Palavras do Infinito

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Dois sonetos de Hermes Fontes

Não me bastou, Senhor, velar atento

A misteriosa luz com que, à procura

De um luminoso céu em miniatura,

Vivi sonhando em meu deslumbramento!


Dentro do meu ideal supus, que, isento

De toda a dor, de toda a mágoa obscura,

Alcançasse o castelo da Ventura

Na glorificação do Pensamento.


Mas, ai de mim! meu barco pequenino

Perdeu-se em meio à torva tempestade

Sem divisar a luz de qualquer porto;


E as minhas esperanças de menino

E os anelos de amor e mocidade

Naufragaram no grande desconforto.




SONHO INÚTIL

Em minha juventude estive à espera

De um malogrado sonho superior.

Esperança divina que eu quisera

Ver aureolada, por um grande amor!


Mas não pude esperar quanto devera

Nos carreiros aspérrimos da dor,

Sem fé, que era aos meus olhos a quimera

Do pensamento mistificador.


Meu erro foi descrer, porque, deserto

O coração, somente acreditei

Na Morte, o grande abismo, o nada incerto!…


Oh! o maior dos enganos perpetrados!

Pois no meu sonho altíssimo de rei

Achei a dor dos grandes condenados!




(Versos recebidos em Pedro Leopoldo a 22 de maio de 1935)



Hermes Fontes
Francisco Cândido Xavier


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