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Capítulo XIII

Guerra viva


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Em verdade, a civilização do Ocidente já conseguiu abolir, no campo de seus hábitos mais arraigados, a praga social do duelo, () através da qual homens válidos se atiravam inutilmente à morte…

Espadas e armas de fogo de velhos salões aristocráticos jazem relegadas ao abandono e ao silêncio dos museus, mas o homem que rixava com o próximo, no pretérito distante, buscando pretextos para aniquilar-lhe a vida, prossegue alimentando em si mesmo a cultura de projéteis mentais, vivos e mortíferos, com que interfere no programa santificante do Cristo, perturbando o caminho dos semelhantes ou exterminando a si mesmo.

Não mais a contenda ostensiva na praça pública, mas a desarmonia destruidora no coração.

Cada inteligência é um fulcro da vida, arrojando de si mesma forças intangíveis que geram todos os processos de assimilação e desassimilação, em nossa estrada comum.

E em todos os setores, vemos o companheiro terrestre despendendo energias que lhe guerreiam a própria existência e lhe consomem a própria felicidade.

Elevada percentagem das moléstias indefiníveis nasce do desequilíbrio espiritual a que se rendem as criaturas.

Os sanatórios e as estações de repouso assemelham-se a praias de socorro, onde aportam inevitavelmente os milhares de náufragos do mundo social sem o Cristo em que o homem se perde à maneira de viajor sem direção.


Em quase todas as instituições e em quase todos os lares, vemos a atividade ruinosa dos projéteis do pensamento desvairado.

Raios de orgulho e vaidade, criando complexos de culpa.

Raios de ódio, estabelecendo perturbações de consequências imprevisíveis.

Raios de inconformação, consolidando processos de angústia.

Raios de tristeza estéril, estabelecendo enfermidades obscuras.

Raios de cólera, induzindo à delinquência.

Raios de egoísmo, formando trincheiras de separatividade e sofrimento.

Raios de preguiça, coagulando as melhores oportunidades de trabalho e abrindo o caos, à frente das promessas e dos votos brilhantes.

Raios de crueldade, congelando a ignorância e a penúria, em desfavor da Humanidade, a quem devemos o nosso preito incessante de serviço e de amor.


Busquemos Jesus, cuja supervisão divina pode realmente consagrar dentro de nós o governo sadio do equilíbrio e da sublimação.

Sem o Mestre da Cruz não aprenderemos o caminho que nos cabe trilhar, e sem a Cruz do Mestre será de todo impraticável a nossa verdadeira ressurreição.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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