A volta
Versão para cópiaManoel Paulo Monteiro
Querida Rozina, o Senhor nos proteja sempre.
Não tenho para trazer a você outra notícia melhor do que esta: estou melhor e mais forte.
Não pensava que houvesse para cá de nossas atividades na vida física, os cuidados minuciosos que recebemos aqui na Espiritualidade para a restauração de nossas faculdades, no corpo espiritual. Estimaria comunicar a você e ao nosso querido Paulinho todas as observações que vou anotando.
Estou passando por revisões na área cardíaca, a fim de que se complemente a minha recuperação; como, não posso definir e nem descrever. Célula por célula do meu mundo cardíaco estão sob tratamento adequado.
Muitas são substituídas por outras, revitalizando o meu corpo novo. Não tenho o idioma dos médicos para clarear estes apontamentos. Estudo isso em mim próprio e em muitos companheiros do meu novo estágio de existência.
Tão só por esta razão não me arrisco a falar de detalhes. Você concluirá comigo que não me era mais possível viver naquele meu escafandro que o desgaste desfigurava.
A dificuldade maior foi aceitar a separação. Éramos nós dois complementos um do outro.
Eu não sabia afinal, se eu refletia com a sua cabeça e ignorava que somente escolhas e opções eram por seu sentimento. Esse foi o meu problema. Demorei a compreender se estava largando de mim mesmo ou de você, tamanha, graças a Deus, foi a nossa comunhão recíproca.
Estranha ocorrência: eu não sabia se eu era você ou se você era eu. Esse entrosamento se revelava tão grave, que não conseguia identificar se as suas lágrimas me caíam dos olhos ou se as que eu próprio derramava eram nascidas do seu coração de companheira.
Os amigos, com Dr. Alcides à frente, faziam o máximo para que eu despertasse do estranho pesadelo de que fora acometido. Tantos deles me refaziam as forças!… Entretanto, ao vê-los e ouvi-los não conseguia penetrar no sentido do reconforto que me dirigiam.
Pareciam-me alucinados, quando o alucinado, no caso, era eu mesmo. Não entendia o que desejavam que eu fizesse, a favor de mim próprio. Acabavam os diálogos que me oferecia .m, com o pranto forte da saudade a me doer no íntimo, porquanto você e nosso Paulinho, os nossos queridos netos e os amigos mais íntimos estavam corporificados em minha memória de tal maneira que as imagens de minhas recordações se intrometiam em meus propósitos de alcançar o entendimento de minha própria situação.
Tudo era nebuloso em meu cérebro e eu não dispunha da ótica para situar-me convenientemente perante a lógica de meus amigos, ao tentarem me arrebatar da depressão em que entrara e eu sofria com isso de tal modo que unicamente você, mesmo agora, poderá compreender-me.
A saudade, no Além, é uma doença que não cabe em minhas possibilidades de explicação. Graças à Bondade de Jesus, você me auxiliou, auxiliando-se. Isso estava certo.
Meu raciocínio, aí mesmo no mundo, estava amarrado no que você pensasse. Não encontro outras palavras para comentar o fenômeno.
Graças a Deus, você aceitou a minha necessidade de você mesma para desapegar-me das ideias em que já havia fixado. Você aceitou os Desígnios de Deus na cartilha de nossa fé e descobri, eu mesmo, a nova dimensão em que me achava. Somente aí, chegado à maior compreensão é que os benfeitores daqui me puderam socorrer com o tratamento que eu necessitava.
Agora, minha vida é a nossa vida conjugada uma com a outra. A sua força mental, para o acolhimento das realidades em que vivíamos unidos no mesmo compartimento espiritual do sofrimento, ampliou a minha capacidade de resignação na renovação das energias e posso, de momento, afirmar-lhe que estamos em melhores condições. A nuvem passou e conseguimos ver claramente.
Agradeço a você por todo o seu esforço e guardo os seus pensamentos por minhas próprias ideias, e posso voltar ao nosso Regeneração com os nossos entes queridos e nossos amigos com os meus próprios sentimentos renovados.
Como sempre: devo tudo de bom que eu possa ter a você própria e peço aos Mensageiros Divinos para que a alegria e a paz estejam conosco sem alteração.
Agradeço à nossa querida Leda pela cooperação em nosso benefício, agradecimento que torno extensivo a todos os nossos irmãos da instituição que nos foi concedida — o nosso Regeneração — por lar espiritual em que nos renovamos e nos fazemos melhores.
Não sou tão sentimental como desejaria ser, mas peço-lhe abençoar nosso Paulinho, a nora e os netos queridos por mim.
Meus pais e Dr. Alcides estão comigo e endereçam a você muito carinho, participando de minha gratidão. Receba, pois, companheira sempre querida e sempre necessária à minha felicidade, tudo o que possa significar o coração do seu, sempre seu,
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, a 28/5/1992, em Uberaba, MG.)
ESCLARECIMENTOS
Manoel Paulo Monteiro, bacharel em Ciências Contábeis, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, a 28/8/1926. Deixou o Plano Físico a 8/2/1991, no Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, SP, em decorrência de grave complicação no pós-operatório de sua segunda cirurgia cardíaca. Na época de seu desenlace, desempenhava a função de 1° Tesoureiro do Grupo Espírita Regeneração, centenária instituição do Rio de Janeiro.
Pais: Albino Mendes Monteiro e Anna Gonçalves Monteiro, ambos desencarnados no Rio, RJ, respectivamente em 19/3/1983 e 1/5/1958.
Esposa: Rozina Martins da Costa Monteiro, residente à Rua Caruso, 31, apart. 102, Tijuca. CEP. 20270-220; Rio de Janeiro. Tiveram uma convivência conjugal das mais felizes, ao longo de 37 anos, que explica a “estranha ocorrência: eu não sabia se eu era você ou se você era eu”, relatada em sua mensagem mediúnica.
Dr. Alcides: Dr. Alcides Neves Ribeiro de Castro, médico, hoje Benfeitor Espiritual, foi presidente do Grupo Espírita Regeneração (de 1948 a 1964, quando desencarnou) e seu padrinho de casamento.
Paulinho: Dr. Paulo César da Costa Monteiro, seu filho único, é médico-cirurgião do Hospital Jesus, no Rio de Janeiro.
Nora: Emiko Yuda Monteiro
Netos: Arion Shodi e Hudy Kenji, de 8 e 7 anos de idade.
Leda: Dra. Leda Pereira da Rocha, sua madrinha de casamento, é atual presidente do Grupo Espírita Regeneração.
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