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Capítulo VI

Adivinhações


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TEMA — Predições do futuro.


Diante dos que usam cultura ou mediunidade para traçar prognósticos, acerca do futuro, não é necessário dizer que nos cabe acompanhar-lhes as experiências com a melhor atenção.

A ciência é neta da curiosidade e filha do estudo. A alquimia da Idade Média iniciou as realizações da química moderna. De certa maneira, os astrólogos do pretérito começaram a obra avançada dos astrônomos de hoje.

O conhecimento nasce do esforço de quantos se dedicam a desentranhá-lo da obscuridade ou da ignorância. No entanto, do respeito aos irmãos de Humanidade que se consagram ao mister da adivinhação, não se infere que devemos aceitar-lhes cegamente as afirmativas.

Especialmente no que se reporte a profecias inquietantes, é imperioso ouvi-los com reserva e discrição, porquanto estamos informados pela Doutrina Espírita de que não existe a predestinação para o mal.

Renascemos na Terra, indubitavelmente, com as nossas tendências inferiores e com os nossos débitos, às vezes escabrosos, por ressarcir, mas isso não significa estejamos obrigados a reincidir em velhas ilusões ou reacomodar-nos com a força das trevas.

O aluno regressa à escola na condição de repetente ou se encaminha para os exames de segunda época, a fim de se firmar na dignidade do ensino em que se comprometeu.

Clarividentes que desenvolveram faculdades psíquicas, fora do esclarecimento espírita evangélico, podem recolher observações infelizes a nosso respeito, seja relacionando cenas de nosso passado culposo ou descrevendo quadros menos dignos, projetados mentalmente sobre nós pelas ideias enfermiças daqueles que se fizeram nossos inimigos em outras eras; e das palavras que articulam podem surgir sombrios vaticínios ou apontamentos desencorajadores, tendentes a enfraquecer-nos a coragem ou aniquilar-nos a esperança. Oponhamos, porém, a isso a certeza de que estamos reformando causas e efeitos diariamente, em nosso caminho, na convicção de que a Divina Providência nos oferece, incessantemente, através da reencarnação, oportunidades e possibilidades ao próprio reajuste perante as leis da vida, armando-nos de recursos e bênçãos, dentro e fora de nós.

Conquanto estudando sempre os fenômenos que nos rodeiam, abstenhamo-nos de admitir o determinismo do erro, do desequilíbrio, da queda ou da criminalidade.

Hoje é e será constantemente a ocasião ideal para transformarmos maldição em bênção e sombra em luz. Ergamo-nos, cada manhã, com a decisão de fazer o melhor ao nosso alcance e reconheçamos que o próprio Sol se deixa contemplar, nos céus, de alvorecer em alvorecer, como a declarar-nos que o Criador Supremo é o Deus da Justiça, mas também da Misericórdia, da Ordem e da Renovação.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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