são os erros que cometemos e as imperfeições de nossa alma. Tirar a trave de nossos olhos é, portanto, corrigir nossos erros e extirpar nossas imperfeições. Depois de removida essa trave, poderemos ajudar nosso próximo a livrar-se do argueiro, isto é, de suas imperfeições e ensiná-lo a corrigir seus erros. Aliás, esse é o primeiro dever de todos os espíritos, quer encarnados, em qualquer plano do Universo em que se encontrem e, aqui na terra, quaisquer que sejam suas obrigações terrenas.
6 Não deis aos cães o que é santo; nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles lhes ponham os pés em cima e, tornando-se contra vós, vos despedacem.
No ministrar os ensinamentos divinos, há mister graduá-los de conformidade com a compreensão das criaturas, com a boa vontade delas, e com as circunstâncias do momento.
Todo o ensinamento administrado em ocasião oportuna e graduado segundo a capacidade de quem o ouve, produz resultados benéficos Ao passo que o ensinar a esmo, sem que o discípulo repare na situação e na capacidade de percepção dos ouvintes, e perder tempo e, sobretudo, arriscar-se a ser ridicularizado.
Contudo, se o discípulo fosse esperar que aparecessem circunstâncias favoráveis, o trabalho de evangelização se tornaria extremamente moroso. Ë preciso, por conseguinte, que o discípulo se esforce em criar terreno propício para a semeadura. Em primeiro lugar, preparando-se a si próprio para adquirir a autoridade moral; depois trabalhando com bom ânimo para formar ambiente onde possa lançar suas ideias.
7 Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
8 Porque todo o que pede, recebe, e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á.
Nunca nos entreguemos à preguiça ou à inatividade. Jesus aqui nos recomenda o trabalho, a ação, o esforço próprio. Esforçando-nos diligentemente para melhorar nossas condições materiais e, principalmente, as espirituais, podemos pedir ao Altíssimo que nos faculte o que for necessário ao nosso progresso espiritual e material. Jesus nos lembra que nos sirvamos da prece. A prece sincera dirigida ao Altíssimo sempre encontra resposta. Ë pela prece que mostramos o íntimo de nosso coração a Deus; ele saberá prover as nossas necessidades. Deus é o Supremo Despenseiro; portanto, é a ele que devemos dirigir nossos pedidos. Contudo, é mister ter em mente que só receberemos o que for de real interesse ao progresso de nossa alma. Se, em nossa ignorância, pedirmos coisas que prejudicarão nosso aprimoramento espiritual, não as receberemos. Todavia, jamais deixaremos de receber o conforto e as consolações do plano superior.
Dizendo-nos que se buscarmos acharemos, Jesus também nos ensina a procurar as imperfeições de nossa alma. E, depois de achá-las, peçamos ao Pai que nos inspire como ficarmos livres delas.
E a quem bate, abrir-se-á. Aqui Jesus nos afirma que os planos superiores estarão sempre abertos para atender aos nossos justos pedidos, em quaisquer circunstâncias em que estejamos.
9 Ou qual de vós porventura é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
10 Ou porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente?
11 Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem?
O pai que sabe amar verdadeiramente seus filhos, atenderá, o pedido deles, na proporção justa das necessidades de cada um; não lhes dará mais, nem menos. E, sobretudo, evitará dar-lhes coisas que os poderão prejudicar, por mais que lhas peçam. Muitas vezes, o que os filhos pedem, poderá originar desastres. Então o pai previdente não lhas dá. E o que os filhos não pedem, por não saberem pedir, o pai lhes dá por saber que aquilo irá beneficiá-los.
Assim é Deus. Ele só dá a seus filhos, que somos nós todos, aquilo que realmente contribuirá para nossa felicidade futura, isto é, para nossa felicidade espiritual, sem que nos pergunte se gostamos ou se não gostamos, se queremos ou se não queremos. E recusa formal-mente tudo quanto poderá causar danos ao nosso espírito, embora lho peçamos.
