Antologia da Espiritualidade

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Capítulo XVI

Sofres


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Sofres agravo e injúria, a golpes no caminho;

Entretanto, alma boa,

Se queres carregar as chagas dolorosas

Como espinhos de dor, recobertos de rosas,

Ama, serve e perdoa.


Sofres a ingratidão dos que estimas no mundo,

Arde-te o coração em sofrimento e chama,

Mas se anseias fazer das lágrimas que choras

Estrelas, orações, risos e auroras,

Perdoa, serve e ama.


Sofres angústias mil pelo ideal que abraças,

Na fé que te abençoa;

Se desejas, porém, achar na mágoa que te alcança

A fonte de água viva da esperança,

Ama, serve e perdoa.


Sofres acusações indébitas na estrada,

Em rajadas de pedra a desfazer-se em lama;

Se procuras, no entanto, a paz e a luz da escola.

Pela luta do bem, ao fel que desconsola,

Perdoa, serve e ama.


Em toda provação que o mal te arme na vida,

Se buscas transformar a sombra que enodoa

Em lições de bondade e canções de alegria,

Perdoa, serve e ama, em tudo, dia a dia,

E seja com quem for, ama, serve e perdoa.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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