Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO POÇO
Casemiro de Abreu Quem segue ao sol calcinante, Com sede desesperada, Rende graças ao Senhor, Achando um poço na estrada.
O quadro agreste, por vezes, Não tem abrigo nem fonte, Raras árvores se alinham, Perdendo-se no horizonte.
Em meio à desolação, Entre o calor e a secura, A cisterna dadivosa, Guarda a bênção da água pura.
Há poços de toda idade, Bem calçados, mal assentes, Mais rasos e mais profundos, Em dimensões diferentes.
No seu intimo, entretanto, Trazem todos a água amiga, Que socorre aos que sucumbem De desânimo e fadiga.
Quem tem sede se aproxima Com cuidado e gratidão, E dispensa ao poço humilde, Sempre a máxima atenção.
Lançando o copo ansioso, Sem notar os sacrifícios, Evita a poeira ou o lodo, Que anulem os benefícios.
E sorve esse orvalho santo Que vem da terra imperfeita, Com o júbilo generoso De uma oração satisfeita.
No mundo, o mesmo acontece: Nas agruras do caminho, Cada qual pode apelar Às posses do seu vizinho.
Mas, se agita a lama em torno, Como quem fere e escabuja, O poço apesar de bom, Só pode dar-lhe água suja.
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