Cartilha Da Natureza. A Criação

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CAPÍTULO 18

COVA

Casimiro Cunha

Raro é aquele que medita Contemplando a terra impura, No trabalho peregrino Da cova pequena e escura.

Assemelha-se à ferida Sobre a leira dadivosa, Indicio de golpes fundos Da enxada laboriosa.

Mas, na essência, a cova simples, Singela, desconhecida, É o altar da Natureza, Celebrando a luz da vida.

É seio aberto à beleza, Ao bem que se perpetua, A existência renovada Que se eleva e continua.

É o sepulcro onde a semente, Em sombra e separação, Vai, morrendo, reviver Nas bênçãos da Criação.

E eis que a vida se elabora Nessa doce intimidade, Renovando-se aos impulsos De força e imortalidade.

Depois do apodrecimento, Germinação e esplendores, Verdes galhos de esperança, Tenros ninhos promissores.

Mais tarde, o tronco, a colheita Na fartura indefinida. . .

Tudo, a obra generosa Da cova humilde e esquecida.

Esse símbolo expressivo Vem lembrar, à criatura, O campo do cemitério E o quadro da sepultura.


* * *

Inda aí, a cova amiga É sempre o sublime umbral, Porta aberta ao crescimento No plano espiritual.








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