Capítulo XIII

Luís Fernando Botelho de Moraes Toledo

Querida mãezinha Dalila e meu pai Carlos, peço-lhes para que me abençoem junto com meus irmãos José Carlos e o querido irmão caçula, e rogo a Jesus fortalecer-nos a união.

Mãe querida, peço-lhe não chorar com tanto desespero. Recebo suas aflições tentando decifrar os enigmas que nos induziram ao desligamento do corpo físico. Entreguemos os nossos problemas a Jesus que nos clareará o entendimento.

Estou bem, não obstante compreender que caí na armadilha do mal. Refiro-me ao meu infortúnio supondo que a vida terminasse com a morte. Estava consciente quando atirei sobre mim mesmo. Perdoem-me o gesto de loucura. Acordei aqui dentro de uma névoa densa que ainda não se desfez.

Estou bem porque confio na bondade de Deus e prometi a mim próprio que não atrairia em minha cabeça qualquer pensamento de revolta, confiando-me ao Amado Jesus que veneramos tanto, sem traduzir o nosso reconhecimento em trabalho que signifique a nossa fé. A minha luta ainda é muito grande. A primeira concessão que estou recebendo é a de vir ate aqui, perante uma assembleia que não conheço, no entanto constituída por pessoas amigas que não me recusam o acesso.

Querida mãezinha, sou eu quem pergunto: Onde está Rosângela? Como dialogar com Heliana sobre as nossas provações? Como reaver o sorriso de Mariana, de nossa menina inesquecível? Estou cansado e doente ainda. O projétil me desequilibrou a vida mas não encontrei pessoa alguma, das muitas que me cercam aqui, capaz de condenar-me. Rogo a meu pai e aos irmãos queridos que me auxiliem, reconhecendo que a vida harmônica não está na morte provocada e espero que todos não deem a si mesmos a ideia de suicídio.

Vivam, trabalhando confiantes em Deus e sempre mais felizes. Ainda não recuperei toda a minha capacidade de lucidez e sigo adiante em meu tratamento, na certeza de que Deus, nosso Pai, a ninguém abandona.

Agradeço-lhes o que puderem fazer em benefício de nossa Mariana que desejo possa crescer sem ódio e sem mágoa, e sei que mãezinha atenderá no que estou pedindo. Por enquanto, meu cérebro está atormentado pelo desejo de encontrar os que amo. Creio que isso nos tomará tempo e aprenderei com paciência a reconstrução da minha própria existência, que eu mesmo danifiquei num momento de insânia. Minha grande decepção ao chegar aqui, foi a verificação de que a morte não existe como pensamos; isso me doeu profundamente ao orgulho de homem que conhece tão pouco da verdadeira vida. Fui socorrido por um benfeitor que me recomendou chamá-lo por irmão Botelho, acentuando que fora no mundo o meu bisavô. Como podem imaginar, estou necessitado de todos os recursos elementares da vida física que destruí em mim próprio.

Não me faltam proteção e auxílio, embora saiba que nada fiz ainda para merecê-los. Mãezinha, rogo à sua fortaleza não valorizar os comentários negativos em torno de meu gesto infeliz. Se alguém me acusar, rogo-lhe com humildade esclarecer que estamos implorando uma oração em nosso favor e que, conquanto eu mereça censura, não estou desligado da fé em Deus.

Não posso escrever mais, porque estou numa faixa de tempo que a generosidade do irmão Botelho conseguiu em meu benefício. Mãezinha, tranquilize o seu amoroso coração e recorde que as suas preces em meu amparo foram as primeiras luzes que me retiraram da sombra.

O que foi feito dos meus companheiros de provação, nada sei ainda. Estou a encontrar comigo, pouco a pouco.

Quando estiver na condição de auxiliar, tomarei junto de meu coração a nossa querida Mariana, compreendendo que ela nada fez para receber a triste ocorrência que está ainda no meu pensamento.

Mãezinha, ore por mim sem desespero. Vou melhorar e creia que seu filho se fará digno do amor de seus pais.

Estou reaprendendo as preces que o seu carinho de mãe nos ensinava, quando éramos crianças em suas queridas mãos: “Pai nosso que estás nos Céus…” Essas palavras estão incrustadas em minha memória.

Abraço aos queridos irmãos e ao meu pai que tudo fizeram por ajudar-me e rogo a sua bondade receber no coração as lágrimas de reconhecimento e de amor do seu filho, que cresceu entre os meus dois irmãos, perdoando-me a frustração e amparando-me nas orações, na certeza de que seu filho não morreu e trabalhará para refazer-se e tornar-se digno do seu beijo de luz. Sempre o seu filho reconhecido,



(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião publica do Grupo Espírita da Prece, na noite de 13/4/91, em Uberaba, MG.)


ESCLARECIMENTOS

Luís Fernando Botelho de Moraes Toledo

Nascimento: 21/8/1961

Desencarnação: 29/10/1990


Pais:

Carlos de Moraes Toledo e Dalila Cleopath Camargo Botelho de Moraes Toledo. Rua Riachuelo, 815; Piracicaba, Est. de São Paulo. CEP 13400-510


José Carlos Botelho de Moraes Toledo e Sérgio Luís Botelho de Moraes Toledo: Irmãos.

Bento Dias Botelho: Bisavô materno

Heliana Aparecida de Moraes Coelho: Ex-esposa.

Mariana Coelho de Moraes Toledo: Filha.

Rosângela Packer: Amiga



Luís Fernando
Francisco Cândido Xavier


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