Dizendo-nos Jesus, que o Pai dará bens aos que lhos pedirem, não quer ele dizer que o Pai só nos dará o de que gostamos. Os bens que o Pai nos dará são aqueles que contribuírem para nossa espiritualização e para purificação de nossa alma. Frequentemente o bem consiste numa doença; outras vezes, nas dificuldades de cada dia; e o Pai nos dará a riqueza ou a pobreza, caso um destes estados possa servir ao nosso progresso. E, assim por diante, o Pai nos dará sempre o que for útil ao aperfeiçoamento espiritual de cada um de nós, embora possa acontecer que a dádiva nos contrarie.
12 E assim tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles. Porque esta é a lei e os profetas.
Dizendo-nos Jesus, que esta é a lei e os profetas, quis ele dizer-nos que este mandamento resume toda a lei divina e tudo quanto os profetas ensinaram. É a lei da causa e do efeito. A toda causa corresponde um efeito, o qual será sempre da mesma natureza da causa que o originou. Os atos maléficos dão origem a sofrimentos, para quem os cometeu. Os atos benéficos promoverão a felicidade de quem os praticou. Na assistência recíproca que nós nos devemos uns aos outros, encontraremos a recompensa para nossas boas ações e a punição para as más. Cada um comerá, segundo o que plantar: semeemos o bem e colheremos o bem; e se espalharmos o mal, teremos de arcar com as consequências. Lembremo-nos de que só seremos felizes, na proporção da felicidade que tivermos dado aos outros.
Aqui se impõe um exame de nossa situação atual, com relação a nossas existências passadas e às futuras. Se quisermos ser felizes no futuro, comecemos a fazer o bem daqui por diante. E o mal que tivermos feito em existências passadas, é a raiz de nossos sofrimentos do presente.
13 Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho, que guia para a perdição e muitos são os que entram por ela.
14 Que estreita é a porta e que apertado o caminho, que guia para a vida; e que poucos são os que acertam com ele!
A luta que travamos para a conquista dos bens espirituais constitui a porta estreita e o caminho apertado no fim do qual está a verdadeira vida, a Vida Eterna, livre de reencarnações dolorosas, que viveremos nos planos felizes da espiritualidade.
Os gozos terrenos são a porta larga e o caminho espaçoso, no fim do qual está o sofrimento nos planos inferiores e depois reencarnações cheias de dores e de desesperos.
E são poucos os que trabalham pelos bens espirituais. A maioria envereda pelo caminho largo das coisas da Terra.
Mantermo-nos na observância dos preceitos divinos é a porta estreita pela qual Jesus nos convida a penetrar no reino dos céus. Possuirmos a pobreza de espírito, isto é, a humildade; sermos mansos, misericordiosos, pacíficos e limpos de coração; reconciliarmo-nos com os adversários; não alimentarmos pensamentos adúlteros, honrando o sagrado instituto da família; não abrigarmos no coração sentimentos de ódio e de vingança; sermos úteis a todos, sem distinção de credos, cor e classes sociais; fazermos o bem, mesmo a inimigos e orarmos por eles; não praticarmos a caridade orgulhosa, nem elevarmos ao Senhor orações hipócritas; perdoarmos sempre; recebermos alegremente o jejum da alma, isto é, as expiações e as provas; darmos o justo valor às coisas da Terra, procurando, em primeiro lugar, amealhar as riquezas espirituais; vermos, em todas as circunstâncias o lado bom de tudo e de todos; confiarmos na Providência Divina; esforçarmo-nos por corrigir os próprios erros; livrarmo-nos de imperfeições e abandonarmos os vícios, tudo isso é nosso Dever, simbolizado por Jesus no caminho apertado e na porta estreita.
15 Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestidos de ovelhas e entro são lobos roubadores.
Falsos profetas são todos aqueles que trabalham contra os ensinamentos de Jesus e procuram perpetuar na terra a ignorância espiritual. São encontrados não só no terreno religioso, como também nos vários departamentos das atividades humanas. São perigosíssimos, porque semeiam a descrença, destruindo as energias espirituais de quem os escuta.
Apresentam-se revestidos de nobres títulos do saber humano, o que faz com que a funesta ação deles se exerça amplamente. As religiões dogmáticas que procuram manter os povos na cegueira espiritual, para auferirem proveitos materiais, são verdadeiros falsos profetas. A ciência, quando nega a imortalidade da alma e a existência do mundo espiritual, matando a Esperança e arrancando a Fé dos corações, também é um falso profeta. Os escritores, que com seus livros lançam a confusão e as trevas no espírito de seus leitores, são outros tantos profetas falsos, contra os quais cumpre usar de muita cautela.
