Mãos Unidas

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Capítulo XLVII

Teu privilégio


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Nos momentos difíceis — naturais no caminho de todos — não desperdices o tesouro das horas com desesperação e abatimento. Recorda o privilégio que recebeste da vida — o privilégio de ajudar.


É possível que nuvens de desenganos te hajam caído na estrada por aguaceiro de fel; isso, porém, não te impede levar algum consolo aos que vegetam em catres de sofrimento e que não tiveram no curso de muitos anos nem mesmo o mais leve sopro de qualquer esperança.


Falas de empeços domésticos que te barram a caminhada para a meta de determinados desejos; nada, todavia, te impossibilita a condução de apoio, ainda que mínimo, àqueles companheiros outros que suspiram por liberdade, nos impedimentos das prisões e dos hospitais.

Referes-te à preocupações que te esbraseiam o cérebro para responder com eficiência aos desafios do mundo; desfrutas, entretanto, a bênção de poder amparar as criaturas irmãs que perderam, temporariamente, o equilíbrio mental, segregadas nos manicômios.

Reporta-te a desastres afetivos que te deixaram em lágrimas de saudade; mas possuis a faculdade de frustrar a solidão ofertando presença e conforto aos irmãos que atravessam a romagem terrena, em extremada penúria, suplicando migalha de reconforto.


Não te abandones ao pessimismo, quando trazes contigo o dom de construir e recuperar.

Quando tantos companheiros da Humanidade se vêm impedidos de caminhar para a solução dos problemas que lhe são próprios, considera a tua prerrogativa de caminhar para socorrê-los.

E, se te vês em carência de amor ou de alegria, exerce, para logo, o teu privilégio de compreender e de auxiliar.

Quem sustenta, é sustentado.

Quem serve, é servido.

Quem dá, recebe.

Essa é a Lei.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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