Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaA LENHA
Casimiro Cunha
Essa lenha pobre e seca, Que se entrega com bondade, É sugestão do caminho E exemplifica a humildade.
Já pensaste em seu passado?
Um lenho seco. . . que era?
Talvez o galho mais lindo Dos dias da primavera.
Quem sabe? talvez um tronco, Terno abrigo nos caminhos, Um palácio nobre e verde De flores e passarinhos.
No entanto, em missão de auxílio, Com santa resignação, Não se nega a cooperar Nas máquinas de carvão.
Em noite chuvosa e fria, Ela é a doce companheira Que aquece as recordações, Crepitando na lareira.
Ao seu calor, os mais velhos Acham prazer na lembrança;
Os mais moços a alegria De comentar a esperança.
Morrendo animosamente, Em chamas de luz e graça, Ela sabe que é de Deus, Por isso trabalha e passa.
Se viveu rindo e cantando, Entre seivas e prazeres, Com os mesmos encantamentos, Cumpre os últimos deveres.
Ah! quão poucos na jornada Convertem reminiscências Em calor, vida e perfume De novas experiências!. . .
Mas chega o dia em que o homem, Sem combater, sem negar-se, Precisa, como essa lenha, Da coragem de apagar-se.
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