Alma e Vida

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Capítulo I

Regresso de Simão Pedro


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Simão Pedro desperta, além da vida humana.

Retoma, pouco a pouco, as forças da memória.

Terminara, por fim, a luta insana

Do flagelo por grande pesadelo.

Recorda a cruz do fim, levantada ao avesso,

Que aceitara na Terra por vitória…

Sabe que está no Além, pensando em recomeço

Do próprio apostolado…


Onde estaria o Mestre Sempre Amado?

E os outros companheiros

De ânimo nobre e forte,

Que o haviam, no mundo, precedido,

Sob a perseguição sem pausa e sem sentido,

Ao encontro da morte.


A brisa da manhã suave e cristalina

Trazia-lhe perfume ao leito novo e alvo…

Indagava Simão: “Que surpresas teria?”

Tocou o próprio corpo, achou-se são e salvo

E chorava, enlevado, em suprema alegria…


Alguns instantes mais e ouviu, enternecidamente,

Cânticos de louvor e saudação;

Alguém surgiu à porta, de repente,

Envolto em doce luz

A doar-lhe conforto e proteção…

Pedro entendeu quem era e bradou-lhe: “Jesus!”


Erguendo-se, em seguida,

Leve e ágil, gritou: “Ave, Senhor da Vida!…”

Cristo abeirou-se dele, a enlaçá-lo sorrindo,

Depois vieram outros companheiros,

Instrutores, amigos, mensageiros,

Do júbilo fazendo o festival mais lindo…


Pedro enxergou, feliz, os vergéis exteriores…

Eram jardins imensos,

Recheados de flores.


Em profunda euforia,

O ditoso Simão

Tomou a si a mão

Que Jesus lhe estendia

E disse, quase em pranto:

— Senhor; estou cansado,

Não mais me distancies de teu lado…

Trago comigo a dor

Dos que moram no mundo,

Aquele imenso caos, cada vez mais profundo,

De penúria, fadiga e sofrimento…

Não desejo perder as luzes que hoje alcanço,

Permite-me, Senhor ficar contigo,

Neste celeste abrigo…

Necessito de paz, de socorro e descanso…

Louvo a ti por me buscares…

Deixa-me nestes bosques estelares…

Ao mundo de onde venho,

Pelas tribulações padecidas no lenho,

Não mais quero voltar…

Desejo aqui viver contigo, neste lar…


Mas Jesus apontou-lhe o imenso espaço à frente

E falou-lhe a sorrir:

— Fica, Simão, se estás contente…

Estes sítios são teus,

Tanto quanto de todos os irmãos

Que serviram, na Terra, à bondade de Deus…


Cristo fez pausa e, logo após,

Explicou: Quanto a mim,

Não posso repousar;

A construção do bem é o meu lugar…

Ouve, Simão!… Enquanto

Houver na Terra um só gemido

Numa gota de pranto,

Enquanto houver no mundo um coração caído,

Devo esforçar-me por permanecer

No trabalho do amor que é meu dever…

Mas, descansa, Simão!… Ver-nos-emos depois,

Nunca houve distância entre nós dois…


Afastou-se Jesus,

Entretanto, Simão fitando o Excelso Amigo,

Bradou sem vacilar:

— Senhor, eu vou contigo!…


No passo firme do Divino Mestre,

Ambos se retiraram das Alturas,

Buscando a direção das faixas obscuras

Da vastidão terrestre…


Na retaguarda, em paz, ficou a multidão

De almas angelicais, numa doce canção,

Cujo estribilho recordava

Esta expressão de luz dos hinos galileus:

— “Louvado seja o amor!… Bendito seja Deus!…”


.Maria Dolores



.Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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