Semeador em Tempos Novos
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Espíritas!
Reunidos no Terceiro Congresso Espírita Mineiro, recordamos nosso deveres básicos.
Num século apenas de atividade doutrinária, temos a mensagem do Espiritismo impregnando a cultura de todos os continentes.
Venerada no santuário religioso, é o renascimento da fé;
erguida à ideia dos condutores, é força do progresso;
acalentada no lar, é ajustamento da família;
conhecida nos tribunais, é inspiração da justiça;
incorporada ao magistério, é responsabilidade no ensino;
assimilada nas artes, é clarão de beleza imperecível, varrendo a névoa do túmulo;
analisada no laboratório, é demonstração positiva de imortalidade da alma;
e, conduzida ao seio da comunidade popular a que se destina, é a lógica da evolução e incentivo à fraternidade, instrução e consolo, esclarecimento e esperança.
Em vinte lustros de serviço, surpreendemo-la, palpitante, em todos os grandes empreendimentos do mundo, exalçando a dignidade humana e desentranhando das trevas da ignorância e do dogmatismo a divina liberdade do pensamento.
Entretanto, no transcurso dos últimos cem anos, vimos, igualmente, o monstro da guerra tripudiar, várias vezes, sobre o sangue das nações,
o ódio de raça entronizado pelas inquisições sociais e políticas,
os campos de concentração onde o crime e a violência assumiram o aspecto de legalidade perante as legislações mais cultas,
a ponta das baionetas alterando a feição geográfica do Globo,
a perversão da inteligência nos requintados engenhos da destruição e da morte,
o desvario das paixões extremistas,
o recrudescimento das indústrias do aborto,
o ateísmo dominante, buscando fazer do homem simples unidade econômica,
e, mesmo entre nós, o grave tentame de reduzir-nos a Doutrina de Luz a mero divertimento intelectual ou a deplorável sistema de exploração da energia mediúnica com a escravização das entidades de nosso convívio doméstico.
Observemos, assim, que todas as nossas conquistas do espírito, no presente, são frágeis revestimentos de superfície, quando confrontadas com o lastro espesso de sombra que trazemos de nossas próprias experiências, no passado multimilenar, e vigiemos, com desassombro e lealdade, a sementeira da Nova Luz.
Eis porque, transposto o limiar do segundo século de trabalho que nos compete, reverenciamos, convosco, o alvo estandarte da caridade sublime, a cátedra filosófica e o gabinete da indagação científica, mas lembrando, de modo especial, o impositivo do estudo crescente e metódico dos princípios de Allan Kardec, o apóstolo inesquecível da obra basilar, que constitui a chave para a compreensão dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus-Cristo, de cuja misericórdia verte o Espiritismo sobre a atualidade dos homens, com a excelsa missão de reerguer moralmente os povos atormentados da Terra.
Preservemos o alicerce, garantindo o equilíbrio e a segurança no desdobramento do edifício.
Sobretudo, saibamos viver em nós a lição que pregamos para que a nossa plataforma renovadora seja efetivamente o Evangelho do Senhor em constante ressurreição.
Arquitetos de nossos próprios destinos e senhores da nossa própria plantação no terreno das causas, sereis amanhã o que hoje somos — Espíritos desencarnados com aflitivos problemas a examinar — tanto quanto, de futuro, seremos o que hoje sois — Espíritos encarnados com difíceis problemas a resolver.
Nas primeiras horas de nosso ministério de redenção, exortou-nos o Espírito da Verdade:
— “Amai-vos! — eis o primeiro ensino.” — “Instruí-vos! — eis o segundo.” ()
E agora ousaríamos acrescentar:
— Unamo-nos todos na educação e na regeneração de nós mesmos com a obra do bem infatigável, a favor dos semelhantes, a fim de que, no alvorecer de cada dia, possamos abraçar o fiel cumprimento de nossas obrigações, exclamando em perenidade de alegria no entendimento da Vida Eterna: — Ave, Cristo! os que vão te servir te glorificam e te saúdam.
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