Parnaso de além-túmulo
Versão para cópiaRaimundo Corrêa
Nascido a 13 de Maio de 1859, a bordo do vapor S. Luiz, na baía de Mangunça litoral do Maranhão, e desencarnado em Paris a 13 de Setembro de 1911. Magistrado, membro da Academia Brasileira, além de justo e bom, pode sem favor considerar-se um dos maiores poetas da sua geração.
SONETOSITudo passa no mundo. O homem passa Atrás dos anos sem compreendê-los; O tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos, À frouxa luz de uma ventura escassa. Sob o infortúnio sob os atropelos Da dor que lhe envenena o sonho e a graça, Rasga-se a fantasia que o enlaça, E vê morrer seus ideais mais belos!… Longe, porém, das ilusões desfeitas, Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas, Depois do pesadelo das mãos frias… E como o anjinho débil que renasce, Chora, chora e sorri, qual se encontrasse À luz primeira dos primeiros dias. IIAh!… se a Terra tivesse o amor, se cada Homem pensasse no tormento alheio, Se tudo fosse amor, se cada seio De mãe nutrisse os órfãos… Se na estrada Do contraste e da dor houvesse o anseio Do bem, que ampara a vida torturada, Que jamais viu um raio de alvorada Dentro da noite eterna que lhe veio Do sofrimento que ninguém conhece… Ah! se os homens se amassem nessa estância, A dor então desapareceria… A existência seria a ardente prece Erguida a Deus do seio da abundância, Entre os hinos da paz e da alegria. |
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