Cartilha Da Natureza. A Criação

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CAPÍTULO 35

A MONTANHA

Casemiro de Abreu Dentre todas as paisagens, Talvez a mais bela e estranha, É aquela que se observa Na solidão da montanha.

Dura e estéril muitas vezes, Deserta, triste, empedrada, A montanha nos parece A terra amaldiçoada.

Entre as rochas do seu corpo, Florescem cardos somente, Flores rudes e espinhosas Da soledade inclemente.

Seus píncaros elevados, Na figura da paisagem, Chamam somente a atenção Do espírito de coragem.

Comparada ao movimento Do vale em relva macia, Fornece a impressão penosa Da aridez e da agonia.

Entretanto, em todo tempo, É a sua força que encerra O amparo cariciosa Aos vales de toda a Terra.

Sem sua dureza agreste, Repleta de solidão, As planícies morreriam Por falta de proteção.

É ela a mão silenciosa Da energia que produz;

No seu cume nunca há sombras, Seu dia inteiro é de luz.

No mundo, as almas do amor, Mais sábias, mais elevadas, São montanhas que parecem estéreis e desprezadas.


* * *

Todavia, é o sacrifício, De sua desolação, Que sustenta em toda a vida Os vales da evolução.








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