Parnaso de além-túmulo

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Capítulo XXVIII

Emílio de Menezes

Poeta brasileiro, nascido em Curitiba, em 1866, e desencarnado no Rio de Janeiro em 1918. Musa vivacíssima e fulgurante, sem deixar de ser profunda, era sobretudo ativamente humorística. Legou-nos Poemas da Morte, 1901, e Poesias, 1909, além de Mortalhas, versos satíricos postumamente colecionados. Distinguiu-se pela altaneza dos temas, quanto pela opulência das rimas.


EU MESMO

Eu mesmo estou a ignorar se posso

Chamar-me ainda o Emílio de Menezes,

Procurando tomar o tempo vosso,

Recitando epigramas descorteses.


Como hei-de versejar? Rimas em osso

São difíceis… contudo, de outras vezes,

Eu sabia rezar o Padre Nosso

E unir meus versos como irmãos siameses.


Como hei-de aparecer? O que é impossível

É ser um santarrão inconcebível,

Trazendo as luzes do Evangelho às gentes…


Sou o Emílio, distante da garrafa,

Mas que não se entristece e nem se abafa,

Longe das anedotas indecentes.


AOS MEUS AMIGOS DA TERRA

Amigos, tolerai o meu assunto,

(Sempre vivi do sofrimento alheio)

Relevai, que as promessas de um defunto

São coisa inda invulgar no vosso meio.


Apesar do meu cérebro bestunto,

O elo que nos unia, conservei-o,

Como a quase saudade do presunto,

Que nutre um corpo empanturrado e feio.


Espero-vos aqui com as minhas festas,

Nas quais, porém, o vinho não explode,

Nem há cheiro de carnes ou cebolas.


Evitai as comidas indigestas,

Pois na hora do «salva-se quem pode»,

Muita gente nem fica de ceroulas…




Emílio de Menezes
Francisco Cândido Xavier


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