…Até o Fim dos Tempos

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CAPÍTULO 13

Ministério Desafiador

Somente um processo histórico com todas as suas implicações resulta em instalação profunda na consciência humana de uma Doutrina transformadora como a de Jesus.

Antes dele haviam passado pela Terra homens incomuns, estabelecendo diretrizes e propondo comportamentos revolucionários em relação aos hábitos e condutas vigentes então. Sofreram apodos, perseguições sem conto, desaparecendo uns na voragem dos preconceitos mórbidos e outros sucumbindo ao peso das ideias que sustentavam. Raros conseguiram implantar as bases do pensamento dignificante, capaz de alterar a linha de atividades dos seres, direcionando-a para as novas experiências iluminativas.

Todos, sem dúvida, foram os pioneiros audaciosos que se ofereceram para preparar o advento do Evangelho com seu conteúdo libertador de paixões e lutas criminosas.

Em chegando o momento da presença física de Jesus na Terra, era natural que se levantassem barreiras de aparente intransponibilidade, muito do agrado dos que esfalfavam nos gozos e amesquinhavam os ideais da humanidade com o seu poder transitório, desfilando nos carros soberbos da ignorância e da ilusão.

Exemplo máximo da Imortalidade, Jesus veio e os enfrentou, porém sabia das dificuldades que seriam experimentadas pelo pósteros que lhes desejassem ser fiéis, levando adiante os postulados por Ele preconizados e vividos.


* * *

Bailavam nas mentes e nos corações dos discípulos convidados para o apostolado da Boa Nova as melodias das palavras com que Ele emoldurara a convocação.

Zéfiros perpassavam pela Natureza, enquanto Sua voz altissonante permanecia repetindo as advertências, a fim de que não se iludissem, nem se permitissem sonhar com as facilidades, que nunca se apresentavam diante dos desafios transformadores dos costumes e das paixões amesquinhantes.

Dias de tumultos e de sofrimentos, aqueles eram também os que precediam à Era do Amor, que não se implantada senão através de sacrifícios e martírios.

Os homens estavam acostumados ao engodo das bajulações e da hipocrisia, o jogo perverso dos interesses lucrativos, mesmo que a prejuízo da dignidade e do bem.

Naquela oportunidade o Mestre os havia preparado para o combate incessante que haveria de travar, a princípio no mundo íntimo, adquirindo forças para novos conhecimentos, aqueles que teriam lugar nos enfrentamentos com as demais criaturas, especialmente os fariseus de todas as épocas, que se comprazem em viver às expensas do labor alheio, discutidores inveterados, mediante cujo ardil enganam e exploram os inadvertidos.

Sem dúvida, fazia-se mister predispor-se à renúncia aos bens terrenos, aqueles que enferrujam, que são transferidos de mãos e causam perturbação.

O indispensável seria a harmonia interior, vinculada à irrestrita confiança em Deus, porquanto, no momento da eleição daquilo que deveriam preferir, nenhum apego os vinculasse aos haveres transitórios, que são acumulados e logo se tornam peso insuportável sobre os ombros frágeis das criaturas que perecem na sombra do corpo para ressurgirem na luz inapagável da imortalidade.

Ninguém pode ambicionar o reino de Deus disputando os valores terrestres que acumula com avidez insaciável, nem consegue harmonizar-se no ideal da fraternidade, se não realiza o equilíbrio interior para vitalizar os ideais soberanos da vida.

Somente quem se afeiçoa ao verdadeiro bem é capaz de transpor os obstáculos colocados pelo egoísmo, sentindo a lídima solidariedade apossar-se dos sentimentos e espraiar-se como aroma de esperança em favor de todos.

A vivência evangélica, pois, é uma incursão aos domínios do deus interno, de onde se emerge no rumo glorioso de Deus.

É natural que as criaturas, mergulhadas no corpo denso, sonhem e busquem o prazer, a alegria que resulta da posse, da comunhão afetiva. No entanto, viver em função de tais anelos, é arriscado empreendimento que dificulta o despertamento para as realidades mais significativas da vida real.

