Capítulo XX

Em prece


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Senhor Jesus!

Por três séculos de aflição, na alvorada nascente do Evangelho, quantos te seguiam, cultivando-te os princípios e venerando-te a ressurreição além da morte, eram perseguidos, espezinhados, enxovalhados, espancados, espoliados nos bens mais singelos, trancafiados nos cárceres, algemados em postes de martírios, atirados às presas sanguissedentas de animais ferozes ou apartados daqueles a quem mais amavam, a fim de serem assassinados nas praças públicas!…

Hoje, que as leis humanas evoluíram, coartando, quando possível, os abusos da autoridade e do poder, os espíritas-cristãos, que te restauram o ensinamento, não são conduzidos para as arenas de suplícios; entretanto, são igualmente escarnecidos, humilhados, injuriados, desprezados, batidos nas mínimas esperanças, relegados ao desapreço do mundo, marcados a fogo de zombaria, indicados aos golpes da calúnia ou incompreendidos nos sentidos mais santos, por buscarem a Religião da Fraternidade e da Justiça com a certeza do túmulo vazio…

Afirmaste, porém, que se quisermos encontrar-te, não nos resta outra alternativa senão a de tomar nossa cruz e seguir-te.

Sabemos que estás junto de nós, não por símbolo morto, mas por Mestre vivo e infatigável, sustentando-nos o passo e alentando-nos a fé.

Em razão disso, oh! Inefável Amigo, é que os espíritas cristãos e nós outros — os pequeninos tarefeiros desencarnados que os assistem — aspiramos acompanhar-te!

Apaga em nós qualquer impulso à violência, unge-nos o Espírito nas fontes vivas da caridade, inclina-nos ao amor e à tolerância, e, embora trilhemos ainda o carreiro obscuro de velhas imperfeições, deixa que te possamos repetir:

— Senhor, as nossas almas endividadas, a caminho de tua bênção, te glorificam e te saúdam!…




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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