Parnaso de além-túmulo

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Capítulo XXXVII

José Duro

Poeta português, nasceu em 1875 e desencarnou em 1899. Musa amargurada, deixou um livro — Fel — que apareceu poucos dias antes da sua morte e foi prefaciado por Forjaz de Sampaio. Henrique Perdigão classifica-o como o “Cantor da Tristeza”.


AOS HOMENS

Volta ao pó dos mortais, homem que vens, depressa,

A chave procurar do enigma que encerra

A paragem da morte, o mais além da Terra,

Onde o sonho termina e a vida recomeça.


Volve ao sono cruel da tua carne obscura,

Amassa com o teu pranto o pão de cada dia,

Vai com o teu padecer sobre a estrada sombria,

Para depois ouvir a voz da sepultura.


Tomé, coloca as mãos na tua própria chaga,

Perambula na dor da tua noite aziaga,

Porque a treva e o sofrer sempre hão de acompanhar-te!


Reconhece o quanto és ignorante ainda.

A vida é vibração ilimitada, infinda,

E o seu grande mistério existe em toda parte.


SONETO

Pouco tempo sofri na Terra ingrata e dura

Onde o mal prolifera, onde perece o amor,

Entre a sufocação de um sonho superior

E a esperança na morte, a triste senda escura.


Até que um dia a morte amiga e benfazeja

Apodreceu meu corpo em sua mão gelada,

E minhalma elevou-se à rutilante estrada

Onde o Espírito encontra a paz que tanto almeja..


Algum tempo eu sofri, ao pé do corpo imundo,

Escravizado ao pranto, agrilhoado ao mundo,

Prisioneiro da mágoa, amortalhado em dor!


Mas depois a oração libertou-me da pena,

E pude, então, voar para a mansão serena,

Onde fulgura o sol do verdadeiro amor.




José Duro
Francisco Cândido Xavier


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