Canais da Vida

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Capítulo III

Espíritos familiares


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No intercâmbio entre encarnados e desencarnados, é justo lembrar que a morte nem sempre é sublimação espiritual, que a mediunidade, em sua expressão fenomênica, não é atestado de progresso moral definitivo da criatura terrestre e que os problemas do mundo prosseguem na alma que se transferiu de Plano, quando à mente não conseguiu desvencilhar-se das ilusões da existência física.

Muitos companheiros atravessam o túmulo conduzindo consigo paixões e frustrações que lhes constituem doloroso purgatório na vida espiritual, e muitos médiuns, não obstante respeitáveis pelas boas intenções em que se inspiram, permanecem jungidos ao passado inquietante, trazendo faculdades cativas às provas e angústias pelas quais se redimem.

Desse modo, é necessário compreender que a palavra dos familiares desencarnados, muito embora doce e amiga pelo carinho que traduz, pode conter o envenenado vinho da lisonja, que sorvido por nossa leviandade nos prejudica o soerguimento e a recuperação.

Indubitavelmente, é obrigação pura e simples receber a visita afetuosa das entidades que se nos afeiçoam à alma, entretanto, é imperioso analisar-lhes a conceituação e verificar-lhes os propósitos, em confronto com a posição que Jesus reclama de nós, a fim de que não estejamos embebedados pelo reconforto particular, indesejável aos nossos verdadeiros testemunhos de regeneração e progresso.

Imprescindível o estado de vigilância contra os convites à vaidade e ao egoísmo que, muitas vezes, se fantasiam de caridade ou de amor para tumultuar-nos o coração.

Guardemos a correta atitude do aprendiz do Senhor que não desconhece o sacrifício de si mesmo como estrada única para a ascensão a que se propõe.

Amemos aos nossos Espíritos familiares e agradeçamos a devoção afetiva com que nos acompanham.

Não nos esqueçamos, porém, de que eles e nós possuímos no Cristo o nosso padrão de luta e se ao nosso Divino Mestre foi reservada a cruz por recurso supremo à celeste ressurreição, estejamos valorosos no aprendizado renovador, abraçando no sofrimento e no serviço incessante os nossos reais instrutores, no caminho para a conquista da Vida Maior.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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