Justiça Divina

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Capítulo LXXII

Corações venerados

Reunião pública de 10-11-1961.

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À medida que os anos terrestres te alongam a experiência, registas, com mais intensidade, na câmara da memória, a presença dos que partiram.

Ah! os mortos que te guiaram ao bom caminho!… São eles as vozes do passado que te chegam, puras, ao coração. Lembram-te o berço perdido, junto às maternas canções que te embalavam para o repouso, os ensinamentos do lar que te guardavam a meninice, o carinho dos irmãos que beijavas na alegria transparente da infância, o sorriso dos mais velhos que te abençoavam em oração !… Falam-te dos passos cambaleantes da idade tenra, das primeiras garatujas que traçaste na escola, dos afetos da juventude, dos laços inolvidáveis dos quais te despediste, chorando, na hora extrema!…


Não te rendas, contudo, ao desespero, se o frio da ausência parece constituir a única resposta da vida aos anseios que te fluem da inquietação.

Deixa que a prece te converta o espinheiral da saudade em jardim de esperança, porque, todos eles, os corações venerados que te precederam no portal da grande sombra, aguardam-te jubilosos, no imenso país da luz.

Entretanto, para que lhes partilhes o banquete de paz e amor, é necessário perlustres a senda de trabalho e abnegação que te abriram aos pés.

Abraça-lhes o exemplo de sacrifício com que te iluminaram o entendimento e pede-lhes para que te inspirem a caminhada.

Não temas, sobretudo, o avanço das horas. O tempo que traz o inverno cinzento e triste é o mesmo que acende os lumes e ostenta as flores da primavera.

A existência, no Plano físico, é comparável à travessia de grande mar. O corpo é a embarcação. A morte é o porto de acesso a lides renovadoras.

Tudo o que fazes segue à frente de ti, esperando-te, além, na estação de destino.

Vive, assim, a realizar o melhor que puderes, de vez que, se te consagras ao bem, em verdade não fugirás à passagem da noite, mas todos aqueles que, um dia, te conduziram ao bem ser-te-ão novas luzes no instante do alvorecer.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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