…Até o Fim dos Tempos

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CAPÍTULO 3

Mediunidade - Vínculo de Luz

Permaneciam as dúlcidas emoções do inefável diálogo no qual o Mestre se desvelara aos amigos mais íntimos, que esse encarregariam de levar o ministério ao mundo, após a Sua partida.

As vibrações de luz inundavam os sentimentos e companheiros, algo aturdidos, que sem haverem podido penetrar o sentido profundo da revelação, deixavam-se embalar pela expectativa do paraíso próximo, quase ao alcance das suas possibilidades do momento.

Por certo, as interpretações eram diferentes, Judas 1scariotes, porque ambicioso, entendera que Ele restauraria o poder em Israel, conduzindo as rédeas da política, por enquanto, nas mãos de César, em Roma. O orgulho da raça predominaria sem qualquer aliança terrestre, porém com estreita vinculação com Javé. Tomé, que se inquietava sob o peso de dúvidas atrozes, mesmo após testemunhar os fatos que o exaltavam, ponderava interiormente como se a vitória do Messias sobre as legiões romanas e as tricas farisaicas, nas quais se debatiam os sacerdotes, os saduceus, os zelotes, todos eles formando partidos que se antegonizavam reciprocamente, disputando as transitórias glórias terrestres.

Mateus, João, Tiago, permaneceram inebriados, em doce expectativa a respeito do reino de Deus, que Ele viera instaurar, sem preocupar-se com as hegemonias terrestre.

Pedro, porém, ficara em grande tensão emocional, porquanto, iluminado em determinado momento, descambava para atitudes estúrdias, criando situações embaraçosas.

Em realidade, após haver enunciado que Ele era o Cristo, o Filho de Deus vivo, ouvira-O dizer, sem entender que ele era feliz porque não foram a carne e nem o sangue que o revelaram, mas o Pai que está nos céus. Isso equivaleria à informação de que o pensamento do Supremo Senhor fluíra pelos seus lábios, conferindo-lhe grandes responsabilidade. O peito ficou-lhe túmido de emoção e todo ele tremeu como varas verdes. Mas, o Amigo não silenciara, prosseguindo com o esclarecimento: Tu és Pedro, e sobre essa Pedra (a revelação da verdade acabara de enunciar) edificarei a minha Igreja e as portas do Inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo quanto ligares na Terra será ligado no céu.

Como entender a magnitude da tarefa que lhe era delegada? Ele sentia-se apenas um pescador daquelas águas piscosas, homem do mundo, frágil e áspero como as ocorrências do cotidiano.

O deleite durara alguns instantes, porque ao ser enunciada a tragédia que o aguardava, por ocasião do testemunho que Ele deveria dar, o temperamento intempestivo do pescador, de decisões rápidas, pareceu incendiar-se e ele, tomando-o de parte, começou a repreendêlo, dizendo: - Deus te livre de tal, Senhor. Isso não há de acontecer!


Retomando a postura de condutor e não de dirigido, o Mestre, com energia, retrucou: -

Afasta-te Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.

O diálogo fora rápido. Nem mesmo os companheiros que se encontravam mais próximos perceberam-no, exceto a face severa do Rabi que se encontrava contraída pela energia que desprendera.

Pedro assustou-se e recuperou a serenidade.

Tudo agora lhe parecia mais grave e complexo. Ele se dera conta do medo que o havia tomado e da força estranha que o induzira à atitude infeliz, como se fosse capaz de alterar a programação delineada pelo Senhor.

O Amigo, tomado de compaixão, esclareceu: - "Se alguém quiser vir a mim, renegue-se a sim mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se, depois, perde sua alma? Ou que poderá dar o homem em troca da sua alma?. . .


". . . Muitos dos que aqui estão presentes hão de experimentar a morte, antes de terem visto chegar o Filho do Homem com seu reino. "

Eram informações eloquentes e de altas consequências, porque falavam do testemunho, do sacrifício, da entrega total.


Naquela noite, quando as estrelas cintilantes como poeira de luz adornavam o zimbório, Pedro acercou-se do Mestre, que se encontrava sentado sobre algumas raízes de valha figueira, e porque houvesse permanecido sem entender a ocorrência, tomando de angústia, indagou com respeito:

—Serei eu, Senhor, Satanás, que me hei constituído um estorvo para o Teu santo labor? E se assim o sou, porque me entregaste a responsabilidade pela preservação das Tuas palavras, cuidando de ligar almas ao Teu messianato, que confirmas no céu?


