Religião dos espíritos

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Capítulo LXXXIII

Se desejas


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Reunião pública de 23 de Novembro de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Toda melhora parece distante.

Toda superação surge como sendo quase impossível.

Pediste, porém, o berço terrestre, no exato lugar em que te cabe aprender e reaprender.

Não olvides, por isso, que o domínio da lição não dispensa a vontade.

Recebeste no lar muitos daqueles que te não alimentam a simpatia.

No entanto, se desejas, podes transformar toda aversão em amor, desde que te decidas a ajudá-los com paciência.

Sofres o chefe insano, a crivar-te de inúmeros dissabores.

Contudo, se desejas, podes convertê-lo em amigo, desde que te disponhas a auxiliá-lo sem pretensão.

Padeces dura condição social, renteando o infortúnio.

Todavia, se desejas, podes transfigurar a subalternidade em elevação, desde que te eduques, para que a vida te use em plano mais alto.

Trazes o órgão enfermo, a cercar-te de inibições.

Entretanto, se desejas, podes aproveitá-lo, na própria sublimação, em nível superior.

Ainda hoje, é possível encontres sombras enormes…

O obstáculo dos que te não compreendem, a palavra dos que te insultam, o apontamento insensato ou as lágrimas que a prova redentora talvez te venha pedir..

Mas podes usar o silêncio e a oração, clareando o caminho…

Declaras-te sem trabalho, amargando posição desprezível, mas, se desejas, podes ainda agora começar humilde tarefa, conquistando respeito e cooperação.

Acusam-te de erros graves, criando-te impedimentos, mas, se desejas, podes tomar, em bases de humildade e serviço, a atitude necessária à justa renovação.

Sentes-te dominado por esse ou aquele hábito vicioso, que te exila no desapreço, mas, se desejas, podes reaver o próprio equilíbrio, empenhando energia e tempo no suor do trabalho digno.

Afirmas-te na impossibilidade de socorrer os necessitados, mas, se desejas, podes efetuar pequeninos sacrifícios domésticos em favor dos outros, de modo a que tua vida seja uma bênção na vida de teus irmãos.

Para isso, porém, é preciso não esquecer os recursos singelos que tanta gente deixa ao olvido…

O minuto de tolerância.

O esquecimento de toda injúria.

O concurso anônimo.

A bondade que ninguém pede.

O contato do livro nobre.

A enxada obediente.

A panela esquecida.

O tanque de lavar.

A agulha simples.

A flor da amizade.

O resto de pão.


Queixas-te de necessidade e desencanto, fadiga e discórdia, abandono e solidão, mas, se realmente desejas, tudo pode mudar.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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