Estudando o Evangelho

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CAPÍTULO 44

Discernimento

Conhece-se a árvore pelo fruto.


As comunicações mediúnicas — espontâneas ou provocadas — não constituem invenção do Espiritismo.
Essas comunicações sempre existiram, em todos os tempos e lugares.
A história de todos os povos, ocidentais e orientais, demonstra que o mundo espiritual nunca esteve divorciado do mundo físico.
Na antiguidade tais fenômenos não eram desconhecidos, embora permanecessem limitados ao recinto fechado dos templos, monopolizados pelos iniciados, que se interessavam em ocultá-los do povo, deles tão necessitado, como seria demonstrado no futuro.
No tempo de Jesus, os fenômenos se intensificaram.
A presença do Cristo na Terra como que pôs em efervescência as forças espirituais, a ponto de os contemporâneos do Mestre se familiarizarem de tal modo com as comunicações, que as páginas evangélicas estão repletas de fatos dessa natureza.
Com o Cristo, pudemos notar que as cortinas dos templos iniciátivoS se tornaram transparentes.
Tornaram-se a tal ponto tênues, que as comunicações se generalizaram, atingindo as mais diversas camadas da sociedade da época.
Os fenômenos ganharam as ruas.
Foram para as aldeias mais distantes.
Penetraram nas metrópoles mais famosas.
Invadiram os campos e as praias.
Consagraram-se, afinal, como expressão imensurável do Amor de Deus, no glorioso Dia do Pentecostes.
Embora os surtos mediúnicos se tivessem ampliado com o Mestre, fertilizando a lavoura da Boa Nova, caberia, contudo, ao Espiritismo, ao Consolador, por determinação do próprio Cristo, a missão de metodizar-lhes a prática, de discipliná-los, à maneira do engenheiro que, ante a força desgovernada da cachoeira, utiliza os recursos da técnica para convertê-la em alavanca do progresso e do bem-estar.
Coube ao excelso missionário da Codificação, não apenas por meio de trabalhos esparsos, mas, sobretudo, através de “O Livro dos Médiuns", estabelecer as principais linhas da prática mediúnica.
Aos herdeiros da Terceira Revelação assegurou Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", o roteiro fundamental, a diretriz segura.
Se desejamos que a prática mediúnica, com finalidade educativa e consoladora, para nós e para os desencarnados, se realize de acordo com os preceitos do Evangelho e dentro das normas doutrinárias, é imprescindível o estudo desse livro, verdadeiro tratado experimental de Espiritismo, que garante ao Espírita base sólida para o desempenho eficaz de seus encargos nesse delicado e sublime campo da Doutrina.
O sabor do fruto revela a árvore.
O estudo e a observação levam ao discernimento.
Sem as luzes doutrinárias, hoje profusamente propagadas, dificilmente conseguiremos êxito no serviço mediúnico.
Promover o intercâmbio com os Espíritos, sem a orientação doutrinária e o sentimento evangélico, em qualquer tempo e lugar, é caminho aberto para desagradáveis surpresas.
E o discernimento e a bondade — vigas mestras do setor mediúnico — são qualidades que somente a Doutrina e o Evangelho proporcionam.
Cabendo, pois, ao Espiritismo a missão de orientar a prática mediúnica, não podemos ignorar que, na qualidade de militantes da Doutrina, cada um de nós suporta, nos ombros, uma parcela de responsabilidade.
Na sua difusão, no seu desenvolvimento, no seu exercício.
Isso é o que nos parece acertado.
E a todos ha-de também parecer, supomos, porque a cartilha mediúnica é uma só: “O Livro dos Médiuns".
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Estudo e Trabalho Espíritas!
Amái-vos; este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo.
A Espiritualidade Superior vem insistindo, através de consecutivas mensagens, pela necessidade do estudo e do trabalho nas fileiras renovadoras do Espiritismo.
Amor e Instrução têm sido, em verdade, a palavra de ordem dos Mensageiros do Cristo.
Os trabalhadores encarnados, identificando-se com o pensamento e a orientação dos que acompanham, de Mais Alto, a surpreendente e irresistível marcha da Doutrina, sentem-se, naturalmente, no dever de secundá-los na recomendação.
Aliás, não é de agora que os Espíritos exortam os homens ao estudo, à instrução, à cultura — cultura, no entanto, que não envaideça o homem, mas o torne humilde, sinceramente humilde.
