Refúgio


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Quase que, por toda parte da Terra, encontramos os companheiros sofredores ou desorientados, à feição de viajores sem bússola, que lhes aponte o rumo certo.

Muitas vezes, estarão detendo a fortuna amoedada e outros exibem superioridade intelectual manifesta pela inteligência cultivada que já conquistaram, mas transportam consigo o íntimo atormentado que procuram disfarçar. Isso, porém, não os torna menos infelizes.

Tanto quanto ocorre aos irmãos francamente desventurados, seja pela penúria material ou por amargas provações ocultas, guardam a impressão de que o frio da adversidade lhes vergasta a vida por dentro de si mesmos.

E a lista desses companheiros se alonga, cada vez mais, conforme se nos faz possível relacionar:

os doentes;

os desabrigados;

os esquecidos;

os angustiados;

os perturbados;

os tristes;

os cansados;

os desesperados;

os quase suicidas;

os abandonados;

os revoltados;

os desanimados;

os desiludidos;

os arrependidos;

os desvalidos;

os insatisfeitos;

os desnorteados;

os marginalizados;

os injuriados;

os que carregam o fardo da direção;

os que administram, entre a inquietação e a responsabilidade;

os subalternos incompreendidos;

os desempregados por culpa própria;

os que cometem atos puníveis pela justiça;

os desertores do próprio dever;

os sanatorizados sem razão;

os acusados por faltas que não perpetraram;

os que a necessidade costuma enlouquecer de sofrimento;

e tantos outros que não conseguimos enumerar.


Para esses companheiros sob a ventania das provações foi escrito este livro. Por isso mesmo, denominamo-lo “Refúgio”. Que este refúgio de paz e amor, compreensão e boa vontade, possa confortá-los e reerguer-lhes o ânimo, em nome de Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, são os nossos votos.



Uberaba, 15 de março de 1989.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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