Parnaso de além-túmulo

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Capítulo LIII

Souza Caldas


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Nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 1762, e aí desencarnado em 1814. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, abraçou mais tarde a carreira eclesiástica, ordenando-se em Roma. Dizem que as suas melhores composições, as que o levaram a ser preso pelo Santo Ofício, perderam-se. Acreditamos que o médium ignorava a circunstância de ser a tradução dos Salmos de David, justamente, de suas obras poéticas, a mais apreciada.


ATO DE CONTRIÇÃO

A vós

Senhor,

Meu Deus

De Amor,

Minhalma

Implora

A salvação!


Meu Pai,

Bem sei

Que mal

Andei,

Buscando

O erro

E a imperfeição;


Assim

Pequei,

Na treva

Errei,

E jus

Eu fiz

À expiação.


Vós sois,

Porém,

Farol

Do Bem!

Ouvi

Dos Céus

Minha oração.


Sois vós

A luz,

E junto

À cruz

Do meu

Sofrer,

Quero o perdão;


Perdão

Que traz

Sossego

E paz

Ao meu

Viver

Na provação.


Suplico-o

A vós,

Na dor

Atroz,

Amara

E rude

Da contrição!


Dai ao

Meu ser,

Aflito

Ao ver

O seu

Pecado,

A redenção;


E hei-de

Poder

Feliz

Vencer

Do mal

Cruel

O atroz dragão!


VERSÃO DO SALMO 12

(Sl 12:1)

Senhor dos Mundos! na Terra inteira,

Os maus somente é que dominam,

Rudes tiranos e os impiedosos

De coração.


Ganham favores, buscam louvores,

Espezinhando seus semelhantes,

Tripudiando nas vossas leis,

Ímpios que são.


Causam a ruína da vossa casa,

Lançam injúrias ao vosso nome,

Adoradores da iniquidade,

Da imperfeição.


Vossas ovelhas são confundidas,

E sufocadas pelo amargor,

Fracas e pobres andam saudosas,

Do vosso amor.


São elas todas, pobres e humildes,

Glorificai-as, meu Criador!

Alevantai-as do abismo escuro

Com a vossa luz!


Vossa bondade, imensa e eterna,

É a esperança dos pecadores;

Pai amoroso, salvai os homens,

Confio em vós!


VERSÃO DO SALMO 18

(Sl 18:1)

Por toda a parte

Veja a criatura,

Na noite escura

Da sua dor,

A eterna força

De um Deus clemente,

Onipotente,

Cheio de amor.

Astros e mundos

No céu girando,

Aves cantando,

O mar e a flor,

Todos os seres

Hinos entoem,

Cantos ressoem

Ao Criador!

Eterno Artífice

Que os sóis modela,

Lustres da auréola

Da Criação,

Sois a bondade

A mais perfeita,

A Luz Eleita,

A salvação.

Doce refúgio

Dos desgraçados,

Aos meus pecados,

Muitos que são,

Imploro e clamo,

Com o meu esp’rito

Turbado e aflito,

Vosso perdão.

Que desprezei

O ouro brilhante,

Lindo e faiscante,

Bem sei, Senhor!

Como fugi

Da hora fugace

Que me afastasse

Do vosso amor!

Mas bem sabeis

Que a carne impura

Leva a criatura

A mais pecar;

Fazendo assim

Pra meu tormento,

Meu pensamento

Prevaricar.

Porém, o vosso

Amor profundo

Redime o mundo

Do padecer;

Dando-lhe o tempo

E áspera lida

Para na vida

Tudo vencer.

Vós que acendestes

Faróis brilhantes,

Sóis rutilantes

D’almo esplendor,

Cantando a vida,

A onipotência

E a pura essência

Do vosso amor!

Que sois o sol

Dos universos,

Mundos dispersos

Na imensidão,

Além da força

Vós sois, também,

O sumo bem

E a perfeição

Que vence o mal,

O orgulho e a dor,

Que o pecador

No coração

Guarda com zelo,

Cruéis imigos,

Que são amigos

Da perdição.

Misericórdia,

Assim espero,

Almejo e quero

Para que eu

E os meus irmãos

O mal deixemos

E abandonemos

Buscando o Céu.

Por vossa causa

O maior gozo,

Esplendoroso,

Desprezarei,

Para que eu viva

Na luz fulgente,

Eternamente,

Da vossa lei.

Assim, Senhor,

Minhalma aguarda

A luz que tarda

Ao mundo vão,

Que há-de esplender

Nos homens todos,

Limpando os lodos

Da imperfeição.

Dominareis

Toda a impiedade

Pela verdade

Que em vós transluz!

E, servo, aguardo

Do vosso amor

Consolo à dor,

Amparo e luz!




Souza Caldas
Francisco Cândido Xavier


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