Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaA MONTANHA
Casemiro de Abreu Dentre todas as paisagens, Talvez a mais bela e estranha, É aquela que se observa Na solidão da montanha.
Dura e estéril muitas vezes, Deserta, triste, empedrada, A montanha nos parece A terra amaldiçoada.
Entre as rochas do seu corpo, Florescem cardos somente, Flores rudes e espinhosas Da soledade inclemente.
Seus píncaros elevados, Na figura da paisagem, Chamam somente a atenção Do espírito de coragem.
Comparada ao movimento Do vale em relva macia, Fornece a impressão penosa Da aridez e da agonia.
Entretanto, em todo tempo, É a sua força que encerra O amparo cariciosa Aos vales de toda a Terra.
Sem sua dureza agreste, Repleta de solidão, As planícies morreriam Por falta de proteção.
É ela a mão silenciosa Da energia que produz;
No seu cume nunca há sombras, Seu dia inteiro é de luz.
No mundo, as almas do amor, Mais sábias, mais elevadas, São montanhas que parecem estéreis e desprezadas.
Todavia, é o sacrifício, De sua desolação, Que sustenta em toda a vida Os vales da evolução.
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