O Amigo compassivo, que houvera percebido o véu de tristeza que ensombrecia a face do discípulo, esclareceu docemente:

—Simão, o homem na Terra é um canal por onde vertem a inspiração e o pensamento da Imortalidade, sempre em contato com os transeuntes do vale de sombras, a fim de que possam desfrutar de claridades espirituais e terem renovadas as suas forças. Nem sempre porém, a onda que envolve o ser é de procedência superior.


Fazendo uma pausa natural, a fim de que o humilde pescador pudesse apreender todo o significado da informação profunda, logo prosseguiu, esclarecendo:

—Quando me identificasse como Messias, meu Pai comandava o teu pensamento e foste instrumento de vida. Por isso te disse que não havia sido a carne nem o sangue, porque não se tratava de raciocínio, de uma conclusão do teu cérebro. A revelação te alcançava a mente em sintonia com a Verdade e te tornaste intermediário dela.

" Logo depois, porque o medo te perturbasse a razão, esquecendo-te de que a nossa é uma jornada para o sacrifício, que o cordeiro segue para o matadouro, a fim de que a Sua mensagem se perpetue pelo exemplo, foste instrumento de Satanás, o Espírito infeliz que procura ser estorvo em relação ao ministério de libertação das criaturas.

Já me viste expulsá-lo de vários enfermos e, não obstante, ele investe, infeliz e perturbador, ganhando adeptos no mundo, em contínuas tentativas de criar embaraços aos que andam em justiça e equídeoss.


" Certamente não me enfrenta, porque media entre nós um abismo de distância vibratória, no entanto, direciona sua onda mental, que é captada pelos que se fragilizam e temem a perda das coisas vãs do mundo. "

Fez um silêncio proposital, enquanto o discípulo luarizava a preocupação e dava-se conta do significado do ensinamento a respeito do intercâmbio entre os Espíritos e os homens, os vivos e os mortos, os visíveis e os invisíveis. . .


De imediato concluiu:

—Não me a ti, mas à força satânica que te utilizava, com o objetivo de intimidar-me, de fazerme desviar daquilo para o que vim, que é o holocausto, após as lições incessantes de amor.

Por isso, é necessário vigiar as nascentes do coração de onde procedem os bons como os maus pensamentos, a fim de manter-te em sintonia com o Pai e não com o espírito do mal.

Estava sancionada a mediunidade e o seu exercício lúcido. Pedro fora o exemplo excelente da sintonia psíquica com o Mundo superior que o inspirava na revelação, mas também com a Entidade perversa que se comprazia no mal.

Todos os ministérios de Jesus esteve assinalado pelas interferências espirituais de uma como de outra ordem, e não foi o motivo, que Ele foi denominado com Senhor dos Espíritos, em razão da Sua ascendência sobre todos eles que se comunicavam.

O Seu nascimento foi anunciado por seres angélicos através dos séculos que precederam à Sua chegada. Os profetas referiram-se ao Seu momento, como o da libertação e Ele foi esperado como o Eleito. Mas também, depois da Sua morte, ei-lo que retorna, confirmando a indestrutibilidade da vida, como igualmente o intercâmbio mediúnico.

E para tornar a definitiva a mensagem lúcida de intercâmbio entre as esferas de vibrações que se espraiam pelo Universo, seis dias do majestoso diálogo, Ele tomou Pedro, Tiago e João e levou-os ao monte Tabor, onde se transfigurou diante de Moisés e Elias, que passaram a dialogar com Ele, demonstrando a Sua superioridade moral sobre os mesmos e os companheiros singularmente impressionados com a Sua grandeza e autoridade espiritual.

Naquele ato, em que Moisés participava em espírito, o grande legislador hebreu também liberou a mediunidade e confirmou o relacionamento entre os Espíritos e os homens, sob as bênçãos sublimes de Jesus, que ali se apresentava como Médium de Deus.

Desde então, a mediunidade, que pode ser considerada como um novo arco-íris, que identifica a aliança simbólica de Deus com as criaturas humanas, passou a ser a ponte de luz sublime entre a vida e a morte, a Terra e os Céus.


Mateus 16:16-19




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Mateus 16:16

E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.

mt 16:16
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