Humilde de dentro para fora.
Quando se lançavam na França os fundamentos do Espiritismo, iluminadas entidades que organizavam a Codificação, utilizando-se da personalidade missionária de Allan Kardec, já despertavam os obreiros da primeira hora para o imperativo da instrução.
O Espírito de Verdade, cujas palavras deixam indiscutivelmente entrever uma transcendente autoridade, comunicando-se em Paris, em 1860, exortava, incisivo:
“Espíritas! Amai-vos; este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. " O Amor é o Trabalho, a Ação, o Serviço.
A Instrução é a leitura, o Estudo, o Conhecimento.
Amor e Instrução constituem, por conseguinte, duas alavancas, duas ferramentas que devem estar, noite e dia, nas mãos dos Espíritas.
Através do Amor, exerceremos a solidariedade. Identificar-nos-emos com o sofrimento do próximo. Visitaremos o enfermo e o encarcerado.
Despertaremos, enfim, no âmago de nossa individualidade eterna, a centelha de bondade que existe, potencialmente, em cada ser.
Através do estudo, aprenderemos a discernir o erro da verdade; a claridade, da sombra, e a sinceridade, da hipocrisia.
O Espiritismo, como acentua Allan Kardec, não éuma Doutrina que induza os seus adeptos a estranhas, esdrúxulas singularidades.
Nem estudo, sem amor; nem amor, sem estudo. Em suma: nem bondade desprovida de conhecimento, nem conhecimento com ausência de bondade.
Amor sem estudo é comportamento unilateral, favorecendo, apenas, o coração, o sentimento, mas retardando a ascensão para Deus.
Estudo sem amor constitui, quase sempre, experiência simplesmente intelectual, podendo levar à presunção e à vaidade, ameaçando o aprendiz de queda ou fracasso.
É que, via de regra, consoante adverte Paulo de Tarso, “o saber ensoberbece, mas o amor edifica".
Emmanuel, falando-nos ao coração, exorta, também: “Recorda que, em Doutrina Espírita, é preciso estudar e aprender, entender e explicar. " Aconselha, outrossim, a divulgação do “estudo nobre".
Todavia, reconhecendo a fragilidade humana, destaca a necessidade de o Espírita, pelo amor, “alicerçar as palavras no exemplo".
Observando o empenho dos 1nstrutores Espirituais na incessante recomendação ao estudo, não devemos esquecer que Léon Denis, preocupado, decerto, com o problema da ignorância, que leva ao fanatismo, asseverava, no seu tempo: “O Espiritismo será aquilo que dele os homens fizerem.
Que rumo tomaria a Doutrina Espírita, se nos encastelássemos na preguiça mental, desprezando os livros, alheando-nos das mensagens que descem dos céus, em catadupas intérminas, infindáveis?. . .
Aonde iríamos parar, se os livros permanecessem fechados nas prateleiras das editoras e livrarias?. . .
Que seria do Espiritismo que é Ciência, Filosofia e Religião — dentro de mais algumas dezenas de anos?
A Doutrina Espírita é, sobretudo e essencialmente, a Doutrina do meiotermo, do bom-senso: Amor e Sabedoria, constituindo as asas de que se utilizará o Espírito humano em seu voo para o Infinito.
Trabalho e Instrução — a fim de que o equilíbrio seja uma constante na vida do aprendiz e na expansão doutrinária.
Devemos, por isso mesmo, também perguntar: Que rumo tomaria o nosso abençoado movimento, se, apenas estudando, olvidássemos os necessitados do caminho?
Aonde iríamos parar, se, apenas manuseando livros e devorando mensagens, nos alheássemos da fome do pobrezinho, da nudez do órfão, da dificuldade da viúva, da Solidão do encarcerado, do desespero do enfermo incurável?
Que seria do Espiritismo — Consolador Prometido por Jesus — se, estimulando a cultura, lastimavelmente esquecêssemos a sublime legenda adotada pelo insigne Missionário Lionês: Trabalho, Solidariedade e Tolerância?
Há, portanto, como se observa, uma dupla, inseparavel e indissolúvel necessidade: Amor e Instrução.
Não poderia, evidentemente, enganar-se o Espírito de Verdade: “Venho, como outrora, aos transviados filhos de Israel, trazer a Verdade e dissipar as trevas. Escutai-me" — ao preceituar, nos primórdios do Espiritismo, o imperativo do Amor e da Sabedoria.
“Espíritas! Amái-vos; este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. "


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