Ainda há outra categoria de falsos profetas, que atacam de preferência os médiuns e os trabalhadores espirituais. Esta categoria é constituída pelos espíritos desencarnados que se comprazem na ignorância e tudo fazem para desviar os médiuns e demais trabalhadores espirituais de seus sagrados deveres.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Por ventura os homens colhem uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos?
17 Assim toda a árvore boa dá bons frutos; e a árvore má dá maus frutos.
18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar bons frutos.
Mantenhamos a máxima vigilância para que não sejamos vítimas dos falsos profetas. Impõe-se uma rigorosa análise das doutrinas e teorias que há no mundo. O melhor meio de analisá-la é aferi-las pelo Evangelho: tudo o que estiver em desacordo com os ensinamentos de Jesus deve ser rejeitado. Acaso poderemos colher algum fruto bom, um fruto que nos alimente durante a jornada, dessas doutrinas que semeiam a descrença e, quais espinheiros e abrolhos, sufocam a Fé e a Esperança?
19 Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada e metida no fogo.
20 — Assim pois, pelos frutos deles os conhecereis.
São bem expressivas as figuras das quais Jesus se serve para ilustrar seus ensinamentos. As árvores somos nós; os frutos, nossas ações; o fogo é o sofrimento. Seremos conhe cidos pelos nossos frutos, isto é, seremos julgados pelas nossas obras. A árvore cortada e lançada ao fogo simboliza o sofrimento, pelo qual passam todos os que se distanciam das leis divinas, produzindo más ações, que são péssimos frutos.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no reino dos céus.
22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não éassim que profetizamos em teu nome e em teu nome expelimos os demónios e em teu nome obramos muitos prodígios?
23 E eu então lhes direi em voz muito inteligível: Pois eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim os que obrais a iniquidade.
Não são os rótulos religiosos que abrem as portas dos planos felizes do Universo, nem tampouco as palavras piedosas que se pronunciam, nem as óbras que se praticam, quando são o orgulho ou a hipocrisia que as ditam ou inspiram. Inimigo da hipocrisia e do orgulho, tendo combatido acerrimamente estes dois vícios da alma, principais obstáculos à perfeição, Jesus coloca na categoria de obras da iniquidade mesmo as boas obras quando praticadas sob a capa destas duas imperfeições. E a vontade do Pai é que não sejamos nem hipócritas nem orgulhosos, praticando o bem pelo bem, sem outro qualquer motivo oculto.
24 Todo aquele pois que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha.
25 E veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa e ela não caiu; porque estava fundada sobre a rocha.
A observância dos preceitos de Jesus nos dará a fortaleza moral com a qual nós nos protegeremos, quando tivermos de sofrer as provas e as expiações que merecermos. Com o espírito fortificado pelo conhecimento que possuímos das leis divinas, facilmente triunfaremos das vicissitudes terrenas e edificaremos nossas vidas em bases sólidas, que não poderão ser abaladas pelas ilusões da terra. Quem ouve a palavra de Jesus, é aquele que estuda o Evangelho; mas não basta estudar ou ouvir a palavra; é preciso observá-la, isto é, viver de conformidade com o que ouviu e aprendeu.
A fortaleza moral que sustentará nosso espírito é a força que conquistamos para lutar contra nossas imperfeições e desenvolver em nossa alma a Virtude. Não só contra nossos defeitos devemos lutar, mas também devemos reagir contra o ambiente em que vivemos, porque, por vezes, nossos familiares mais queridos se convertem em instrumentos das trevas e combatem contra nossa espiritualização e consequente elevação para Deus. Saber sobrepormo-nos a nós mesmos e dominar com mansidão evangélica a inferioridade dos que nos circundam; impedir que eles anulem nossos esforços; e trabalhar, para que eles se elevem espiritualmente, constitui a fortaleza moral.
