Seara dos Médiuns

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Capítulo LXXVIII

Fenômenos


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Reunião pública de 24 de Outubro de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


Ateus diversos pedem fenômenos que os constranjam a crer na evidência do Mundo Espiritual; no entanto, é forçoso convir que, se fenômenos ajudam convicções, não alteram disposições.

Nesse sentido, é justo assinalar que o Espírito encarnado sobre a Terra reside transitoriamente num corpo em cuja intimidade se processam transcendentes fenômenos anímicos, que ele, de modo geral, não procura auscultar ou compreender.

Para sustentar-se, tem o coração por bomba vigorosa e infatigável, pulsando cerca de setenta a oitenta vezes por minuto, mas levanta-se e age, à custa desse apoio, sem nada perguntar a si mesmo, quanto a isso.

Para respirar, usa os pulmões, semelhantes a filtros surpreendentes, com trabalho ininterrupto na oxigenação incessante do sangue; contudo, repara as próprias forças, a cada instante, sem ponderar nos prodígios da hematose.

Para pensar, conta com o cérebro, precioso maquinismo articulado por bilhões de células, a se definirem por funções especificas; entretanto, efetua as mais complexas associações de ideia, sem qualquer preocupação pelos mecanismos da mente.

Para ver, dispõe do olho, câmara fotográfica em cuja retina trabalham milhões de unidades celulares, com serviço determinado para as horas de luz intensa e para as horas de sombra; no entanto, enxerga espontaneamente, sem meditar nos poderes sublimes da visão.

Para escutar, possui o ouvido, notável caixa acústica a estruturar-se em compartimentos diversos, destinados ao registro dos sons, mas ouve sem a menor admiração pelo portento auditivo.

Para exprimir-se, traz consigo a laringe por verdadeiro instrumento musical, destinado à produção fisiológica da voz; contudo, expressa-se nas mais diversas línguas sem refletir nas maravilhas da fala.

Para onde se volte, a criatura humana encontra fenômenos e mais fenômenos a lhe requisitarem as faculdades de interpretação; no entanto, se ainda não procura apreender a espiritualidade que carreia por dentro de si mesma, como aceitará a espiritualidade que a desafia por fora?

Fujamos ao propósito sistemático de provocar fenômenos, com o objetivo de impor ao homem a certeza da sua sobrevivência além da morte, porquanto de fenômenos múltiplos o caminho que ele percorre está cheio.

Divulgando o estudo nobre e alicerçando as nossas palavras no exemplo, ajudemo-lo, tanto quanto possível, a simplesmente raciocinar.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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