Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO CIPÓ
Casimiro Cunha
Sobre a árvore frondosa Que mostra calma infinita, Abraçada ao tronco forte Lá se vai o parasita.
Não atinge o cerne, a seiva, Mas buscando a copa, as flores, Enrodilha-se, teimoso, Nas cascas exteriores.
Agarrado tenazmente, Vai subindo vagaroso, Alcançando o cume verde Do arbusto generoso.
Aboletados nos cimos Do castelo de verdura, O cipó audacioso Aparenta grande altura.
Deita flores opulentas De expressão parasitária, Avassalando a nobreza Da árvore centenária.
Recebe os beijos do sol, Embala-se na ternura Da carícia perfumosa, Da brisa mais alta e pura.
Mas, vem o dia em que o Pai, Na lei de renovação, Chama o tronco nobre e velho As bênçãos da mutação.
É aí que o cipó vaidoso Demonstra o que não parace, Voltando ao pó do chão duro, Para as zonas que merece.
Quanta gente brilha ao alto, E, no fundo, inspira dó?
Há milhões de criaturas Vivendo como o cipó.
Jamais olvides a lei De trabalho e obrigação, Não queira mostrar-te ao alto À custa do teu irmão.
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