Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO MÁRMORE
Casimiro Cunha
No gabinete isolado Dos serviços de escultura, Há muita coisa que ver Com a vida da criatura.
O mármore chega em bloco Dos centros da Natureza, Em trânsito para o campo Do espírito e da beleza.
É pedra, vai ser tesouro;
É rude, vai ser divino;
Todavia, não se sabe Quando chega ao seu destino.
Golpe aqui, golpe acolá, O artista começa a luta, É o sonho maravilhoso Amando a matéria bruta.
As arestas vão caindo. . .
É a carícia do martelo, Desponta o primeiro traço Vigoroso, firme e belo.
O cinzel fere e desbasta, E, às vezes, pede o formão.
O artista prossegue atento Dando vida à criação.
Golpes fundos, ferimentos. . .
Mas, eis quando se aproxima O termo do esforço longo Na aquisição da obra prima.
Depois, é a joia formosa, De valor alto e profundo, Que as fortunas de milhões Não podem fazer no mundo.
Esse mármore da Terra, No fundo, é qualquer pessoa, O artista, é o tempo, e o cinzel, A luta que aperfeiçoa.
Quando os golpes de amargura Te cortarem o coração, Recorda o cinzel divino Que dá forma e perfeição.
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