Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO INCÊNDIO
Casimiro Cunha
Elevam-se labaredas. . .
O fogo ameaçador Foi centelha, mas agora É incêndio devorador.
Ninguém lhe conhece a origem Obscura, nebulosa, Ninguém sabe onde se oculta A mão rude e criminosa.
A fogueira continua Buscando mais alto nível, Aumentando de extensão Quando ganha em combustível.
Estalam antigos móveis, Prosseguem a destruição;
Em torno anseio infinito, Amarga desolação.
Língua rubra, formidanda, Varre agora a cumieira.
Toda a casa se esboroa. . .
Sob a ação dessa fogueira.
Desdobra-se o nobre esforço De amparar e socorrer, A bondade põe-se em campo, Ciosa do seu dever.
Entretanto, embora o auxílio Dos trabalhos de emergência, A nota predominante É o carvão da experiência.
Assim é o mal neste mundo: A princípio, sem que doa, Envolve a perversidade Em forma de coisa a toa.
Depois, é o braseiro extenso, O furor incendiário, Que atinge distância enorme Com a lenha do comentário.
Vigia-te a cada instante, Atende, pensa, examina!
Todo incêndio começou Na fagulha pequenina.
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