Capítulo VI

O talento de todos


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Na abastança ou na carência, na direção ou na subalternidade, não menosprezes agir e servir, porque o trabalho, nas concessões do espaço e do tempo, é o talento comum a todos, pelo uso do qual o Espírito se engrandece, no rumo das Esferas Superiores a que se destina.

Por ele, as forças mais simples da natureza se movimentam na senda evolutiva, escalando os degraus do progresso para a subida aos cimos da experiência.

Tudo na paisagem que nos cerca é a exaltação desse talento realmente divino.

Com ele, o verme se agita e fecunda o seio da terra.

Através dele, esforça-se a semente e transforma-se na planta útil, a erigir-se em abençoada garantia do pão.

Aproveitando-o, a abelha se faz operária laboriosa, fabricando a excelência do mel.

Atendendo-lhe a inspiração, o manancial se desloca e, crescendo em possibilidades sempre mais vastas, converte-se no grande rio que apoia a civilização em torno do próprio sulco.

É por isso que dinheiro e saúde, cultura e inteligência, tanto quanto os numerosos recursos que rodeiam o homem na Terra, subordinam-se ao trabalho, a fim de se agigantarem na produção e na multiplicação dos benefícios que lhes dizem respeito.


Não te deixes vencer pelas considerações negativas da tristeza, da revolta, do pessimismo ou da indisciplina, que estão sempre condicionando a ação que lhes é própria à exigência de remuneração.

Responde ao Senhor que te serve por intermédio do trabalho incessante da Natureza com o trabalho infatigável de teu pensamento e de teus braços, de teu cérebro e de teu coração, para que te eleves à comunhão com o Amor Infinito.


Sem trabalho, a fé se resume à adoração sem proveito, a esperança não passa de flor incapaz de frutescência e a própria caridade se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual, os nus e os famintos, os necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições.


Trabalha e vive.

Não admitas que a fortuna do tempo, emprestada a todos pela Bondade de Deus se dissipe em tuas mãos congelada no ideal inoperante.


Realmente, muitos desastres nos perseguem o caminho das experiências necessárias, em forma de falhas e fraquezas de nossas almas, à frente das Leis de Deus, mas de todos eles, o maior de todos é a preguiça, porque a preguiça é a protetora da ignorância e da penúria e, através da penúria e da ignorância, poderemos descer aos mais estranhos desequilíbrios do mal.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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