A Vida Escreve

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Capítulo IX

Claudino e a lavoura


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Entre Barra do Piraí e a vila de Juparanã, no Estado do Rio, Claudino Dias, denodado seareiro espírita barrense, havia plantado grande milharal de parceria com um amigo.

O sócio, lavrador de prol, cuidava da gleba, e Claudino, que aceitara o negócio na intenção de ajudar uma instituição de caridade, financiava o cometimento.

De vez em vez, os dois, juntos, iam namorar a cultura viçosa de que as águas do Paraíba eram farto sustento.

Surgindo a época das espigas iniciantes, mãos anônimas começaram talando a roça.

— Sr. Claudino — vinha José, o sócio, notificar, dia a dia —, o produto está sendo surripiado. Alguém está fazendo comércio de milho verde, à nossa custa.

— José — recomendava o amigo —, vigie com critério. Se você apanhar o responsável, não faça violência. Dê conselhos…

E na manhã seguinte, José aparecia, renovando a denúncia.

Porque o resto do milho amadurecesse e o furto continuasse, numa noite de luar Claudino resolveu inspecionar a roça, ele mesmo.

Caminhou, em silêncio, quase uma hora, até que atingiu a margem do rio. Alguns momentos depois de zero hora, descansou, em prece, sob copada árvore.

Decorridos alguns minutos, notou que alguém quebrava o milho com discrição.

Tac… tac… tac… tac… Recordou o Evangelho e mentalizou as palavras que iria dizer. Não feriria o irmão que aproveitava a noite para roubar.

Avançou devagarinho… Mas, a poucos metros, vê o intruso.

É o próprio parceiro da lavoura, arrancando espigas, despreocupado.

Claudino recua.

Ele, que desejava surpreender, não quer ser agora surpreendido.

Compadece-se do amigo e afasta-se em silêncio.

No dia seguinte, o sócio vem de novo comunicar-lhe que a roça estava sumindo…

— José — diz o companheiro, em tom paternal —, realmente a lavoura tem dado a você muitos problemas e prejuízos, mas desejo ajudá-lo. Não precisa pensar em mim. A plantação é toda sua. De hoje em diante, você é o dono. Pode agir à vontade…

— Oh! Oh! Muito obrigado. O senhor é um santo… — falou o amigo.

E continuou:

— Agradeço muito, mas queria convidar o senhor para plantarmos dois alqueires de amendoim.

Claudino sorriu e respondeu:

— Muito grato pelo convite, mas agora não posso. Meus deveres são muitos.

E ante o amigo desapontado, concluiu:

— Mas Deus é sócio de todos nós e estará com você…



(Psicografia de Francisco C. Xavier)



Hilário Silva
Francisco Cândido Xavier


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