Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO BARRO E O OLEIRO
Casimiro Cunha
É um exemplo de bondade O esforço nobre do oleiro, Cuja grande atividade Tem a base no lameiro Muitos sentem aversão Por sua tarefa hostil, Dedicada, dia e noite, Ao barro nojento e vil.
Seu trabalho é quadro rude Que a lama invade e não poupa, É barro, por toda a parte No rosto, nas mãos, na roupa.
Seu serviço é tão ingrato Junto à massa indefinível, Que a tarefa mais parece Um sofrimento invencível.
Mas todo barro mais pobre, Ao toque do seu amor, Fornece os vasos divinos De formosura e valor.
Quanto mais tempo e trabalho, Mais triunfa, mais se ufana. . .
E vemos a lama escura Transformada em porcelana.
Além dessas joias raras De sublimes expressões, É o oleiro quem dá corpo Ás vossas habitações.
O tijolo faz a casa, A telha cobre a mansão, O homem ganha o seu lar Que é templo do coração.
Nas estradas de miséria, Não mais éramos que lama, E eis que o Mestre no Evangelho Nos esclarece e nos chama.
O Cristo é o Divino Oleiro Que opera com perfeição;
Somos nós o barro vil, Guardado na sua mão.
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