Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO ESTERCO
Casimiro Cunha
O esterco que espalha o bem, Vive em luta meritória;
Se é pobre, tem seu proveito, Seu caminho, sua história.
Quase sempre, chega aos motnes Dos redis e dos currais, Escuros remanescentes Da esfera dos animais.
De outras vezes, vem das zonas De imundície e esquecimento, Onde a vida se transforma Em triste apodrecimento.
Em outras ocasiões, É detrito das estradas, Lixo estranho e nauseabundo Das taperas desprezadas.
É a decadência das coisas, No resumo do imprestável, Fase rude e dolorosa Da matéria transformável.
Em síntese, todo esterco É derrocada ou monturo, Que das sombras do passado Lança forças ao futuro.
Analisando esse quadro, Veremos que a podridão Vai ser cor, perfume, fruto, Doçura e renovação.
Notemos, porém, que a flor Vibra ao alto, linda e santa, Enquanto o adubo não passa Do solo, dos pés da planta.
Na vida também é assim: O erro, a miséria, o mal Podem ser algumas vezes, Esterco espiritual.
Todavia, é necessário Que das lutas, através, Aproveitemos o adubo, Esmagando-o sob os pés.
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