Enquanto se permanece em estado de infância moral as coisas se apresentam como de fundamental importância, perdendo o significado vagarosamente, à medida em que se adquire maturidade psicológica, evolução espiritual.


Conhecendo em profundidade os Espíritos que houvera convidado para o ministério, Jesus esclareceu-os, dizendo:

—Não penseis que vim trazer a paz; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho da sua mãe e a nora da sogra, de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares.

Naqueles rostos curtidos de Sol e naqueles corações ingênuos o desafio soara como um estranho vaticínio de guerra sangrenta, de batalhas dilaceradoras, de combates insistentes contra os familiares e de todos com quem convivessem.

No entanto, fitando o Mestre que os envolvia em dúlcida vibrações de ternura, compreenderam que a Mensagem iria separá-los dos afetos mais queridos, gerando dificuldades nos relacionamentos, porque seria necessário investir no futuro do Espírito, mesmo que a prejuízo das alegrias presentes.

Quem, no lar, poderia compreender a doação de alguém na família com maior intensidade a Deus do que ao clã? Qual o afeto que estaria disposto a repartir a ternura que devotasse a outrem, ante um competidor que exigisse entrega total? Seria crível ser aceito aquele que renunciasse ao poder terrestre, perseguindo o gáudio metafísico da Espiritualidade?

A proposta de Jesus, realmente era como o fio da espada que separa, nunca para destruir, porém para voltar a unir mais tarde.

Naquele tempo, e por muito tempo, não poderiam caminhar dois interesses tão antagônicos como os prazeres que exaurem os sentimentos e aqueles que desgastam o corpo e as paixões convencionais para a vivência da plenitude.

Seria, sem dúvida, uma opção terrível aquela que eles, os convidados, deveriam fazer: prosseguir como até então ou alterar os ideais até as cumeadas da conquista de Deus.

Os homens e as mulheres do mundo está acostumados às respostas imediatas dos investimentos emocionais e físicos, de tudo quanto redunde em projeção e poder, da exaltação das vaidades e do domínio da força, destacando-se aqueles que lhes constituem a família.


* * *

Os homens e mulheres do mundo estão acostumados às respostas imediatas dos investimentos emocionais e físicos, de tudo quanto redunde em projeção e poder, da exaltação das vaidades e do domínio da força, destacando-se aqueles que constituem a família.

A nova ordem se inspira em uma família universal, em sentimentos de solidariedade, em atitudes de pacificação.

Num mundo de combates armados e ferozes estão excluídos os pacificadores e os geradores de esperança, porque eles dificultam o processo guerreiro de predominância dos temenários combatentes.

Mas esses - pacificadores e geradores de esperança - são perenemente os construtores da sociedade feliz, os alicerces das edificações nobres do Espírito, sem os quais a vida volveria ao primarismo do começo.

Ainda hoje, sem as excruciantes dores dos testemunhos que assinalaram os mártires da fé, no começo do Cristianismo, permanecem as palavras de Jesus como espada que separa as ligações enganosas do conúbio carnal, trabalhando sentimentos humanos, para que entendam a necessidade de integração nos postulados de sabor eterno.

As aragens dos Seus ensinos permanecem diminuindo a ardência das canículas dos desequilíbrios e das consequências na sociedade atormentada e inquieta destes dias insanos.

Amar em profundidade, saber selecionar interesses que devem e merecem maior soma de atenção, entregar-se à renovação íntima, a fim de suportar o testemunho que se derivam das incompreensões geradas no círculo das mais caras afeições, eis o início do ministério desafiador a que Jesus nos entregou a todos.

Suas palavras permanecem ecoando e o mundo não as tem ouvido, resultando na hediondez e no crime, na desenfreada correria por nada e na auto-entrega aos estados de depressão e de dor nos quais grandes grupos da sociedade hodierna se consomem.


Mateus 10:34-35




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Mateus 10:34

Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;

mt 10:34
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