Palavras do Infinito
Versão para cópiaCAPÍTULO 23
O Monstro
Vi um monstro pairando sobre a Terra, Como um corvo de garras infinitas, Cobrindo multidões tristes e aflitas: Visão de luto e lágrimas que aterra!
Vi-o de vale em vale, serra em serra, E disse: - "Quem és tu que abre e excitas Os pavores e as cóleras malditas?" E o monstro respondeu: - "Eu sou a guerra!
Não há forças no mundo que me domem, Sou o retrato fiel do próprio homem, Que destrói, luta e mata e vocifera!
Venho das trevas densas da voragem, Dos abismos de dor e de carnagem Para mostrar ao homem que ele é fera!"
Antero de Quental
soneto recebido a 10 de outubro de 1935
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