Além do estudo contínuo do Evangelho, podemos fortificar nosso espírito pela prece, pela dedicação aos trabalhos espirituais e pela leitura dos bons livros. A prece fortifica, principalmente se feita como um ato diário, em horas determinadas; forma-se, então, em nosso recinto uma pequenina corrente espiritual, da qual receberemos benéficos fluidos, que fortificam nosso corpo e nossa alma. A dedicação aos trabalhos espirituais é outra fonte onde podemos haurir forças espirituais, que nos protegerão das tentações do mundo.
Particularmente os médiuns, os trabalhadores do Evangelho, os próprios assistentes das sessões espíritas e dos estudos evangélicos, todos se beneficiarão das horas que passarem em contato com os planos superiores, através das lições de Jesus.
A leitura dos bons livros é outro meio eficaz de fortalecer o espírito.
Assimilando os altos pensamentos dos bons escritores, nosso espírito se revigora e se aparelha para resistir aos embates da vida.
Onde não haja centros de explicações evangélicas, resta-nos o recurso da prece e das boas leituras. E ainda temos outros meios fáceis de adquirir forças espirituais: visitando os doentes, levando-lhes nosso carinho e nossa palavra amiga de estímulo e de conforto. Há os desvalidos que também reclamam nosso concurso fraterno. Tudo isso são meios muito bons de fortificar nossa alma.
Recapitulando o que lemos acima, vemos que para edificar nossa casa sobre a rocha, para que a chuva, os rios e os ventos não a derrubem, poderemos usar dos seguintes recursos: estudo e prática do Evangelho; preces; frequência a centros de cultura espiritual; dedicação aos trabalhos espirituais e mediúnicos; leitura de bons livros; visita aos doentes e amparo aos desvalidos.
26 E todo o que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
27 E veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa e ela caiu e foi grande a sua ruína.
Um dos principais pontos onde poderemos fracassar é a não observância das lições do Evangelho, com conhecimento de causa. Uma vez que estudamos. as leis divinas, temos obrigação de viver de acordo com elas. O evangelho não é um repositório de máximas para uso dos outros apenas, mas, principalmente, para nosso próprio uso. Os que pregam e ensinam e, todavia, não vivem em harmonia com o que ensinam e pregam, estão construindo a casa sobre a areia. A fortaleza moral se consegue, sobretudo, pela prática diária dos preceitos divinos. Os médiuns que trabalham nos Centros Espíritas, pregando e doutrinando e contudo, em seus lares, em suas relações sociais, em seus costumes, não cogitam de aplicar os ensinamentos que pregam ou transmitem. aos outros, são trabalhadores fracassados, que constróem sobre areia. Neste particular, recomenda-se a máxima vigilância subre a família: uma vez que ditamos normas evangélicas para os outros, devemos zelar para que em nosso ambiente familiar estas mesmas normas sejam rigorosamente observadas.
Outros que também fracassam são aqueles que não possuem a força moral suficiente para seguirem a orientação espiritual que pediram e que receberam, mas que não veio consoante seus desejos. Todos podemos solicitar do plano superior uma orientação para bem dirigir nossas vidas aqui na terra, especialmente no que se refere à parte espiritual. Entretanto uma vez recebida a resposta, é mister que passemos a pautar nosso procedimento segundo as instruções que nossos guias espirituais nos deram.
Finalizando, podemos dizer que também constroem sobre a areia aqueles que não aceitam resignadamente as provas e as expiações que lhes couberam; e os que usam dos bens que o Senhor lhes confiou, unicamente para a satisfação de seu egoísmo.
28 E aconteceu que, tendo acabado Jesus este discurso, estava o povo admirado de sua doutrina.
29 Porque ele os ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas e os fariseus.
Jesus ensinava amorosamente o povo e sua doutrina ia direito aos corações de seus ouvintes, avivando-lhes a ideia inata que traziam, de um mundo de paz, de amor e de fraternidade. Despertava-lhes, assim, a esperança; reacendia-lhes a Fé e conduzia-os às práticas da Caridade. Ao passo que os escribas e os fariseus, os sacerdotes das religiões organizadas, amedrontando os humildes, sobrecarregando-os de formalidades materiais e esquecendo-se de cuidarem da parte espiritual do povo, pouca confiança mereciam. É o que sucede hoje com o Espiritismo: dia a dia ganha mais adeptos, porque, à semelhança do Mestre, trata com autoridade e mansidão de guiar as almas para Deus.