Cartilha Da Natureza. A Criação

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CAPÍTULO 85

O PÂNTANO

Casemiro de Abreu É um quadro sempre inquietante Que inspira pena e cuidado Quando vemos no caminho O pântano abandonado.

Enquanto, em redor de si, Há cantos que a vida entoa, Ele espera ansiosamente O esforço que aperfeiçoa.

Todo o ar é pestilento Em sua fisionomia, Nos seus bancos lamacentos, Ninguém descansa ou confia.

Muitos poucos se aproximam Do barro de sua imagem;

É ferida cancerosa No organismo da paisagem.

Mas, um dia, o lavrador Dá-lhe atenção, dá-lhe drenos, E o pântano desolado É o melhor dos seus terrenos.

Onde havia lodo e lama, Águas sujas e amargosas, Os legumes são mais ricos, As flores mais perfumosas.

Essas terras desprezadas, Tão pobres e desiguais, Ensinam, em toda parte, Que Deus é o melhor dos pais.

Entre as quedas dolorosas, Nos erros e nos desvios, Nós somos, na Criação, Pontos tristes e sombrios.

Nossa ideia de virtude, A mais bela em sentimento, É a que nasce nos monturos Da lama do sofrimento.


* * *

Deus, porém, que é o Pai Amigo, Jamais nos deixou a sós, Jesus é o bom lavrador, E o pântano somos nós.








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