Alma e Vida

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Capítulo IV

A alegria de Jesus


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Ele, homem de fé,

Ouvira alguém dizer, um dia,

Que Jesus, em legando a paz ao mundo,

Também deixara aos homens,

Junto à bênção da paz, em sentido profundo,

O dom celeste da alegria.

A calma ele encontrara esquecendo as ofensas

E cumprindo o dever que lhe cabia.

No entanto, onde encontrar o júbilo do Mestre,

Entre as contradições do caminho terrestre?


Buscou sinceramente o serviço das crenças…

Todas elas traçaram

A senda nobre e reta,

Mostrando a fé por meio e os altos Céus por meta,

Mas, muitos dos fiéis, quase em todos os cultos,

Eram tristes, amargos, sofredores;

Pediam proteção, chorando as próprias dores,

Fossem jovens ou adultos,

Em vasta maioria,

Oravam tão somente a rogar e a gemer,

Pouca gente sabia agradecer

Ao chão que lhes doava água, apoio e comida,

Nem pensar na grandeza

Da própria natureza

Que lhes acalentava os dons da vida.


Onde estava a alegria de Jesus?


Ele foi procurá-la

No cimo da montanha,

Entretanto, a montanha em plena luz

Que o Sol lhe endereçava em raios cor de opala,

Era bela e altaneira,

Mas lamentava os temporais

Que lhe abriam no corpo as chagas da erosão.


Foi ao vale a se abrir em pompas naturais

Na beleza das flores…

O vale era um jardim de perfumes e cores,

Mas censurava as larvas que o feriam…


Ele foi consultar

As áreas de um pomar,

As árvores mais fortes e mais belas

Talvez fossem as altas sentinelas

Da divina alegria…

As árvores, porém,

Todas vestindo em verde, alegres e felizes

Sobre os sapatos das raízes,

Davam a quem passasse os próprios frutos,

Entretanto, queixavam-se do vento,

Que lhes quebrava o corpo, ao furacão violento.


O homem foi ao mar…

O oceano que se reconhecia

O gigante maior; existente no mundo,

Expressava-se em cólera sombria,

Talvez gritando a dor em que vivia,

Por ocultar, no próprio fundo,

As vítimas de guerra

E os resultados da pirataria…


Ele peregrinou, quase que em toda a Terra,

Sem achar a alegria de Jesus.


Numa noite, porém, chuvosa e fria,

Lobrigou na calçada

Um velhinho caído sem ninguém…

Sofreu ao ver-lhe o peito e os braços nus;

Não quis saber quem era…

Ali estava alguém

Que devia tratar qual se lhe fosse irmão.

Conhecia um telheiro próximo e vazio,

Podia socorrê-lo e livrá-lo do frio.

Tomou-o com cuidado,

Aconchegando ao peito o infeliz desmaiado;

No entanto, ao dedicar-lhe a máxima atenção,

Sentindo que lhe ouvia o próprio coração,

Notou que lhe nascia

No âmago do ser um júbilo profundo

Associado à paz de que se revestia.

Ao transportar o pobre ancião,

Ele reconheceu que descobria,

Sob o calor de estranha luz,

Em sublime alegria,

A celeste alegria de Jesus.


Desde então, muito embora

Cumprisse as obrigações de cada hora,

Em todos os sentidos,

Fez-se o irmão dos caídos…

Carregava esses pobres companheiros

Que encontrasse na rua

Para abrigos, refúgios e telheiros.

Não só isso,

Doava sempre a quem necessitasse

A própria prestação de apoio e de serviço…


O tempo desgastou-lhe o corpo alterado e doente

Ele, porém, sentia-se feliz,

Servindo sem cessar

Na mesma diretriz.


Numa noite, entretanto, ele caiu,

Ao carregar um ébrio desditoso…

Estirado no pó, quase que num instante,

Viu-se fora do corpo enfermo e idoso…

Sob dor lancinante,

Qual se agudo punhal lhe traspassasse o peito…


Fitou o antigo corpo imóvel,

Conquanto fraco, embora,

Usufruía agora

Um corpo mais perfeito.

Sentiu-se um tanto inquieto… O que seria?

Mas alguém se mantinha de vigia…

Era um homem trajando um manto acolhedor

Que lhe estendia os braços num sorriso

Feito de paz e amor…


E ele que carregara tanta gente

Viu-se, então, transportado, de repente,

E esquecendo a doença, o desgaste e o cansaço,

Notou que resguardado com carinho,

Ele e o homem de luz

Subiam juntos para o Grande Espaço…


Que se passava ali? O que haveria?

Ele não quis saber… Repousava e seguia

Nos braços que o guardavam,

Atento ao benfeitor que o conduzia;

Ele sabia apenas

Que atravessava as regiões serenas

Da Altura recamada

De branda e extensa luz

Buscando o Grande Além, chorando de alegria,

Na celeste alegria de Jesus.


.Maria Dolores



.Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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