Religião dos espíritos

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Capítulo LXXXVIII

O teste


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Reunião pública de 11 de Dezembro de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Lutando, disseste: “não posso mais”.

E ajudaste os que te roubam a fortaleza.


Batido, clamaste: “reagirei”.

E amparaste os que te induzem à violência.


Esquecido, gemeste: “estou sozinho”.

E ajudaste os que te bloqueiam a confiança.


Caluniado, gritaste: “vingar-me-ei”.

E amparaste os que te guiam à crueldade.


Ferido, bradaste: “quero justiça”.

E ajudaste os que te furtam a tolerância.


Por isso mesmo, asseveras frequentemente:

— Morro de angústia.

— Enjoei de viver.

— A fadiga me vence.

— Tudo perdido.

— Nada mais a fazer.


Tentando justificar-te, recorres à filosofia de ocasião e repetes rifões e chavões antigos:

— A dança obedece à música.

— Faço como me ensinam.

— Seja virtuoso quem puder ser.

— Amanhã virá quem bom me fará.

— Tarde demais.

— Fiz tudo.

— Depois eu faço.

— Lavei as mãos.


Recorda, porém, que toda dificuldade é teste renovador.

Todos somos tentados na imperfeição que trazemos.

Queixa é fuga.

Impaciência é perigo.

Censura é auxílio ao perseguidor.

Revolta é força que apressa o crime.

Ataque é óleo no fogo.

Desforço é golpe que apaga a luz.

Desespero é chave ao ladrão.

Maltratado, busca o bem.

Injuriado, fala o bem.

Contrariado, procura o bem.

Traído, renova o bem.

Assaltado, conserva o bem.

A única fórmula clara e segura de vencer, no teste contra as influências inferiores, será sempre, o que for, com quem for e seja onde for, esquecer o mal e fazer o bem.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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