Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaO PRATO
Casimiro Cunha
Dentre as coisas mais singelas Do lar carinhoso e grato, É justo reconhecer A doce lição do prato.
Esperando calmamente Comensais, em torno à mesa, Exemplifica, bondoso, A ternura e a gentileza.
Primoroso companheiro De humilde e de atenção, Por servir a quem tem fome Aguarda o partir do pão.
Satisfaz a toda gente, Sem sombras de vaidade, Não olha conveniência, Atende à necessidade.
Por vezes, o comensal, A quem o vinho estimula, Entrega-se à embriaguez, À licença, ao crime, à gula.
Mas o prato está sereno, Por fazer e obedecer, Permanece em seu lugar, Submisso ao seu dever.
Em geral, servem-se dele, Sem qualquer preocupação;
Pouca gente lhe dedica O amparo da gratidão.
E se o prato, certo dia, Conhece o aniquilamento, Não é por ele, é por nós, No campo do esquecimento.
Neste símbolo singelo De obediência e bondade, Sentimos a lei que rege O espírito da amizade.
Conserva teu amigo, Guarda a luz que recebeste.
Não desrespeites na vida O prato onde comeste.
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