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Capítulo LVIII

Perseverarás


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TEMA — Necessidade incessante do bem.


Persistirás no bem. Ainda mesmo que ouças prodígios acerca dos que se laurearam fora dele, perseverarás… Ainda mesmo que os amigos mais estimáveis te convidem a abandoná-lo, sob o pretexto de que podes ser bom simplesmente não fazendo o mal, perseverarás.

Os que se resguardam na construção da felicidade de todos são aqueles que encontram o próprio destino. Cedo reconhecem que o homem nasce para ser útil e procuram esquecer-se.

Registram a lamentação dos que afirmam ser o mundo uma represa de lágrimas e esforçam-se para que a Humanidade compreenda a Terra, como sendo também uma casa de Deus, bafejada de sol.

Assinalam a voz dos que borboleteiam no campo das sensações, asseverando que a existência é apenas o dia que passa, e prosseguem jungidos ao arado do serviço, na certeza de que estão edificando para agora e para o futuro.

E porque resistem a seduções e tentações, fazem-se alvo das arremetidas de todos aqueles que abafaram a consciência, no lado negativo das convenções humanas, enceguecidos de vaidade ou atolados no visgo dos interesses pessoais.

Transfiguram-se, desde então, em ponto de mira para a saraivada de injúrias com que se lhes pretende barrar o pensamento em marcha renovadora ou paralisar as mãos no curso das boas obras.

Agiganta-se-lhes, porém, a fé sob o impacto da perseguição injustificada ou do ódio gratuito e trabalham mais, com mais acentuado valor.

Compadecem-se dos caluniadores, endereçando-lhes o benefício da oração, porque sabem separá-los da calúnia como se aparta um enfermo do processo infeccioso que lhe corrompe as energias.

Toleram, pacientemente, os ofensores, porquanto jazem convencidos de que a ofensa é fruto da ignorância ou, mais propriamente, da ausência de luz espiritual, e ninguém pode condenar um viajante que se arroja no pântano, quando caminha sob as trevas.


Perseverarás no bem acima de todas as circunstâncias. Sobrenadarás o dilúvio de sombras, fiel ao raio de luz que te aponta o rumo certo.

Ainda mesmo de alma relegada à solidão, persistirás no bem, recordando Jesus que esteve sozinho ao proclamar-lhe a grandeza sobre o triunfo aparente do mal, ensinando-nos a cada um que venceremos realmente o mal tão somente quando, em cada tarefa que abraçarmos, tivermos a precisa coragem de perseverar no bem até ao fim.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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