Religião dos espíritos

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Capítulo LXXXIV

Cada hora

Reunião pública de 27 de Novembro de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Faze de cada hora — um poema de amor.

Renúncia vazia — terra seca.

Oração sem serviço — candeia apagada.

Alegria sem trabalho — flor sem proveito.

Cultura sem caridade — árvore estéril.

Sermão sem exemplo — trovoada sem chuva.

Tribuna sem suor — esquife sonoro.

Inteligência trancada — luz no deserto.

Vida sem ação — enterro lento.

Filosofia sem bondade — conversa vã.

Talento oculto — fonte escondida.

Fé parada — vaso inútil.

Virtude sem movimento — ninho morto.

Lição sem obras — museu de ideias.


Repara os recursos de que dispões:

Pensamento nobre.

Conhecimento superior.

Raciocínio pronto.

Diretrizes claras.

Ouvidos percucientes.

Olhos iluminados.

Verbo fácil.

Movimentos livres.

Mãos seguras.

Pés hábeis.


Não te afeiçoes a mortificações improfícuas.

Cada criatura, onde passa, deixa o próprio reflexo.

Só a inércia vagueia no mundo como sombra na sombra.

Tu, porém, deves caminhar, à feição do raio solar, dissipando as trevas.

Cada hora, podes fazer a dor menos amarga.

Cada hora, podes fazer a luta mais construtiva.

Imensos são os males do mundo — não os agraves com o desespero.

Enormes são as mágoas dos outros — não as multipliques com o fel da reprovação.

Onde estiveres, restaura, conserta, alivia, ampara e desculpa…

Em qualquer circunstância, recorda o Cristo, que passou entre os homens entendendo e ajudando…

E ainda mesmo quando se viu condenado sem culpa, pelos mesmos homens aos quais servia, partiu para a morte, perdoando e amando… Torturado na cruz, mas de braços abertos.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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