Religião Cósmica

CAPÍTULO 6

REFLEXÕES À MARGEM



(JO 14:6, MT 5:14, MT 5:I Coríntios 13:12, os 13:1 JO 4:16, Romanos 12:2, Tiago 1:23-24)

Se identificamos no Cristo o Sol eterno de Amor e Sabedoria a nos beneficiar com suas claridades imortais, Sócrates, sem dúvida, representava um raio sublime daquele poder de pureza e realização de Jesus. Diante dele, em expressão inteligente e sábia, sentia-me devassado por sublimes claridades, e uma compreensão tão dilatada e profunda me embalava todo o espírito, facultando-me uma lucidez e uma capacidade multidimensional de conjugar passado, presente e futuro... Impossível, portanto, nestas singelas anotações fraternas e despretensiosas, não refletir com os irmãos da Terra sobre nossas lutas e desafios evolucionais.

O tempo é uma abstração, uma ilusão dos sentidos, como muitos concluem e propõem. Pode ser comparado com os fenômenos das cores, dos prismas, que somente aparecem e se mostram graças à luz natural do Sol ou dos Astros, ou seja, é um efeito, não causa. Tempo é efeito, e a causa de suas expressões seria a infinita Bondade de Deus...

Semelhantes digressões nos auxiliam a enxergar ou a analisar, nos processos reencarnatórios, um "tempo" da própria alma, em movimentos regulados pela inderrogável Lei de Causa e Efeito — a Justiça Divina. Nossos processos de enovelamento com a matéria ou com o Fluido Cósmico, expressando relatividade e não a Verdade absoluta da perfeição em Deus, funcionam por um sonho ou pesadelo de maior intensidade. Aliás, nossas catarses oníricas ou nossos contatos extracorpóreos, por efeito do sono, simbolizam, em menor escala, o que as reencarnações são para as almas necessitadas de se verem, de se prepararem para a obra que lhes compete na ordem inestancável da Criação. Nesse conjunto de reflexões, não nos cabem afirmações fechadas, pois incorreríamos nos erros históricos das filosofias e das religiões, cristalizando ideias, estabelecendo dogmas. Operamos aqui as digressões morais e espirituais, com base nas estruturas doutrinárias que nos foram entregues com segurança e irretocável beleza por Allan Kardec. A grande dificuldade dos que desencarnam e se deparam com a fluidez do Mundo dos Espíritos é exatamente a ilusão de que a Crosta e suas expressões são reais, num mecanicismo fechado, o que é pura ilusão...

Ouvimos, certa vez, o termo "intermúndio", escrito através de um médium amigo por Dostoiévski desencarnado, o que nos chamou a atenção pelo valor do que foi proposto. Enquanto não atingimos o grau de pureza que nos insere na órbita dos cocriadores em plano maior, os executores das Vontades de Deus, respiramos no clima ainda sombrio e inseguro das próprias criações, de nível menor e, por isso, de natureza expiatória e provacional. Para o adulto bem formado, as criações e exercícios de uma criança expressam mero preparo motor e intelectual para a fase produtiva.

O Evangelho de Jesus educa as almas, porque se insere no plano das emoções, sempre geradoras de possibilidades, e a lucidez doutrinária do Espiritismo ordena a mente para as operações inteligentes e seletivas em nível moral, inaugurando, quando levados a sério, o período da evolução consciente. Isso significa "emancipação" efetiva. É nessa base que a Terra vem recebendo contingente expressivo de Espíritos mais despertos e mais capacitados a "romper" o comodismo, a inércia moral, os sistemas viciados e perversos que ainda predominam no mundo, geralmente patrocinados pelos poderes econômico e político, sem esquecer o poder religioso desviado de seus sagrados objetivos. Sem essa "enxertia", o sono atormentado e infeliz da maioria humana não seria vencido, pois a Luz do Cristo continuaria estática, mero efeito adorativo e de troca comum. Graças aos que se despertam, a dinâmica do amor e da caridade abrem leiras de entendimento e consolação.

Reconhecendo efetivamente que "a mente é o espelho da vida em toda parte", somente nos libertaremos de inquietudes, ciúmes, invejas, vinganças, mágoas, ódios, competições, frustrações, desalento, inconformações, preguiça e resistências, quando, por efeito de conscientização lúcida e positiva, racional e lógica, aderirmos ao Evangelho, que é a Fonte do Amor puro e santificado — máxima expressão da presença divina entre nós, como Providência imortal do Criador.