Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO BOTÃO
Casimiro Cunha
Na extrema delicadeza Da verdura perfumosa, Destaca-se pequenino O tenro botão de rosa.
Não há sinal de corola, Vê-se apenas que começa A surgir a flor divina Num cálice de promessa.
E às vezes, nas alegrias De doce festividade, Espera-se pela rosa No caminho da ansiedade.
Deseja-se a flor robusta Com que se adorne a beleza, Mas não há lei que perturbe Os passos da Natureza.
É certo que toda rosa, Como joia de paisagem, Nunca pode prescindir Do zelo da jardinagem.
Precisa tempo, entretanto, Na sombra e na claridade, Requerendo orvalho e sol, Noites, chuva, tempestade.
Por crescer, pede cuidado Nos inícios da existência, Mas, morrerá com certeza A golpes de violência.
Assim, também, quase sempre, A muita crença em botão Tentamos impor, à força, A nossa compreensão.
Toda crença é patrimônio Que não surge improvisado;
É a rosa da experiência, Em terras do aprendizado.
Se tua alma vive em festa, Na fé que pratica o bem, Ajuda, coopera e passa. . .
Não busques torcer ninguém.
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