Adeus Solidão

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Capítulo XVI

Sidney Fava


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Filho de Valdemar Fava e Neyde de Sá Camboa Fava, o jovem Sidney Fava nasceu no dia 21 de fevereiro de 1960, em São Paulo, aí falecendo, aos 16 anos, vítima de acidente de trânsito, na tarde de 7 de novembro de 1976.

Dinâmico, lutador, ainda muito jovem já trabalhava durante o dia e estudava à noite.

Quando faleceu, tinha o curso ginasial completo e preparava-se para o vestibular na Escola de Cadetes da Força Aérea Brasileira.

Sobre a mensagem do filho, assim falou-nos a genitora, D. Neyde:


DEPOIMENTO


“Não me conformava com a sua repentina partida de forma tão brusca e queria, pelo menos, uma despedida com algumas palavras.

Fui, por três vezes, a Uberaba e em abril de 1977, 5 meses após o falecimento, nosso filho voltou pelas mãos de Chico Xavier.

Finalmente minhas preces foram ouvidas e recebi uma mensagem que aliviou-me o coração e a alma.

Hoje, sinto-me bem melhor, graças a Deus e a Francisco Cândido Xavier, a pessoa a quem recorri na hora da dor.”


MENSAGEM


QUERIDA> MÃEZINHA, sou seu Sidney, pedindo a sua bênção.

Mamãe, venho com a tia Cândida e com o vô Manoel, muito indeciso ainda de minha parte.

Estou ligado à sua dor e à sua saudade, como a chama numa vela.

Seu sofrimento é meu, suas lágrimas estão em meus olhos, desde novembro, quando acordei na escola-hospital, onde vivo.

Eu não sei se sou a senhora ou se a senhora se transformou em seu filho, porque não desejo vê-la sofrer tanto, porque não desejo ver o meu pai com tanto vazio no coração.

Mãe, perdoe tudo, ninguém teve culpa; se eu pudesse, queria ajoelhar-me aos seus pés e aos pés de meu pai e pedir pelo nosso amigo Derly.

Mamãe, eu estava distraído, pensando nos estudos e, com certeza, não vi que o veículo se aproximava.

Mamãe, tudo foi rápido. Os que me ensinam aqui a necessidade de esquecimento, me dizem que tudo devia acontecer como aconteceu.

Escuto seus pedidos nas orações: se você existe, conte meu filho, conte à sua mãe o que houve! venha falar-me, Sidney, você sabe que tudo esperávamos de você.

Mãe, se me fosse possível, nestas horas de sua luta maior, eu queria entrar em seu coração querido, para refazer a sua paz.

Existo, sim! mas, estou sem meios de seguir adiante, porque eu preciso, mãezinha, que você e meu pai perdoem a vida e perdoem a todos os que estiveram no caso de minha provação.

Nossos amigos do Tatuapé não tiveram culpa e, se o nosso irmão Derly não aparece tanto, como desejávamos que ele estivesse ao seu lado, ao lado de papai e de nossa Elizabeth, é porque ele também sofre.

Mãezinha querida, pense que poderia ser eu, seu filho, no volante…

Se tivesse acontecido a ocorrência sob minha responsabilidade, você teria a certeza de que eu nada teria feito conscientemente. As máquinas hoje são muitas, e dizem aqui os professores que encontrei, que as nossas dívidas de existência do passado são também numerosas.

Peço-lhe de joelhos! Perdoe e perdoe sempre, o mesmo rogo a meu pai, porque temos muito a fazer.

Não é só a Elizabeth a esperar por nós, são os outros que sofrem. Mamãe, eu não sei o que está acontecendo com seu filho, parece que a nossa casa ficou maior, que as pessoas em sofrimento que eu não via, são também nossas e que a gente sofre para aprender a enxergar a vida. Mãezinha, você que é tão compreensiva e tão generosa, você e papai que sempre me deram tudo aquilo de que eu necessitava, ajudem seu filho a libertar-se de lembranças que devo esquecer.

A saudade com a sua mágoa em torno de alguém é uma carga que pesa muito.

Mãe, eu preciso de sua alegria e de sua saúde; eu queria escrever muito, mas estou ainda quase como naqueles dias de nossa separação.

Ouço suas preces, os seus pedidos a Deus, escuto o que você pergunta — Por quê. Por quê?, mas muitas respostas da vida, eu creio que só teremos com o tempo; no entanto, mãezinha, sabemos que Deus é amor e providência, que Deus não nos abandona.

Às vezes, sinto a sua mágoa envolvendo meu coração, como se eu tivesse dentro de mim uma nuvem de lágrimas.

Mãezinha, suas forças e sua compreensão serão fé e existência em meu pai. Não me sintam ausente para sempre, não creiam que houve um adeus entre nós.

Rasgou-se o corpo, como se estraga um uniforme para a vida escolar, mas eu mesmo estou vivo e partilhando as suas preces e tentando respondê-las.

Mamãe, ajudemos aos outros meninos. Agora penso mais nos que se dirigem para os estudos, de cabeça ocupada com os livros e com a necessidade de atravessar as praças e ruas de movimento.

Mãezinha, auxilie-me a trabalhar, esquecendo o que se passou e só o trabalho do bem, no bem para os outros, é capaz de ajudar-nos nesse esquecimento necessário.

Ainda estou muito fraco, mas pedi tanto para escrever que não me negaram essa possibilidade, porque você de novembro para cá ficou doente e sem forças.

Seu filho quer vê-la tão bem como antes, muito alegre e muito bonita, parecendo irmã de seus filhos e noiva de meu pai.

Mãezinha, lembre-se de que a sua alegria será nossa alegria. Perdoe-me, se me expresso sem forças para falar tudo quanto desejo, mas estou ainda muito ligado no que aconteceu.

Agradeço as orações dos nossos e agradeço a você pelo imenso amor de suas preces e de suas flores em minha intenção.

Vou terminar esta carta, repetindo para você — Fique tranquila, mamãe, pois tudo está bem.

Um beijo em nossa Beth e um abraço ao papai. Mãezinha, ore por mim, pedindo a Deus me faça tranquilo para progredir e saber estudar e escrever com mais segurança e mais segurança.

E de coração em seu coração, peço para colocar minha cabeça mais cansada em seu colo e dizer que estou feliz.

E saiba que seu filho lhe guarda as mãos com carinho, como sempre, em minhas próprias mãos, e abraço a sua ternura de mãe com um beijo de todos os dias, em que beijava Deus em você.

Seu filho, sempre seu, sempre seu,

Sidney
Sidney Fava

17.04.1977.


Caio Ramacciotti

Maria Cândida Peres Júlio, tia materna, falecida em São Paulo a 16 de abril de 1974, com 75 anos. — Manoel de Sá Camboa, avô materno que deixou nosso convívio aos 59 anos, no dia 17 de setembro de 1954.

Vizinho, amigo da família que infortunadamente atropelou o Sidney, em involuntário acidente.

Bairro de São Paulo onde residem os pais do Sidney e também o Sr. Derly.

A irmãzinha, Elizabeth Fava, contava 5 anos, quando Sidney faleceu.



Sidney
Francisco Cândido Xavier


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